Capítulo 12: OBSERVAÇÃO

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Quando chegou segunda-feira, eu não estava muito preocupado com as aulas em si, mas sim com Eloan que poderia contar para Hyoran ou algum outro amigo nosso. Se bem que Nathan e Breno não contariam nada para ninguém, porém, mesmo assim, eu não poderia vacilar.

Minha vestimenta era "padrão" para ir à escola; calça jean escuras com uma camiseta de manga curta e minha jaqueta de branca de mangas pretas. Bem padrão, não é mesmo?

Parei em frente ao portão e ao longe — passando perto da lanchonete ao lado da escola — vejo Mayara. Meu coração bateu tão forte, mas não tive coragem de lançar um oi.

Ela passa por mim conversando com minha amiga, me lançando um sorriso, o que me fez sorrir também.

Passei pelo portão engolindo seco ao ver Eloan sentado junto de nossos amigos. Cumprimento meus companheiros e pergunto se estavam bem.

— Estou ótimo! — respondeu Hyoran até que apontou para Eloan, que estava com a cabeça no mundo da lua, como se um turbilhão de pensamentos ecoassem em sua mente. — Ele parece todo quebrado, como se seu hardware estivesse danificado.

Brincou ele, acrescentando que nem jogaram na noite anterior.

Fiquei preocupado com o estado mental de meu amigo, com medo de que ele ficasse traumatizado com o que ocorrerá antes, e que qualquer gatilho que fosse, o deixasse apavorado.

Me aproximei dele e cutuquei seu ombro, chamando sua atenção para mim. Me encarou com espanto, porém ignorei isso, pois já imaginava que sua mente estava confusa.

Piscou várias vezes e se sentou ereto, esfregando os olhos uma das mãos enquanto bocejava, demonstrando cansaço.

— Opa! E aí, meus camaradinhas!? — Breno se aproxima de nós, na companhia de Nathan, nos cumprimentando.

Breno usava uma bermuda de cor caqui, que ia até a altura dos joelhos, com uma camiseta cinza. Nathan vestia uma bermuda preta e uma camiseta branca com faixas azuis da seleção argentina — amante de futebol na área.

— Como estão? — Nathan indaga enquanto nos cumprimentava com batidas e apertos de mãos.

— Bem, e vocês? — respondi e ambos afirmaram.

Breno percebe que Eloan estava estranho, e me questiona, querendo saber se eu conhecia o motivo dele estar parecendo jururu. Chamei ele para conversar longe do pessoal, e Hyoran aproveita para fazer piadinha.

— Vão fazer o que aí no fundo? — indagou em tom de brincadeira, fazendo uma expressão de zombaria.

Ignorei-o, e antes de sair dali, vejo Nathan dar uma cotovelada no braço dele, que riu da própria piadinha, mas seu amigo não. Eloan se encontrava com a expressão séria. Até tentou rir da piada do amigo, mas não conseguiu.

Chegando no fundo e sentando no banco perto do tanque — que ficava ao lado da quadra — coloco meu capuz, e o questiono, querendo saber se ele estava bem.

Recostou as costas sobre o banco e reclinou a cabeça para trás, encarando os telhados, procurando coragem para responder minha indagação.

Ele suspira antes de responder.

— Cara... eu não entendo o porquê daqueles caras terem me sequestrado — contou, e assenti com a cabeça, compreendendo sua lógica. — E por um momento, achei que estaria perdido, que minha jornada nesse mundo acabaria ali.

— Mas por sorte... ou por milagre, pressenti que você não havia ido à aula — comentei, mas ele me encarou com curiosidade.

— Mas você ainda suspeitaria, mesmo que eu tivesse faltado? — sua pergunta me pegou de surpresa, e pedi um tempinho para pensar na resposta. — Viu? Foi pura sorte.

— É, mas algo deve ter me dado pistas sobre seu paradeiro, porque... não é possível que eu tenha conseguido te achar!

— Quer dizer que algum tipo de voz interior te guiou até lá? — respondeu e afirmei com a cabeça, mesmo que nenhuma voz tenha me dito para ir ao local onde o encontrei. Ele balança a cabeça em reprovação. — Você só pode estar ficando maluco.

—Talvez — falei, e ele deu de ombros. Coloco minha mão direita em seu ombro, mostrando compreensão. — O que importa é que você foi resgatado.

Ele afirma com a cabeça, sorrindo feliz por estar de volta com os amigos.

Peço para que ele não contasse nada para nenhum de nossos colegas sobre o resgate, mas ao apontar para nosso lado esquerdo, percebo que era tarde demais.

Gelei, ao ver que toda a conversa que tive com Eloan fora espionada por nossos colegas. Coloco a mão sobre meu rosto, e olho para Breno, Nathan e Hyoran.

— Já devia imaginar que tentariam ouvir — falei, me levantando e caminhando na direção deles. — Vocês não podem contar para ninguém o que foi dito aqui, está bem?

— Como quiser, Superman! — diz Hyoran fazendo continência em brincadeira.

Eloan ri de seu jeito bobalhão, assim como nosso outro amigo, Breno. Porém, o "imutável" Nathan, continuava sem esboçar nem um sorriso. Não sabia como, mas conseguia ver tristeza em sua face, o que me fez ficar um pouco chateado, mas que tentei disfarçar para não preocupar meus amigos.

Nos levantamos e caminhamos todos nós em direção da sala de aula, pois a primeira aula estava prestes a começar.

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Quando o intervalo chegou, caminhei até a quadra onde meus dois melhores amigos chutavam uma bola que Nathan havia trazido de sua casa para brincar um pouco.

— Carlos! — Breno me chama, se dirigindo até mim. — Quer brincar no gol?

— Claro! — confirmei e corri até a baliza.

Os dois ficariam chutando a bola do meio da quadra. Alguns chutes que Nathan dava eram difíceis de defender, mas os de Breno, eram até que mais simples, apesar de eu deixar escapar alguns.

Alguns outros colegas nossos apareceram para jogar com a gente, e esses eram mais complicados de defender, já que às vezes pareciam ter uma mira quase infalível.

— Segura, Carlos — ouço um de meus colegas gritar, Adam.

Ele chuta na direção do, de três dedos, me fazendo ir para o lado direito do gol, oposto ao que a bola foi. Não tive tempo de voltar para o canto certo para tentar defender, então estiquei meu corpo para o lado da bola, que passa raspando meus dedos, causando uma leve queimação neles.

A bola entra no gol, batendo na rede e rolando para fora. Olhei para a ponta de meus dedos e sacudi minhas mãos, tentando aliviar a queimação.

Sorri com o chute e por quase ter defendido.

— Foi um ótimo chute! — falei, fazendo sinal de positivo com a mão esquerda para ele.

— Valeu! — respondeu, começando a sair da quadra na companhia de Jonas e Jorge.

Quando o sinal soou, Nathan recolheu a bola e veio junto de Breno me acompanhar.

— Você quase defendeu! — comentou Breno, surpreso por eu ter conseguido relar a mão na bola — os dedos, no caso.

— E olha que foi difícil — comentei, ambos concordaram.

Caminhamos em direção ao bebedouro e depois fomos para a sala de aula, para assistirmos o restante das aulas.

Silver Fang: O Guardião do LuarOnde histórias criam vida. Descubra agora