Capítulo 06: SUSPEITOS

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Ao chegar na rua de casa, ouço os sons de meus dois irmãozinhos que brincavam no quintal e na garagem. Decido então descer um pouco mais, porém ouvi um "psiu" logo atrás de mim, mas não vi ninguém.

Caminhei de volta a rua e ao olhar na parte traseira do caminhão estacionado, encontro minha irmã Clara escondida ali.

Questionei-a, querendo saber o que fazia ali. Ela me encara com um sorriso no rosto.

— Por que não foi para a escola? Sabe que a mamãe vai brigar com você, não sabe?

Sorriu ainda mais como se minhas palavras não tivessem causado algum efeito.

— Se você falar, também vai sofrer as consequências — ameaçou, e eu sabia muito bem que suas ameaças não eram em vão.

Mas foi aí que eu me lembrei.

— É, mas eu sei uma forma de escapar do castigo — falei, e dessa vez o sorriso era meu, fazendo o dela desaparecer.

— Você sabe como estragar o meu clima — bufou, me acompanhando até em casa, mas ficando um pouco atrás para que nossos irmãos não a vissem.

Quando abri o portão, os dois pequenos vieram logo me abraçar, e assim fiz. Dei um abraço forte neles e antes que eu pudesse continuar a caminhada até a cozinha, minha mãe aparece com as mãos na cintura, querendo saber o porquê de eu não ter ido à escola.

"Vamos ver se vai dar certo" penso comigo, olhando em sua direção.

— Não me senti muito bem, então decidi voltar — menti. Olhando para seu semblante, notei que ela pareceu não se convencer, então continuei. — Eu sei que a senhora não gosta quando falto. Mas é por uma boa causa.

Ela me encara desconfiada.

— Que boa causa é essa, Carlos? — indagou estreitando seus olhos, querendo saber o que eu pretendia fazer.

— Voltei porque me senti um pouco mau por não ter ajudado na louça do almoço ontem, então decidi retornar para compensar — respondi.

Confesso que essa desculpa era bem fraca, mas apesar disso, minha mãe compreendeu. Mesmo que ela não tenha gostado da ideia de me deixar faltar, permitiu que eu o fizesse.

Depois de terminar a louça — que por sinal era bem pouca — digo que iria ver se alguém havia chamado um de nós no portão, então rapidamente fui até lá, sem que ela suspeitasse de mim.

Saio para fora caminhando até o lado do poste, e começo a conversar com minha irmã.

— Você não contou para a mamãe que eu faltei, não é? — afirmei com a cabeça. — Carlos! Isso é vacilo.

Ri ao ver a expressão chateada dela, mas logo recebo um soco no ombro, até que eu parei de rir, me acalmando.

Digo que teria de dar um jeito por conta própria, e comecei a caminhar, subindo o morro.

— Você vai sair? — interrogou-me, mas nada respondi. — Responde, droga!

Eu não queria ter que dar satisfação para ela, senão teria que levá-la junto comigo. Então apenas tentei amedrontar ela, ameaçando contar para nossa mãe sobre sua fuga da escola.

Ouço um amigo me chamar e o vejo descer o estacionamento do mercado, e o cumprimento com um aperto de mão. O mesmo me pergunta se não era para eu estar na escola, e minto, dizendo que havia perdido a aula.

— Mas como você perdeu a hora, sendo que estuda de tarde? — William percebe a presença de minha irmã e sorri. — E você, Clara? Por que não está na escola?

Silver Fang: O Guardião do LuarOnde histórias criam vida. Descubra agora