XI. A única exceção

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Valentina acordou com o som recorrente de gotas de chuva contra o vidro da janela. Seu peito subia e descia pacificamente, compassado por uma reconfortante sensação de tranquilidade. A chuva sazonal e seu cheiro distinto de terra molhada no ar encheram seu corpo de uma emoção pacífica, que junto a um corpo quente contra o seu, apenas a fazia sentir uma rara alegria.

- Bom dia! - A voz rouca ecoou em seus ouvidos, lábios quentes roçando sua pele. Valentina instantaneamente se virou para ver o rosto sonolento mais bonito do mundo.

- Você é mesmo real? - A honestidade no tom de sua pergunta fez Juliana rir.

Silenciosamente, a médica começou a traçar seu pescoço longo e macio com beijinhos. Valentina fechou os olhos, afundando seu lábio inferior meio aos dentes. Em um movimento rápido ela se deitou sobre Juliana, cedendo à luxúria que tomava o controle de cada pedaço dela.

- Você sente isso? - Juliana mordiscou o lóbulo da orelha, depois a pele do queixo. - Que tal isso? - Seus lábios e língua avançaram, sugando o pescoço da arquiteta.

- Uhh, sim. . . Sinto tudo que você está fazendo, tudo. E tá uma delícia! - Valentina gemeu em resposta, seus quadris buscando mais atrito.

- Então eu sou real! E estou aqui com você, como prometido. - Juliana deixou um último beijo no nariz da mulher e de repente parou seus movimentos, o que fez Valentina abrir rapidamente os olhos para protestar. - Bom dia linda! - Juliana repetiu, desta vez olhando diretamente em seus olhos azuis.

Valentina imediatamente puxou a médica para mais perto e capturou seus lábios. Elas se beijaram como se o mundo fosse acabar no próximo segundo e, ao mesmo tempo, como se um novo Big Bang estivesse para ocorrer. Uma espécie de sentimento cosmológico e explosivo sobre o qual só lemos em romances, mas ainda assim todos sonhamos com o dia que será nossa vez.

- Vou invadir sua cozinha, - sussurrou Juliana assim que se afastaram para tomar fôlego.

- Você pode invadir minha vida inteira se quiser! - Brincou Valentina, mas no fundo não disse nada mais do que o que seu coração queria gritar para o mundo inteiro.

A médica sorriu tão amplamente que suas bochechas quase cobriram os olhinhos.

- Vou fazer um café da manhã de campeões pra gente. Então, podemos comer juntas antes que eu tenha que ir para casa e me preparar para o trabalho.

- Café da manhã dos campeões soa divino - Valentina soltou um breve suspiro, tentando lidar com esse novo tipo de sentimento que usurpava seu peito. - A que horas você tem que estar no hospital?

- Por volta das dez. Dez e meia no máximo. - Juliana respondeu antes de se levantar da cama. Um par de olhos azuis observava meticulosamente cada passo que ela dava.

- Ok! Então vamos levantar, senão você vai se atrasar e a Dra. Robles vai ficar brava, porque ela quer se preparar com você - o tom possessivo sarcástico fez Juliana gargalhar. - Não podemos deixá-la esperando, podemos? - É claro que Valentina desaprova a amizade entre as duas médicas, e Juliana só poderia se sentir extremamente excitada por seu ciúme não tão bem disfarçado.

Depois de uma parada no banheiro, as duas mulheres foram para a cozinha.

Juliana nunca teve problemas em se manter focada, pelo menos não até agora. As pernas douradas e perfeitamente bem definidas de Valentina em exibição enquanto ela estava sentada no balcão da cozinha assistindo Juliana preparar a refeição definitivamente mantiveram a médica sob seu feitiço.

Concentração é uma piada para meros mortais quando frente a esse tipo de beleza.

Com muito esforço para não queimar nada, nem a ela mesma, Juliana conseguiu terminar de fazer as panquecas e algumas fatias de bacon. O silêncio reinou até que Juliana começou a procurar pelo pó de café.

Like Father, Like DaughterOnde histórias criam vida. Descubra agora