madalena
Faltavam quatro dias para o baile. Cinco para o primeiro dia de férias de Verão.
Evitava sair de casa, pois não sabia como encarar o Nano. Depois do que aconteceu com o Ander e da certeza que as palavras do mesmo ao dizer que me estava a enganar, fizeram com que achasse que estava certo.
Com que ponderasse nessa opção. A opção de reprimir os meus sentimentos em relação a ele, nem que fosse puro desejo e atração.
Emoções fortes o suficiente para me impedir de estar com o Nano, nestes dias.
Não era justo.
Éramos amigos há imenso tempo, cresci com ele e jamais queria abdicar disso. Felizmente, a nossa forma de pensar era semelhante, mesmo em relação ao que tínhamos.
Queria ser honesta com ele e contar-lhe o que aconteceu entre mim e o Ander. Era injusto ter escondido durante estes dias.
O mais velho não merecia. E o mais novo quase explodia por minha causa.
Tentava evitá-lo ao máximo.
Tanto em casa, como na escola. Conseguia lidar com ele perto dos nossos amigos e nos jantares com a nossa família. Porém, não havia hipótese de estarmos sozinhos no mesmo espaço. Decidi apenas aceitar a verdade.
E a verdade é que ele me atrai e que não sei raciocinar na presença dele. A facilidade que o rapaz tinha em jogar com a minha cabeça, não me agradava minimamente.
Rabiscava o caderno com a caneta, apática do que acontecia na aula. Até um som de mota me invadir os ouvidos.
Fiquei totalmente paralisada.
E sabia que o Ander estava a olhar para mim. A campainha acabou por tocar.
Rapidamente arrumei as coisas, saindo da sala de aula num passo apressado. Quase corri pelo corredor do colégio.
Assim que cheguei ao final das escadas, senti o meu braço ser puxado para trás.
- Estou farto de esperar. Espero que a tua decisão não te faça arrepender mais tarde. - Ele largou-me, visto que mais pessoas apareceram, ainda que me encarasse.
- Ander...
- Evitaste-me a semana toda. E acredita que eu não estive com ninguém para libertar toda a raiva que sinto por tua causa.
- Raiva? Estás a cultivar algo que não faz sentido! - Reclamei, afastando-me. - Ander, já tomei a minha decisão. Agora, deixa-me. Chega de pressão, ok?
Ele franziu as sobrancelhas, confuso.
Ao perceber que me preparava para ir ter com o Nano, a sua expressão caiu e a desilusão que se apoderou do seu rosto, entristeceu-me. Nem fui capaz de voltar para trás, apenas me dirigi á mota do mais velho.
Respirei fundo, assim que cheguei perto dele. A sua expressão cerrada após o que assistiu com o Ander, arrepiou-me.
- Vais explicar porque raio me tens ignorado?
- Desculpa. Precisamos de falar... - Murmurei, embora ele já soubesse isso.
- Precisamos, sem dúvida.
Entregou-me o capacete e ajudou-me a subir para a sua mota. Ganhei coragem para encarar as escadas do colégio. E ele ainda estava lá, tão focado em mim, como eu nele. Balançou então a cabeça, ao perceber que o olhava.
O moreno conduzia até á minha casa, visto que eram seis e meia da tarde. E que não tínhamos combinado ir ás cascatas.
Parou a mota alguns metros antes da vivenda, onde saímos ambos da mesma.
Estávamos num parque.
- O que se passou com o Ander?
- Envolvi-me com ele há uma semana. - Disse apenas, sem rodeios. - Desculpa, eu sei que fui uma merda contigo.
Baixei a cabeça, realmente triste.
- Bem... E estava eu com receio de te contar que estive com a Marina... - Levantei a cabeça, surpreendida. - Mas não dormi com ela, por ter respeito por ti. - Concluiu. - Ao contrário de ti, que não te importaste...
- Nano. Claro que me importei. Nunca pensei que isto fosse acontecer. Estava bêbeda, não sei o que fui fazer.
- Ambos sabemos que as bebedeiras não te fazem tomar decisões dessas. Tu não és assim, Mads... - Ele aproximou-se de mim. - Eu não te quero tornar numa pessoa vulgar. - Balançou a cabeça, suspirando.
- Tornei-me numa pessoa vulgar por escolha minha, por ter ficado confusa. E sim, não foi o álcool... Mas também não digo que foi amor ou qualquer merda dessas.
- Eu sei que não. E não devias de ter medo de me contar, afinal, não temos nada. E dissemos que íamos ser honestos.
- Tu sabes que gosto de ti, do que temos. Que o facto de não seres daquela escola, traz-me uma paz única. E não quero perder isso. E o Ander, ele não me inspira confiança.
- Honestamente Mads, também gosto de ti. No entanto, não olho para ti da forma como tenho olhado para a Marina.
- Uau, não sabia que isso já estava assim.
- Deste-me tampas e ela estava disponível. Não é tão oca como a família dela.
Passei as mãos pelo cabelo.
- Acho que ambos concordamos que vamos continuar só amigos e sem saciar os desejos um do outro. - Ironizou, virando-se para mim. - Só se não quiseres....
- Sim, por enquanto devíamos manter as nossas mãos para nós próprios. - Sorri-lhe, um pouco mais aliviada.
- E em relação a ele?
- Em relação a ele nada. Quero estar sozinha, a minha cabeça está uma confusão.
- Então... Em relação á Marina...
- Se há curiosidade, força. Nada te pendia antes e agora também não. Ainda assim, obrigada. E desculpa ter sido uma cabra.
Encolheu os ombros.
VOCÊ ESTÁ LENDO
INSANITY ➛ ARON PIPER
Fanfic'E hoje trocámos os sentimentos, pelo pacote das mortalhas, puxa o barco se não encalhas'