Depois de um turno de dezenove horas, Juliana finalmente voltou para casa. Seu novo apartamento ainda tem dezenas de caixas espalhadas por toda parte. Ela decidiu sair da casa de seus pais uma semana após a cena pornô repulsiva que ela teve que assistir com sua mãe sendo a protagonista. Isso é algo que ela deveria ter feito há muito tempo, mas Lupita a havia convencido a ficar na mansão Valdés para lhe fazer companhia, uma vez que seu pai nunca está em casa. Bem, agora, ao parece que sua mãe não se sentirá tão sozinha. Não mais. Panchito, o chofer, com certeza não decepcionará a patroa.
Juliana toma um banho quente e se joga no colchão no chão. Ela ainda não teve tempo de comprar uma cama, mas isso não importa, tudo o que ela quer é se deitar numa superfície macia onde possa simplesmente desmaiar. Todo o cansaço acumulado em seu corpo a derruba em questão de minutos. Pelo menos ela mora sozinha e ninguém tem que suportar seus roncos altos.
Não haviam nem completado quatro horas de sono quando seu telefone toca e a desperta. Com os olhos ainda fechados, Juliana atende. Era do hospital. Que novidade!
- Alô, sim, Dra. Valdés. Hãm? Mmn, ok. Tudo bem. Já vou! - Ela mal podia acreditar na sua "sorte", outra emergência em menos de vinte e quatro horas. Excelente!
Essa é a parte chata de seu trabalho: não ter tempo suficiente para descansar. Nunca se sabe quando acontecerá uma emergência. Claro que não é como se alguém pudesse programar esse tipo de coisa, mas às vezes é uma merda. E naquele exato momento, era uma merda não poder dormir só um pouquinho mais.
Em menos de dez minutos Juliana já estava de volta ao hospital. Ela fez questão de comprar um apartamento próximo a seu local de trabalho exatamente por causa desse tipo de situação.
- Aqui até agora Doutora Robles? - Juliana brinca com Nayeli, quem sorri abertamente a ponto de expor as gengivas.
- Sempre aqui para você, Doutora Valdes. - A resposta foi obviamente uma tentativa de flerte, mas Juliana fingiu não perceber.
- Ótimo! Vamos cuidar desse novo caso urgente. Qual é o status atual?
- Paciente do sexo masculino, 62 anos. Os paramédicos detectaram confusão e perda de consciência. Pela descrição, acredito que possa ter ocorrido alguma interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro. - Nayeli dá o diagnostico com muita sabedoria e autoconfiança. Ela é neurologista vascular, uma das melhores.
- Certo, então temos um caso de derrame. Sabemos se o paciente fazia alguma atividade física no momento em que se sentiu mal? - Pergunta Juliana, enquanto lia o prontuário. O estranho silêncio dentro da sala a faz tirar os olhos dos papéis e olhar para os rostos de seus colegas médicos e enfermeiros presentes. A maioria, claramente, tenta segurar o riso - O que é tão engraçado, alguém pode me dizer?
- Sabemos que não é o lugar ou hora apropriados, afinal é uma situação triste, mas, mmm, não deixa de ser cômico! - Nayeli tenta se justificar, notoriamente constrangida pelo que ia dizer a seguir. - Os paramédicos informaram que o paciente estava numa casa de massagens, e por isso passou mal.
Juliana não entendeu qual era a "graça", ela franziu o nariz e as sobrancelhas. Algumas pessoas não conseguiram se conter e começam a rir. - O que? Gente, não temos tempo a perder, por favor, quê que tá pegando?
- Pegando? Quem tá pegando quem? - Mateo entra na sala já fazendo graça, Juliana revira os olhos.
- Dr. Luna, não é hora para seu gracejo infantil, ok? - Nayeli prontamente defende Juliana, embora não fosse necessário. Nayeli odeia Mateo, e é totalmente e descaradamente recíproco.
- Dra. Robles, é um prazer inenarrável ver você também! Seu mau humor ilumina meu dia. - Os dois trocaram um sorriso falso antes que ela pedisse licença e saísse para se preparar para a cirurgia. - O que você está fazendo aqui, pensei que tivesse ido para casa!?
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Like Father, Like Daughter
Romance《Tal Pai, Tal Filha》 Juliana é uma aspirante a neurocirurgiã. Valentina uma arquiteta prodígio. Seus caminhos se cruzam de uma maneira nada convencional, e quando menos esperam, percebem que suas vidas estão mais conectadas do que poderiam imaginar...