Valentina se revira na cama. Ao se espreguiçar, sente alguns músculos doloridos. A simples lembrança da incrível noite anterior a faz sorrir. Ela coloca a palma da mão no colchão e não sente nenhum corpo ao lado dela. Seus olhos se arregalaram imediatamente. Valentina pula da cama no mesmo instante.
- Rocio? - Ela grita para simplesmente não obter resposta. Ela corre até a sala de estar e não vê a mulher ali. Ela a procura na cozinha, no banheiro. Nada.
Ela se foi, sem dizer adeus.
Valentina corre de volta para seu quarto na esperança de encontrar um bilhete ou um pedaço de papel com um número de celular escrito nele. Nada de novo.
- Não acredito que ela fez isso! - resmunga ela, totalmente perplexa com a falta de sensibilidade da mulher. Valentina percebe que havia um pé de meia no chão, perto de sua cama. Definitivamente não era uma das suas.
Na bordinha, escrito em tinta azul: JV
- JV? O que isso quer dizer? - Ela se pergunta, um tanto quanto curiosa.
Assim que decide dar uma olhada no seu celular, percebe que está atrasada para o trabalho. Ao contrário de outros meros mortais, Valentina tem que trabalhar aos sábados. Ela almeja uma boa posição na empresa e de forma alguma pode decepcionar o arquiteto mais famoso do México.
Ela corre para o banheiro, toma um banho rápido, escova os dentes, se veste e sai sem nem ao menos tomar café. Em tempo recorde, Valentina chega ao escritório em meia hora. Ela está exausta por causa da intensa atividade física na noite anterior, mas nem mesmo o cansaço pode impedi-la de tentar dar seu melhor. Ela ama seu trabalho, mais do que qualquer outra coisa na vida.
- Bom dia senhorita Carvajal. - Ann, sua secretária, a cumprimenta e lhe passa uma xícara de café.
- Dia! Ann, eu já disse que você pode me chamar só de Valentina. E obrigado pelo café, você salvou minha vida. O Luís e o Sergio já chegaram?
- Sim. Eles estão na sala de descanso, chefe.
- Inacreditável - bufa Valentina. Esses dois nunca aprendem. - Eu vou falar com eles, já volto.
Valentina nem precisou abrir a porta para ouvir os dois rapazes rindo. Ela entra na sala e revira os olhos ao vê-los jogando FIFA. Sem qualquer piedade, ela pega o controle remoto e desliga a TV.
- Fim do jogo, crianças! Temos um projeto para fazer e vocês dois estão aqui jogando videogame? - Pergunta ela, furiosa. É bem difícil ter que lidar com dois homens na casa dos vinte, mas com mentalidade de adolescentes de 13.
- Eita, a sócia sênior nos pegou no pulo Lucho. - Provoca Sergio, fazendo seu fiel escudeiro rir.
- Ainda não sou sócia sênior. E já passou da hora de vocês dois crescerem, caramba! - Valentina claramente não estava de bom humor, os homens trocam um olhar assustado.
- Uau, Vale. Você não precisa ser tão grossa! - Luis os defende, fazendo-a se sentir um pouco culpada pela truculência desnecessária.
- Foi mal, ok. Não queria gritar com vocês. Eu simplesmente não acordei com o pé direito hoje. Na verdade, até que acordei, mas o que aconteceu depois me deixou bem desanimada. - confessa ela, claramente frustrada.
- Mulher! - Disseram os dois em uníssono, já adivinhando a razão de seu visível aborrecimento. Sergio dá umas palmadinhas no sofá, a convidando a se sentar para uma conversa de amigos para amiga.
- Diga-nos, quem é a mulher que te deixou assim arrasada? - Luis indaga, Valentina dá uma risadinha. Esses dois idiotas a conhecem muito bem. Ela é amiga deles há mais de sete anos, não tem como esconder nada.
- Rocio, é o nome dela. Eu a conheci naquele bistrô novo, nada convencional, que abriu a pouco tempo no centro da cidade. Eu fui lá para acompanhar Eva em um encontro às cegas com um cara bonito que ela conheceu no Tinder, e para encurtar a história, eu me diverti muito conversando com essa garota e ela se ofereceu para me levar para casa quando minha irmã decidiu ir embora com o cara para seu apartamento. A tensão sexual era forte entre nós, decidi arriscar e a convidei para dormir na minha casa, ela aceitou, e fizemos um sexo incrível. O melhor da minha vida!
- Eu não entendo, qual é o problema então? Por que você está tão mal-humorada? - Lucho insiste. Os olhos de Valentina se enchem de lágrimas.
- Quando acordei, ela já havia ido. Sem deixar um recado, sem número de celular, nada. Eu só sei que tudo não foi um sonho erótico e delirante porque encontrei uma das meias dela no chão perto da minha cama.
Lucho e Sergio caem na gargalhada. Valentina se sente ainda mais frustrada, para ela, aquilo não era engraçado. Nem um pouco enraçado.
- Cinderela do século XXI! – Sergio brinca, e dessa vez Valentina não consegue se conter e se junta a eles numa gargalhada, mas no fundo sentia-se terrivelmente triste porque não voltaria a ver Rocio.
- Ela é tão gostosa assim? - Luis provoca, balançando as sobrancelhas. Valentina suspira só de lembrar.
- É a mulher mais gostosa do planeta. E não só isso! Ela é gentil, inteligente, engraçada e beija muito bem. Deus, seus lábios! Parece até . . .
- Bom demais para ser verdade? - Sergio completa seu pensamento, Valentina balança a cabeça tristemente, fazendo beicinho. – Infelizmente, até o mais incrível conto de fadas chega ao fim.
- Acho que sim, a vida real não é feita de finais de Hollywood. - Foi tudo o que ela conseguiu responder, com a voz tremula e o coração partido.
- Lamento muito sobre a ausência da sua garota perfeita esta manhã, não gosto de te ver triste assim. Mas o tempo está passando. Vamos trabalhar antes que dê meia-noite e nós nos transformemos em abóboras. – Sergio se levanta, dando a mão para Valentina fazer o mesmo.
- A realidade é uma merda! - Valentina teve que concordar com Luis nessa.
Eles saem dali para retornar às suas respectivas tarefas. Valentina teria que encontrar uma maneira de não deixar Rocio dominar seus pensamentos pelo resto do dia, ou pelo resto de sua miserável vida.
- Senhorita Carvajal, o big boss já chegou e disse que quer ver você o mais rápido possível. - Ann avisa, Valentina prontamente se encaminha ao escritório de seu chefe. Ela bate na porta e escuta uma conversa baixinha do outro lado antes de ser convidada a entrar.
- Bom dia Valentina! - Renata a cumprimenta. Ela sorri para a secretária de seu chefe que sai da sala para os deixar a sós.
- Chefe, Ann disse que o senhor queria me ver?
- Sim minha garota prodígio! Hoje é o grande dia. Sente-se, vamos conversar sobre sua promoção para sócia sênior da Valdés Architecture Inc.
- Macário, o senhor ... tem certeza disso?
- 100% de certeza, Valentina. Eu confio em você como se você fosse minha própria filha. - o homem sorri completamente orgulhoso.
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Like Father, Like Daughter
Romance《Tal Pai, Tal Filha》 Juliana é uma aspirante a neurocirurgiã. Valentina uma arquiteta prodígio. Seus caminhos se cruzam de uma maneira nada convencional, e quando menos esperam, percebem que suas vidas estão mais conectadas do que poderiam imaginar...