Turim, Itália — 2021
Ambar
O tempo passava entre meio os dedos, deixando as forças para dizer tudo que estava entalado em minha garganta cada vez mais fracas.
Eu e Paulo vivíamos uma boa fase, concentramos em nos reconhecer, aprender os gostos e desvendar as mudanças que os anos separados haviam nos dado.
Mas eu precisava realmente entender tudo que aconteceu naquela época, quando éramos imaturos e quando nossa amizade acabou.
O medo apossou-se de mim, já que como estávamos de bem um com o outro, aquela conversa franca e sucinta poderia nos levar ao final definitivo.
Aquela quarta-feira amanheceu fria e chuvosa, como se soubesse que não seria um dia fácil para nós dois.
Arrastei meu corpo para o trabalho, sem a mínima vontade de passar um dia todo dentro de um estúdio.
Vincent notou minha falta de concentração, pediu para que eu fosse para casa e que terminasse as fotos em um dia mais oportuno, já que não precisávamos correr com os prazos.
Em meu apartamento, não consegui parar um minuto sequer, eu precisava encher minha cabeça com alguma coisa para não pensar no que iríamos discutir mais tarde.
Perdi a hora e apenas notei que faltavam vinte minutos para me arrumar, quando li a mensagem de Dove, perguntando se eu estava nervosa. Respondi que só faltava o mármore do apartamento furar e que eu estava atrasada.
Corri para o banho e deixei a água quente lavar meu corpo, como se ela tivesse o poder para tirar toda minha ansiedade e meu nervosismo.
Faltando cinco minutos para o horário marcado, ouvi a campainha tocar e fui até a porta, sabendo que Paulo estaria ali.
Girei a maçaneta e abri a porta, vendo um sorriso subir nos lábios dele. Seu gesto me reconfortou, e eu não pensei em mais nada a não ser ir para seus braços, sentir seu cheiro e seu carinho.
Senti suas mãos correm em minhas costas e uma delas alcançar meu cabelo, afagando-os com carinho. As lágrimas queimaram em meus olhos.
Paulo separou-se de mim e beijou minha testa, secando as lágrimas que começavam a descer.
— Ei, eu não estou morrendo. — zombou, afastando as mechas de cabelo do meu rosto. Lhe dei um soco no ombro. — Carinhosa como sempre, Amb! — ri fraco.
Paulo entrou pelo apartamento e fechei a porta atrás de mim, puxando o ar com força para não fraquejar mais uma vez.
— Quer beber alguma coisa? — perguntei, apontando para que senta-se.
— Água. — respondeu e eu segui para a cozinha. — Você está bem? — observei Paulo fazer o mesmo caminho que eu, mas parando no balcão e sentando-se em uma das banquetas.
— Sim. — abri a geladeira para pegar a garrafa d'água. — Por que? — coloquei a garrafa sobre o balcão e virei-me para o armário, de onde tirei um copo.
— Vincent falou que pediu para você vir para casa mais cedo. — posicionei o copo sobre o balcão e fechei os olhos.
Dove tinha comentado que os pilotos que faziam parte do grid eram fofoqueiros, mas jogadores de futebol e chefes de agência eram também.
— Ele não precisava te contar. — Paulo serviu-se com a água.
— Assim como eu, ele se preocupa com você. — ele explicou. — Além disso, ele sabe sobre nós… — levou o copo aos lábios e eu engoli em seco, pensando em qual nós Vincent sabia.
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FANTASÍA | PAULO DYBALA
Fanfic- the fair play series #1 Ambar Alvarez e Paulo Dybala cresceram com a certeza que eram apenas melhores amigos, mesmo com a redoma que os cercavam dizendo o contrário. Na noite de despedida de Paulo, algo tinha mudado, mas não foi capaz de alterar o...