01. estaba pensando en las cosas que nunca hicimos

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Laguna Larga, Argentina — 2012

Ambar

A casa dos Dybala estava abarrotada de gente. Os convidados se espremiam uns aos outros, ao mesmo tempo que buscavam a atenção de Paulo. Alguns eram interesses e outros amizade pra valer.

A música alta reverberava por todos os cantos. Esforçava-me ao máximo para ouvir o que minha mãe tentava me dizer, mesmo sabendo que ela falava algo para me atormentar.

— Paulinho está rodeado de meninas. — ela apontou para meu amigo, que estava cercados de meninas, algumas minhas colegas de colégio e outras que eu nunca tinha visto. — Se vocês fossem namorados com certeza ele estaria te dando atenção. — rolei os olhos, minha mãe estava falando asneira.

Eu e Paulo nunca seríamos nada além de melhores amigos. Nossas famílias viviam soltando piadinhas, dizendo que iríamos ser um casal futuramente. Era engraçado, mesmo que às vezes aquilo passasse a ser chato. Qualquer possibilidade de ter algo com Paulo, me deixava enjoada. Me imaginar beijando meu melhor amigo era como me imaginar beijando um sapo, seria nojento, horripilante.

Paulo tinha todos ao seu encalço. Ele mal tinha chance de comer os docinhos que sua mãe arduamente fizera. Com certeza tia Alicia guardaria um pouco para ele e eu torcia para que ela fizesse um pratinho para mim também.

O amontoado de garotas, tentavam buscar sua atenção, enquanto meu melhor amigo, dava um sorrisinho de lado, deixando todas elas ao ponto de lamber os pés dele. Esse era o poder que o charme de Paulo tinha.

Me afastei de toda agitação, indo em direção a varanda, onde não tinha ninguém. Queria ficar longe de todos, pensando em nada.

A brisa fresca da noite argentina, cobriu meu corpo, fazendo um arrepio subir por toda minha estrutura. Apoie meus braços sobre a grade, respirando fundo e fechando os olhos.

Era uma noite linda. As estrelas enfeitavam o céu límpido. Tudo colaborava para uma bela despedida de Paulo.

Eu estava feliz pra caramba, afinal meu melhor amigo estaria dando um passo importante para sua carreira.  Ele iria para outro país, um time maior, o que alavancaria a carreira dele. Eu sempre estive ao lado de Paulo, comemorando cada objetivo conquistado. Mas no fundo do meu peito eu sentia algo me apertar.

Poderia ser injusto da minha parte, mas eu queria ter Paulo para mim, sempre ao meu lado, comemorando comigo cada conquista minha. No entanto, naquele instante ele estava se despedindo de todos, para embarcar para longe.

Era óbvio que ele não tinha tanto tempo para estar comigo nos últimos anos, por conta da demanda de jogos do Instituto, porém sempre que rolava uma folga, ele estava comigo, me apoiando nas minhas decisões. Mas agora seria diferente. Ele não viria assim que eu o ligasse.

— Tá fugindo de mim, Amb? — Paulo sussurrou contra minha orelha, me dando um susto tremendo.

Fechei os olhos e levei a mão ao peito, após o susto.

— Você quer me matar, seu idiota? — perguntei, dando um soco no ombro dele, enquanto um sorriso brincalhão subia nos lábios dele.

— Aí, isso dói, sua chata! — ralhou esfregando o lugar onde eu tinha dado o soco. — Você é muito exagerada. — comentou. — Esse susto não te mataria, Ambar. — me empurrou pelo ombro, dando um sorriso de lado.

— Como pode ter tanta certeza? Que eu saiba você é jogador de futebol e não um cardiologista. — ele rolou os olhos.

— Vamos ficar de picuinha logo hoje? — indagou ele.

FANTASÍA | PAULO DYBALAOnde histórias criam vida. Descubra agora