CAPÍTULO 17

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Quem tiver interesse em acompanhar minha rotina de escrita e saber mais sobre o processo de lançamento desse livro (pois vai virar livro físico ><), me segue no insta: diario_deumaescritora_

BOA LEITURA! ><

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Fui tomando consciência do meu corpo aos poucos, meus músculos doloridos e pesados foram as primeiras coisas a chamarem minha atenção. Meu estômago roncou de fome, antes de abrir os olhos, molhei meus lábios com saliva, preparada para dor que se seguiria quando me mexesse. Apertando os olhos bem fechados, preparada para as fisgadas insuportáveis no estômago, me mexi mas nada doeu. Quando abri os olhos virei a cabeça para um lado, para o outro, e nada de dor de cabeça. Pigarreei, esperando a garganta latejar e arranhar de dor, nada. Com uma das mãos, massageei as têmporas preparadas para a dor que me atingiria na cabeça, como tem sido nos últimos dias, no entanto, a única dor veio dos músculos do meu braço e ombro, doloridos como se eu tivesse feito horas na academia em sessões com alteres de dez quilos. Com mais coragem, decidi arriscar, e me sentei na cama devagar, esperando uma dor me atingir a qualquer momento, de qualquer lugar, mas o único desconforto foram nos músculos, braços, pernas, ombros. Soltei o ar que não percebi que prendia, aliviada. Acabou. Finalmente acabou.

Mesmo diante da situação de ser uma híbrida, sorri aliviada pela dor ter cessado. Mesmo após anos sendo espancada por meus pais, nunca vivenciei tanta dor como essa da mudança. Durante a primeira invasão que presenciei na sala de câmeras - a primeira da minha vida -, levei alguns socos, chutes, fui lançada contra a parede algumas vezes, e digo com toda a certeza, dormir por aqueles dias foi horrível. Porém, nem mesmo as dores daquele dia se comparam as dores dessa mudança. Realmente achei que fosse morrer em alguns momentos. Para minha sorte, essa é a segunda mudança que passo, e última.

"Espera... Quanto tempo?"

Só então tomei noção das coisas. Não estou em minha casa, não estou na casa de Lia, e não estou onde me lembro de ter estado pela última vez, em meus breves períodos de consciência.

"Isso não me parece bom..."

Devagar, escorrego do centro da grande cama de casal King Size na qual me encontro. Quando meus pés tocaram o chão, um dos meus joelhos falhou, e quase fui ao chão, contudo, me recuperei no último minuto, segurando a beirada da cama com toda força que meus braços doloridos me permitiram. A cama é alta, mais alta do que acho necessário. O quarto, todo mobiliado e decorado num estilo moderno gótico, em cores preta e cinza claro, me lembraram um escritório corporativo, com a óbvia diferença de ter o mobiliário de um quarto ao invés de mobiliário de um escritório.

"Elegante e de muito bom gosto."

As lembranças dos últimos acontecimentos voltaram como uma enxurrada, tudo o que aconteceu nas minhas últimas horas de consciência, impediu que eu acordasse animada e esperançosa. Pensar que "tudo vai ficar bem" pareceu uma mentira, e parei de pensar positivamente no momento em que engoli a primeira golada de sangue. Um arrepio correu pelo meu corpo.

"Então Elisângela acertou. Sou uma híbrida..."

Me dirijo a uma porta lateral dentro do quarto, confiante de que fosse o banheiro, e respiro aliviada quando vejo estar certa. O vestido do jantar está colado em meu corpo, como uma segunda pele, mas tiro rapidamente para concluir minha higiene, antes que Elisângela - ou qualquer pessoa - apareça para me ver. Quando entro debaixo do chuveiro, minha pele arde, o que prontamente ignoro. O primeiro suspiro de alívio saiu dos meus lábios quando espalhei o sabonete líquido pelo meu corpo, mesmo com os músculos doloridos, e com a pele ardendo, a sensação de um banho é incrivelmente maravilhosa. Sem nenhum shampoo a vista, uso o sabonete líquido para lavar os cabelos, que estavam oleosos e fedidos, mesmo sabendo que quando for desembaraçar na próximo banho, me arrependerei amargamente por ter usado um sabonete líquido no cabelo. Por hora, ignorei, tentando aproveitar a sensação da água morna em todo o meu corpo. Somente por um momento, quero esquecer todos os problemas que vou enfrentar daqui para frente. Quero alguns minutos de paz, de normalidade, assim como quando cheguei a essa alcateia. Quero uns minutos de paz.

Revelação -  Série One WolfOnde histórias criam vida. Descubra agora