Injustiça

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O plano inicial era fazer apenas uma one-shot nesta temática, mas eu gostei tanto de escrever este estilo que decidi fazer uma continuação. Essa segunda one-shot é baseada num desafio de escrita onde ganhei a palavra "Unfairness" como tema. Então, antes de tudo, alguns avisos:
1. Pensem no Zeke como mais velho do que o Erwin e o Levi (entre 45 e 50 anos).
2. Essa história faz referência a crimes contra crianças e adolescentes, está é uma versão mais gráfica, então se não curtirem esse tipo de coisa, sugiro que leiam a versão clean  no spirit (@iamlosingtouch).
3. Quando lerem tenham em mente que eles estão no começo dos anos 90, no interior sulista dos EUA e a realidade é tanto diferente da nossa.
Obrigada, espero que gostem!

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Amanheceu há cerca de duas horas e já é possível dizer que o dia será bastante quente. É verão no sul, então isso não é exatamente uma novidade. Erwin dormiu mal no pequeno quarto abafado do motel. Sua mente vagueia para como teria sido mais fácil dormir com Levi: as janelas abertas, o ventilador ligado, os dois deitados lado a lado, tarde da noite, depois de um banho frio e, naquela manhã, teria tido um bom café preto e não aquela água escura requentada que tinha conseguido no meio do caminho.

Ele balança a cabeça, afastando os pensamentos de sua mente. Está quase chegando a cena do crime e é esse o foco. Se os primeiros meses de investigação foram morosos, agora eles são caóticos. Uma mistura de achados e informações que parecem levar a todo lugar e a lugar nenhum ao mesmo tempo.

Ele se aproxima da barreira policial formada no meio da trilha. Existe um policial dizendo que os corredores matinais precisam voltar, alguns cães com seus donos parecem particularmente agitados antes mesmo de chegarem naquele ponto do caminho, pressentindo que há algo de muito errado em algum ponto mais adiante.

Ele cumprimenta o policial que levanta a fita de isolamento e o permite passar com o carro, parando na fileira de viaturas e carros particulares que chegaram ali antes. Ele saiu do veículo, deixando o café ruim para trás e indo em direção a Nanaba, uma policial fardada parada ao lado de sua viatura, parecendo dar - ou receber - instruções pelo rádio. Ela sorri fraco para ele assim que o vê, dizendo meia dúzia de palavras no comunicador antes de cumprimentá-lo.

"O que temos aqui, Nanaba?", Erwin para o lado dela, apoiando-se na viatura.

"Cena do crime: um adolescente do sexo masculino, entre 12 e 15 anos, brutalmente assassinado. Parece ter tido alguma espécie de perseguição e ele foi morto no local. Sem sinais do suspeito. Achado há cerca de 50 minutos por um corredor. Vítima ainda não identificada. Acabei de solicitar dados de qualquer adolescente desaparecido na região que preencha as características físicas, pois ele não parece ser local. Levi está lá embaixo", ela indica um declive que leva a planície próxima do rio.

Erwin agradece e anda em direção ao declive. Seu olhar demora longamente pela vegetação em busca de qualquer alteração no local. Sua mente começa a criar teorias e ele fica alerta a tudo à sua volta. Quantas vezes um mínimo detalhe que passou despercebido por olhos menos atentos seria responsável por desvendar um mistério? É difícil admitir, mas o fato é que a força policial é bastante falha e pistas costumam ser perdidas por investigadores pouco competentes.

Ele faz notas mentais do que vê à sua volta, enquanto começa a trilhar o caminho até a cena de fato. A voz de Levi surge antes de qualquer imagem e desviando um pouco a cabeça da vegetação ele consegue observar o motivo do burburinho.

"Como você ousa pensar em fumar numa porra de cena de crime? Guarda essa merda antes que a enfie no seu cu", Levi está parado no meio da clareira, de costas para Erwin, os braços cruzados e o corpo voltado para um policial que se atrapalha com ao ser repreendido pelo menor.

[+18] What good can come of this? - EruriOnde histórias criam vida. Descubra agora