Borboletas Sombrias

primavera me ensinou.

Quando eu era criança eu tinha medo do que eu iria me tornar
Eu sonhava sobre as nuvens voar
E na cidade de Nova Iorque morar

Então no meu quarto, eu deito na minha cama bela
Observando pela janela, o céu azulado
Com nuvens com estranhos formatos
Será que minha cabeça estão com os mesmos formatos estranhos?
Eu me tornei uma nuvem no céu azulado?
A primavera me fez vestir uma blusa quadriculada neutra
E olho para o passado antes que minha mente esqueça
Quem eu fui e o que sonhava ser...
Quem sou hoje e quem vou ser

Será que eu ainda quero ser aquela pessoa maravilhosa que sempre sonhei?
Sobre ser a pessoa perfeita, não serei e não sou
Eu me sinto fraco até pra falar todas as coisas que a primavera me ensinou

Continuo sem descobrir quem é minha alma nesse mundo
Num segundo,
Eu me isolo de todos
E vou ao lugar onde o por do sol alcança
Me recordo sobre o tempo de criança
Quando estava escolhendo minha futura profissão
E se eu ainda sou criança, e não sei do que serei bom
E se eu ainda não me conheço, e sei que na vida tudo tem um preço
Acho que agora eu percebo
As nuvens são borboletas sombrias agora e em todos belos dias
Porque onde há belezura, há feiúra
E onde há luz, há escuridão
Decidi então, sair p'ra ver o pôr-do-sol, nesse céu cheio de imensidão

Andando pela calçada, contramão dos carros
Eu ainda estou me achando, no meio dos cacos
E se não for a hora? Se não for agora?

Temos a vida toda para nos achar,
Temos todo tempo pra nós encontrar
Eu sei que eu ainda vou ver vários anoiteceres... E amanheceres!
Eu sei que vou descobrir quem sou, de verdade
A vida é cheia de surpresas
Cheia de ambiguidades
Metáforas e ironias
Até mesmo quando se renova as luzes dos dias
E então posso voltar pra casa calma
Eu vou descobrir quem eu sou
Foi o que a primavera me ensinou.