Ferida

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Olá!

Essa história foi feita totalmente baseada em uma fanart e em uma ideia que tive há algum tempo, mas que nunca escrevi. Então, eu basicamente juntei uma ideia com a outra e essa one-shot surgiu.

AVISO: Não há nada gráfico em termos de crimes contra crianças e a única coisa +18 da fic é a mais pura pegação Eruri.

Espero que gostem!

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Enquanto dirige, Erwin está muito ciente da queimação em seu braço direito, alguns centímetros abaixo de seu ombro. A camisa está grudada em seu corpo, não apenas pelo sangue que se espalhou por ela, como também pelo suor causado pela dor do esforço de dirigir. Não há outra forma, no entanto. E é por isso que ele segue mudando as marchas, fazendo uma careta quando o movimento é brusco demais apesar do todo cuidado que toma. Pelo menos o torniquete que ele improvisou - algo mal feito com uma de suas gravatas que estava no porta malas - consegue impedir que ele sangre mais que o necessário.

Em uma rápida avaliação, ele sabe que teve sorte. A distância, a arma de pequeno calibre e seus reflexos garantiram que o dano não fosse maior. E ainda que ele esteja sangrando, ele sabe que não atingiu nenhum vaso importante, nem nervos, pois por mais que a dor cause uma espécie de dormência em seu membro, ele consegue o movimentar sem grandes problemas.

Sua mente é uma bagunça de informações. Uma revisão do que acabou de vivenciar e do que precisa fazer agora. Ele sabe que não há itens para primeiros socorros no seu quarto de hotel e por mais que possa obtê-los em qualquer drogaria, a compra chamaria atenção numa cidade daquele tamanho. Naquela pequena cidade do interior tudo é motivo de fofoca e provavelmente no dia seguinte alguém já o estaria questionando sobre os itens. Da mesma forma, ir para um hospital estava fora de cogitação. O dano era pequeno e podia ser cuidado em casa, mas ele precisava de ajuda e só a conseguiria em um lugar. Ainda assim, ele só se dá conta da própria escolha quando se vê dirigindo para o lado oposto da cidade.

Quando Erwin finalmente estaciona o carro, ele precisa de um longo minuto para respirar fundo e relaxar. A dor aumentou muito nos últimos minutos, mas ele não está realmente surpreso. Ele pega o paletó no banco do passageiro, grato que a chuva que cai tenha amenizado o calor sufocante do verão sulista. Ele joga a peça de roupa sobre os ombros, garantindo que a mancha de sangue esteja bem escondida, e sai do veículo com uma pequena mala segura em sua mão esquerda, entrando no beco a poucos metros de onde parou.

Ele poderia ter parado o carro na rua paralela e usado a entrada do prédio, mas a verdade é que ele não quer chamar a atenção para sua própria aparência. Além disso, é início da noite e naquele horário a senhora que mora no segundo andar irá, invariavelmente, abrir a porta de sua casa e ver quem chega. Se ela vê-lo chegando sozinho, ele será convidado para entrar em sua casa e ver fotos de seu filho, mesmo que seu marido odeie a presença de pessoas como Erwin ali.

Ele ainda se recorda de seu parceiro contando que um dia, muitos anos atrás, o filho do casal não voltou do trabalho e nunca mais foi visto. A polícia não tinha pistas do que aconteceu e enquanto o marido da senhora nutria um claro ódio pela força policial que nunca os ajudou, a mulher se apegava a cada passo que ouvia do lado de fora de seu apartamento entre às 6 da tarde e 8 da noite, como se um dia o homem fosse retornar. Ela sempre os convidava para entrar e ver fotos do seu filho, para talvez ajudar nas investigações, e seu parceiro - que ocupava um apartamento no andar seguinte - prontamente lhe dizia que aquele caso não era mais jurisdição deles.

"Nunca a deixe saber quem você realmente é, Smith. Se ela souber, você nunca mais vai ter um momento de paz".

A frase tinha sido uma recomendação clara ao término da história e Erwin sabia que o outro homem estava certo. Ao mesmo tempo, ele não tinha certeza que teria o mesmo sangue frio em simplesmente recusar o pedido daquela mãe desamparada se estivesse sozinho. Então ele não podia se dar ao luxo de ser visto entrando no prédio.

[+18] What good can come of this? - EruriOnde histórias criam vida. Descubra agora