Capítulo 9

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Sofia Adams – Março 2012

 
Eu estava tomando um café com Anne e Tom em uma cafeteria na esquina do hotel.
Desde que eu soube que o próprio demônio estava lá, evitava ao máximo estar também.
 
- E então, como você tem lidado com tudo? - Perguntou Anne, preocupada como sempre.
 
Fiz a desentendida.
 
- Com tudo quê? Eu tô ótima, para qual boate vamos hoje? - Perguntei sorrindo falsamente. Anne suspirou.
 
- Okay, Anne não quer te empurrar, mas eu não ligo, que porra foi aquela com o Hernandez no saguão? - Perguntou Tom. - Anne me disse que vocês tiveram uma espécie de briga anos atrás e ele meio que abandonou a gente todos esse anos, eu mesmo daria um soco nele se Anne deixasse, mas caramba, você parecia prestes a matar o cara a paulada. -
 
- Sorte dele que não matei. – Falei baixo bem no momento em que um carro buzinava sem parar do outro lado da rua.
 
 Tom ainda esperava uma resposta e dessa vez quem suspirou fui eu. - Ele não estava lá Tom, não estava. Nós precisávamos dele... Eu precisava. E ele não estava lá. - Respondi tentando não chorar. - Não adianta de nada estar agora. - Finalizei e tomei todo o meu café em um só gole. O líquido desceu queimando minha garganta, mas era melhor do que a sensação que se alojara no meu peito. Levantei indo no balcão pagar a conta.
 
Minha resposta pareceu ser o suficiente para os dois que levantaram em seguida.
 
Continuamos nosso turismo por Las Vegas e quando voltamos ao hotel no final da tarde apenas nos trocamos para sair de novo sem grandes encontros inconvenientes.
 
Fomos a uma boate e eu tratei logo de beber e dançar. Eu sei que eu estava fugindo dos meus sentimentos, eu tinha consciência disso, que toda a bebida e barulho eram um jeito de me esconder, Anne dizia que eu precisava de ajuda, que o tanto que eu bebia estava se tornando anormal.
 
Anne tentava se divertir ficando com um olho em mim, por que ela era, você sabe, Anne.
 
Um cara começou a dançar comigo e ele era tão lindo que deixei. Seu sorriso era fácil e debochado, seu cabelo loiro escuro estava despenteado de um jeito legal, casual.
 
- Qual o seu nome? - Perguntou no meu ouvido, seu hálito quente cheirava a whisky e cigarro.
 
- Sem nomes. - Eu disse e continuei dançando. Ele riu e aceitou. Após um momento voltou a falar.
 
- Sem beijos, também? - E olhou para minha boca.
 
Sorri e isso foi o suficiente. Ele avançou me beijando e mesmo com o leve gosto do cigarro no fundo seu beijo era maravilhoso. Era envolvente. Ele certamente sabia o que estava fazendo.
 
Todos os homens que eu encontrava há um ano eu trocava beijos e uns amassos. Nunca nada além disso.
Mas acho que os últimos acontecimentos me deixaram no meu limite por que a seguir eu o estava puxando para a saída.
 
- Vamos para outro lugar. - Eu sussurrei em seu ouvido e dei um beijo ali. Pude sentir seu arrepiar. Ele sorriu e me seguiu. Tão fácil.
 
Avistei Anne dançando com Tom milagrosamente distraída demais para me ver aprontando, mandei uma mensagem para seu celular para que ela não se preocupasse comigo, mas não me atrevi a chamá-la para que ela não me fizesse desistir.
 
Pegamos um táxi e acabamos indo para o meu hotel por ser mais perto. O estranho não parava de me beijar no carro e eu só conseguia agradecer a Deus por estar tão entorpecida que não pensava em nada.
Minha cabeça estava totalmente limpa de pensamentos ruins como há muito tempo não estava.
 
Entramos no hotel fazendo barulho e rindo alto, fomos para meu quarto parando em cada parede para nos beijarmos como dois adolescentes desesperados.
 
Quando finalmente chegamos e a porta se fechou atrás de mim, ele não perdeu tempo. Beijou-me como se não houvesse amanhã, logo minhas roupas estavam saindo e as dele também.
 
Nos deitamos na cama entre beijos, olhei em seus olhos verdes e hipnotizantes por um momento.
 
- Me faça esquecer. - Pedi intensamente como uma prece. Por favor, por favor, só me faça esquecer.
 
Ele sorriu e se inclinou beijando meu pescoço.
 
******
 
De manhã acordei com um braço ao redor da minha cintura. Imediatamente lembrei da noite passada ficando com vergonha. Acordei o homem ao meu lado aos cutucões.
 
Ele relutou, mas por fim abriu os olhos e imediatamente sorriu ao me ver.
 
- Bom dia, estranha. - Disse ele zombeteiro.
 
- Bom dia, estranho. - Respondi rindo. - Quer tomar um café? - perguntei mordendo os lábios, Deus eu tinha ficado enferrujada nisso. Ele sorriu, aparentemente achando graça da minha súbita falta de jeito. Eu não deveria ter vergonha de nada. Não é como se eu tivesse prometido uma noite de sexo, amarelado, chorado até soluçar e derramado toda a minha vida de merda nele até dormir.
 
Ah é, eu fiz isso.
 
- Claro, vou me vestir. - Disse se levantando e eu desviei o olhar. Ele percebeu e rindo foi para o banheiro com suas roupas, me dando tempo e privacidade para me arrumar também.
 
Após estarmos devidamente vestidos saímos do meu quarto. O que eu não esperava era ver Ethan do outro lado da porta prestes a bater. Arregalei meus olhos assustada, mas depois me lembrei que era uma mulher livre e independente de 25 anos, então relaxei.
Ele olhou profundamente para o estranho ao meu lado e para suas roupas amarrotadas. Em seguida seu olhar voltou para mim e endureceu. Levantei meu queixo, eu não tinha nada para me envergonhar.
 
- Bom dia, Hernandez. - Cumprimentei quebrando o gelo. Eu poderia ser educada uma vez.
 
- Bom dia, Sofia. - E dizendo isso me olhou mais uma vez longamente e saiu apressado. Era melhor assim.
 
- Uau, que clima - Disse o estranho ao meu lado rindo nervoso. - Mas serviu para eu descobrir seu nome... Sofia. É um nome bonito, combina com você. - Disse ele sorrindo, ele era sempre assim galanteador?
 
- Isso não é justo, agora eu não tenho o seu. - Cutuquei sua barriga brincando.
 
- Eu posso resolver isso - Disse estendendo a mão para mim. - Prazer, Mick James.
 
Endureci, o nome dele...
 
- Mick de Mickey? – Perguntei fingindo piada.
Ele balançou a cabeça. 
- Não, não, Mick de Mick Jagger, minha mãe é uma grande fã, sabe?

- Sei... –
 
- Vou te chamar de James – Disse despretensiosamente, era mais fácil assim.

- Claro amor, o que quiser. – Respondeu já me puxando pelo corredor.
Melhor, pelo começo desse dia sei que vou precisar muito de café.

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⏰ Última atualização: Sep 15, 2022 ⏰

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