...
Nosso visual é muito parecido
Mas, nós não somos muito parecidas
Eu sou berrante- reclamando
Ela é séria- ela está séria
Nós somo totalmente- toalmente
Diferentes- diferentes
Gêmeas idênticas...
1966
Gêmeas?
Como podemos ser gêmeas?
Não é suposto que irmãs gêmeas sejam realmente...idênticas?
"Gosto da cor amarela.", Resmungava Nellie, a medida em que mamãe remexia no guarda roupa na busca pela roupa perfeita que agradasse aos gostos requintados da minha irmã. "Combina com o meu cabelo."
Não é preciso dizer que revirei os olhos pela quinta vez naquela tarde - sem me deixar abater pelas reprimendas de mamãe sobre esse tipo de atitude rude.
Nós não éramos nada parecidas. Tirando algumas características físicas, nós éramos como água e óleo, no mesmo espaço por muito tempo, mas não nos misturando.
"Vocês são idênticas!", Dizia tio Ridgel, a cada visita que fazíamos a sua casa.
Mas como levar Ridgel Quinn a sério quando ele ostentava sobre seu nariz e olhos um óculos fundo de garrafa, tamanha cegueira que possuía?
"Nellie, o que está fazendo?"
Sentada na mesa da sala de jantar, curvada sobre folhas brancas, minha irmã apenas para os olhos para mostrar que havia me escutado e que não poderia conversar pois sua atividade no momento, a pintura, era mais importante do que conversar.
"Nellie.", Insisti.
"Estou colorindo.", Ela suspirou em chateação, balançando o lápis azul no ar. "Quer pintar também, Ed? Tenho algumas folhas extras! Só se lembre de apontar os lápis sempre que a ponta acabar."
"Não.", Neguei horrorizada por pensar na possiblidade de perder uma tarde tão agradável dentro de casa. "Vou ir ao forte com Attie, ele ganhou um novo baralho de Snap Explosivo!"
Sem esperar por sua resposta, apressei-me em sair de casa temendo que ela insistisse pela minha presença. Desde que Nellie descobriu as limitações que a asma a restringia, passei a sentir cada vez menos empolgação de brincar com ela. Ela não podia correr, não podia brincar de esconde-esconde, não podia entrar no lago no verão e também não podia subir as arvores.
Essas eram todas as coisas que me divertiam.
Então passei a brincar com ela só quando chovia - e mamãe não me deixava sair de casa -, e a noite.
Mas mesmo assim, nunca chegávamos a um consenso do que brincar. Cartas explosivas ou xadrez.
Como podemos ser gêmeas?
Será que ao nascer, Nellie foi levada por aqueles homenzinhos verdes que os trouxas tanto dizem avistar nos céus e nos milharais?
"Gostaria de chá, Nellie?", Mamãe perguntou, a medida em que distribuía as xicaras de porcelana entre os membros da família, reunidos na sala de estar.
Minha irmã concordou com um aceno, seu rosto sempre apático mesmo diante do sorriso amoroso de mamãe.
Bufei em zombaria, ajeitando-me sobre o sofá desconfortável.
"Chá é tão sem graça!", Resmungou Bhaltair, espalhado sobre o carpete da sala - mesmo depois de mamãe propositalmente pisar em seu cabelo.
"Diz o viciado em cafeína.", Brincou Declan, depois de agradecer pela xícara estendida para ele.
Assistindo a cena caseira e ao mesmo tempo sofisticada, que se repetia todas as vezes em que meus irmãos retornavam para casa, senti grata por não ser o alvo das atenções no momento. Minha localização instantânea era apenas me manter invisível junto a uma enorme mancha de lama na barra de meu vestido.
Nem de roupas limpas viverá a criança que gosta de pular em poças de lama.
"Edwina!", O chamado esganado me fez perceber que alguém, sim, notara o estrago em meu vestido. "Seu vestido esta todo sujo. Por onde tem andando, menina?"
Outros pares de olhos voaram de suas bebidas para a barra de meu vestido, nenhum vestígio de surpresa surgindo em seus rostos. Posso jurar que Bhaltair sorriu de canto, antes de tentar disfarçar olhando para o teto.
Apalpei a minha saia com timidez simulada, porque não era louca o suficiente para entregar o pequeno acidente na poça de lama. "Aconteceu algo horrível, vovó!"
Vovó, também conhecida como Ivori Quinn, torceu os pintados coloridos de vermelho em um evidente desgosto com o que possivelmente viria a seguir. Eram anos de convivência e visitas prolongadas em casa para aquela velha senhora apenas não saber onde, ao abrir a boca, como minhas histórias - disfarçadas de explicações - iriam acabar.
Seguindo sem querer decepciona-la dessa nova cena, abri a boca e uma enxurrada de informações foram saindo e sendo jogadas em alto e bom tom para que todos entendessem sobre o verdadeiro incidente que resultou na lama na barra de meu vestido.
Não me por satisfeita, até mesmo dando uma careta de choro.
Mesmo que isso já não colasse mais com a minha família.
"Você está querendo me dizer que um gnomo, revoltado por ter sido retirado de sua casa, que por acaso é no jardim, jurou vingança a nossa família e está nesse momento armando-se de bolas de barro em meio como roseiras?", Quem questionou dessa vez foi meu pai, um tom de diversão soando completamente contrario a sua expressão séria.
"Isso papai!", Balancei a cabeça. "E como ele me viu primeiro, iniciou sua vingança. Até mesmo riu maldosamente."
"Ah, pobre Edwina.", Murmurou mamãe. "Mas o que faremos agora com essa roupa suja? O que irá vestir no jantar?"
Pensei, por breves segundos, em sugerir um novo banho e então vestir-me com a jardineira que tio Ridgel me dera de presente junto como brilhantes galochas roxas.
Mas se o olhar estreito de mamãe significava algo, era melhor permanecer em silencio e deixa-la me dizer o que fazer.
"Era um vestido tão bonito, irmã.", Murmurava Nellie casualmente, e quando me virei para encara-la, notei um sutil brilho de malicia em seu olhar à medida que bebericava do chá. "Alhena disse que o achou a sua cara assim que o viu na vitrine. Ela vai ficar tão triste ao saber que um gnomo destruiu o presente dela."
Apertei os lábios em desânimo, sabendo que o que minha irmã falava era verdade. Alhena nunca acreditaria na história do gnomo, e se não mais, ela ficaria chateada pela falta de cuidado que tiva.
Ali estava mais uma diferença entre nós.
Porque enquanto eu criava histórias loucas demais para serem considerados reais, Nellie tinha o dom de trazer verdades terríveis à tona aleatoriamente - e nem isso a faria ser a vilã da história.
...
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Fale-me sobre || Remus Lupin
FanfictionEdwina Macmillan é uma entre os sete filhos do casal Tristan e Labivia. E como em qualquer outra familia com tantas crianças, ela nunca teve algo que fosse seu exclusivamente. Remus Lupin x OC Era dos Marotos "O universo de Harry Potter perten...