Capítulo 5

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Abril, 2012

Eu odiava aviões. Tinha um pavor tão grande que não cabia em mim.

Mas aqui estava eu, enfurnada em um prestes a decolar em direção a Las Vegas. Para minha sorte seriam poucas horas de vôo.

Eu podia aguentar, certo?

Ouvi as turbinas começarem a ganhar força e o avião tremer se preparando para levantar vôo.

Deus do céu, alguém me tira daqui!

Respirei fundo e apertei a mão de Anne que estava do meu lado e ela sorriu para mim. Tom ao seu lado dormia profundamente e não tinha nem 5 minutos que embarcamos. Como ele conseguia?

Anne, prática como sempre, cuidou para que ficássemos com as poltronas do meio do avião, dessa forma sentaríamos os três sem precisar nos separar. Agradeci internamente por isso, se eu estivesse sozinha em um avião já teria pirado há muito tempo e tentado sair nem que fosse pela descarga.

Comecei a pensar em nossa primeira viagem a Vegas na tentativa de me distrair do pânico crescente na boca do meu estômago.

Graças a Deus foi uma viagem de carro. Lembro de nós passarmos horas na estrada rindo e fazendo rodízio de música. Foi a última vez que a turma toda se reuniu pra valer. Passamos uma semana inesquecível juntos.

Se eu fechasse os olhos, ainda podia sentir a sensação do vento no meu rosto ao som dos Backstreet Boys, escolha de Anne, obviamente, ela estava naquela fase de adoração por eles.

Voltei minha mente para o presente ao lembrar de um detalhe.

- Onde vamos nos hospedar dessa vez? - Perguntei.

- Ué, no mesmo lugar de antes - Respondeu Anne tranquilamente.

Imediatamente enrijeci. Aquele lugar amaldiçoado não.

- Não podemos ficar em outro lugar? - Perguntei com a voz trêmula. Anne que até então folheava uma revista levantou os olhos para mim. Seu olhar era questionador, mas ela resolveu deixar para lá.

- Claro que podemos - Respondeu por fim e eu respirei aliviada.

- Obrigada - Murmurei baixinho e me virei para o outro lado sem dar espaço para mais conversa. Anne não sabia o que aquela viagem significou para mim. Eu nunca contei. As vezes até eu fingia que nunca aconteceu.

Claro que a maior parte da viagem foi um sonho, nós fomos para muitas festas, spas, cassinos. Aproveitamos tudo que a maioridade podia nos oferecer. Tom ficou tão bêbado em uma noite que caiu dentro de uma fonte no centro da cidade. Anne foi tentar ajudar e caiu antes mesmo de oferecer a mão, como eu disse ela era péssima para beber.

Só sei que no fim todos nós fomos expulsos de dentro da fonte por uns guardas que estavam patrulhando a área.

Foi uma noite marcante de muitas formas.

Fiquei o vôo todo ansiosa esperando o momento em que anunciassem que finalmente eu estava de volta em terra firme... Quando esse momento veio eu já tinha tomado cinco xícaras de chá e comprovado que não há escapatória pela descarga.

Saímos daquela máquina de Satã e fomos direto para o centro da cidade procurar um hotel decente. Pude vislumbrar pela janela do Táxi o mesmo hotel que nos hospedamos sete anos atrás. Ele continuava exatamente igual.

Olhei para o telhado, tinha tantas lembranças agridoces.

Anne digitava furiosamente em seu celular enquanto Tom se ocupava em me irritar para passar o tempo. Grande novidade.

Linha TênueOnde histórias criam vida. Descubra agora