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madalena

Segurava a toalha no peito, enquanto me olhava ao espelho. Sentia-me tão confusa e não conseguia parar de reviver o que aconteceu nas bancadas da cozinha.

O espelho refletia os chupões deixados no meu pescoço e ombro, assim como a marca dos seus dentes num dos meus ombros.

Mordi os meus lábios, fechando os olhos. O que fizemos? Porque o fizemos?

Todo o álcool que tinha ingerido evaporou no momento em que me sentou no mármore. Uma festa decorria do outro lado da minha janela, as pessoas ainda estavam muito animadas. Acabei por vestir um fato de treino.

Pretendia voltar para a festa, principalmente por saber que os nossos amigos iam ficar até ao dia seguinte connosco. Não podia deixar que se apercebessem de algo.

Principalmente o Samu.

Após secar levemente os cabelos, sai do quarto e tranquei a porta do mesmo.

- Mads, querida! Estava mesmo á tua procura!

A Lucrécia apareceu no corredor, no momento em que tranquei a porta. Pediu-me para a levar á casa de banho, o que me levou a destrancar o quarto e permitir que entrasse.

- O teu quarto ficou tão giro! - Comentou, após lavar as mãos. - E esta saída para a piscina é só fantástica!

- Obrigada. - Soltei uma breve risada, perante o entusiasmo (bebedeira) dela.

- Quem vai ficar cá?

- Acho que tu e a Ester. De rapazes não sei, mas os mesmos do costume. - Encolhi os ombros. A conversa nunca surgiu com o Ander. - Ficamos todos juntos na sala.

Balançou a cabeça, assentindo.

Voltamos para o jardim, onde nos encontramos com a loira e com o Guzman.

Apostavam entre o Valério e o Chris, contra o Pollo e o Ander. Jogavam beer pong, bebedos e já sem qualquer pontaria.

- Onde te meteste?

O Samu colocou o braço nos meus ombros, recebendo um olhar reprovador da namorada á nossa frente. Ergui as mãos, acabando por rir e por pegar numa cerveja.

- Fui tomar duche e trocar de roupa. - Disse-lhe então, ocultando a história.

Perto das três da manhã, o jardim começava a ficar vazio. Algo que agradeci, cansada de tanto barulho e confusão.

Para além de sentir os efeitos do que tinha fumado. Quando ficamos os seis, arrumamos a maior parte do jardim. Copos, garrafas e alguns vestígios de substâncias ilícitas. Como estavam com fome, dirigi-me á cozinha.

A Carla ajudou-me a preparar pizzas no forno, enquanto os rapazes se instalavam pela sala. Já a Lu, estava entretida com o Valério. Balancei a cabeça com a imagem.

- Madalena.

Estremeci ao reconhecer a voz.

- Podemos falar? - Virei-me para o Ander, que se aproveitou da ida da Carla á sala. - Isso está com ótimo aspeto.

Referia-se a tudo, menos ás pizzas.

Aproximou-se de mim, afastando os meus cabelos, revelando o enorme vermelhão que os seus lábios deixaram na minha pele. Sentia-me a tremer por dentro, ao sentir o calor do corpo dele a aproximar-se do meu.

Independentemente de quem estava na nossa casa, não consegui afastá-lo. Pelo contrário. As suas mãos pousaram no meu rosto, levantando o mesmo para o encarar.

Senti então os seus lábios pousar nos meus.

- Ander. - Afastei-me, embora me segurasse a cintura. - O que aconteceu... Tu estás com elas, eu estou com o Nano.

Ele soltou uma risada breve.

- Estou-me a lixar para elas e tu claramente que não estás importada com o Nano. - Toda a sua confiança me deixou nervosa. - Pelo menos não estavas há bocado.

Suspirei derrotada. De facto, nada mais preencheu a minha mente para além do Ander e o que estávamos a fazer.

- Acaba com ele. Com o que quer que tenham.

- Estás louco? O que aconteceu, não vai voltar a acontecer! - Protestei, acabando por me soltar, recuando uns passos. - Isto. - Apontei para ele e depois para mim. - Não vai acontecer. - Nem sabia que tinha coragem para tal.

- Estás a enganar-te a mim ou a ti? Porque eu sei que se vai repetir. - Balançou a cabeça, todo ele certo do que dizia.

- Não vai.

- Vai Mads, acredita que vai. - Sussurrou, pois a Carla interrompeu-nos.

E ainda bem que o fez.

Retiramos as pizzas do forno, colocando na mesa ao centro da sala. Espalhadas pelos sofás e pelos colchões, estavam em casa.

Sentei-me ao lado da Carla, reparando que era o único colchão livre.

E que tinha de o partilhar.

Com a última pessoa que entrou na sala. Logo, o olhar do Ander se focou em mim. Sorriu-me, satisfeito com a situação. Estiquei-lhe o dedo e tirei uma fatia de pizza.

Valério estava perdido pelas drogas e com a namorada, já a Carla trocava mensagens com o Samuel, que não tinha ficado.

Já o Guzman implicava com o melhor amigo, este sentado ao meu lado.

Acabei por me encostar ao sofá, pegando na ganza do Valério, já que estava distraído. Senti o olhar do Ander pousado em mim, o que levou a olhar para ele. Arqueei a sobrancelha, vendo-o tão atento a mim.

Soltei o fumo na direção dele.

- Não me provoques. - Sussurrou, o que me deu uma certa vontade de o fazer.

Reparei então o gesto, acabando por sorrir. Os meus lábios ficaram presos entre os dentes. Ao olhar para ele, senti uma enorme tensão. Ainda ao meu lado, estava em silêncio.

A única luz que invadia a sala era a da televisão, embora ninguém estivesse atento aos programas que passavam.

Alcancei uma das mantas, tapando-me.

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