1- O deus sem coração

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//☆\\ O cheiro da lama ensanguentada estava pairando a pequena cidade, ventos fortes começaram uivar a cada minuto, ao mesmo tempo que o estrondo da marcha dos soldados deixava os moradores cobertos em pavor, onde quer que eles estivessem. Ouvisse gritos, de tempos em tempos, chamando, às vezes implorando, pela aparição de Kaixam, a antiga deusa da morte, porém, poucos receberam sua graça. "Que infelicidade caiu sobre essa cidade?" Era a única frase nas bocas dos cidadãos ainda sãos.

<<<||\/ Em uma casa rústica \/||>>>

//\\ As lamparinas da sala de estar estavam acessas. Iluminando quase todo o cômodo. Nele haviam duas pessoas, uma pequena jovem sentada no sofá e um jovem rapaz que estava em pé no meio do tapete com vários  moveis confortáveis ao seu redor.

- Que horas a mamãe vai chegar, papai? - Falou a mocinha, de cabelos loiros com mechas vermelhas que nem chegavam a passar dos seus pequenos ombros. Olhando do sofá para a porta de madeira escura na esperança dela abri-la.
- Por que está tão preocupado com ela, minha garotinha? - Perguntou o rapaz de cabelos curtos de coloração avermelhada.
- Eu sei... sei... que ela é forte, mas estou com medo... estou... com muito medo, papai. - Responde com uma voz trêmula, segurando as lágrimas em seus olhos.
- Eu te entendo, minha pequena.

//\\ Compreendendo a situação em que a sua filha estava, o pai foi lentamente em direção da sua criança, e a abraçou em um gentil e caloroso abraço, que fez as lágrimas caírem delicadamente dos seus lindos olhos violeta. Logo em seguida escutam um estrondo vindo da porta que os assustou.

- É a mamãe? - murmurou a menina. "Espero que seja, espero que seja, espero..." implorou em seus pensamentos.
- Não sei, por segurança, fique aqui minha... - Disse o pai, indo na direção do barulho. "Acredito que algo pesado bateu e caiu na frente da porta, espero que não seja nenhum corpo de algum soldado morto" pensou o pai.

//\\ O ranger da porta abrindo lentamente, se tornava cada vez mais perturbador junto com a zoada da chuva que estava habitando o lado de fora da casa. Ao abrir a porta por completo, o pai ficou assustado, não pelo corpo de um homem encapuzado que estava na frente dos seus pés, mas pela expressão raivosa de sua esposa que acabava de chegar em sua casa.

- Querido, o que houve aqui? - Perguntou a jovem de cabelos loiros volumosos com uma voz sem emoção alguma.
- Eu não sei, escutei um barulho vindo da porta e vim checar. - Respondeu quase murmurando para ela.
- Leve ele pra dentro, precisamos saber o que está acontecendo nessa merda de cidade - Ordenou a jovem, entrando em sua casa rapidamente com suas pisadas molhadas, um tanto barulhentas, indo na direção do banheiro, ignorando totalmente a presença da sua própria filha.

//\\ O pai se abaixou para conferir se o homem realmente estava vivo, já que suas roupas estavam cobertas de sangue de várias raças distintas. "Não sei o porquê de eu não ter notado isso, mas esse cara é grande demais". Percebendo que ainda estava respirando, o jovem carregou o homem até o primeiro cômodo de visitas que encontrasse. Logo em seguida, colocou-o na cama gentilmente para o caso de haver feridas. Então com apenas com seu dedo indicador, desenhou um pequeno circulo no ar que fez todas as portas e janelas da casa se fecharem.

- Filha, vai buscar a caixa de primeiros socorros! - Ordenou o pai, na frente do quarto de visitas.
A criança acenou em concordância. Então correu em busca da caixa.
- Precisarei trocar as roupas desse homem - Falou o jovem consigo mesmo, enquanto ia na direção do guarda-roupas.

//\\ Chegando na pequena cozinha em busca da caixa vermelha com um xis branco. A garotinha vasculhou cada parte do grande armário que havia lá, até que conseguiu encontrá-la no meio de vários jarras cheias de doces coloridos. "Será que posso pegar um pouco pra mim?". Correndo agora para o cômodo com a caixa em seus braços e em seus bolsos, doces. Ao entrar no cômodo, a garota derruba a caixa no chão e desmaia ao ver os olhos do homem misterioso que estava em sua casa.

O Deus Sem CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora