Musachimpo acorda olhando para o céu nublado, estava em uma carroça, que era guiada pelo orangorango e a seu lado sua massiva nagamaki, uma espada com cabo duas vezes maior que o normal, para acomodar o estilo de luta bruto de Gutan, um mestre de Jiàngyóu tal qual Musachimpo, ambos tiveram a mesma professora. Mas por questões pessoais, Gutan Nobunaga havia se afastado de ambos, o que culminou no assassinato de sua mestra.
– Você engordou. – Diz Musachimpo.
O condutor apenas sorri, mas foi percebido com suas imensas bochechas pelo ferido Ronin deitado.
Seu quimono rosa repleto de flores e garças eram uma manifestação direta do temperamento de Gutan, seus grandes pelos laranjas em alguns lugares trançados para não atrapalharem nos movimentos caso tivesse que lutar, era o único que sempre optava por não o fazer até ser o último recurso, mas uma vez obrigado a tal, os relatos eram apavorantes.
Musachimpo se lembra da vez quem lutaram contra um bando de bandidos, muitos anos atrás, o dia em que viu um cavalo e seu ocupante serem cortados ao meio, tal qual cinco homens mortos com apenas um golpe, embora não tenha sido Gutan o responsável por tais feitos, esta foi a memória que veio à mente de Musachimpo. E se lembrou que na época lutava só com sua katana, e assustado ao se lembrar delas as procuram a sua volta, e não as encontra. Apenas para ver que Nobunaga segurava ambas com uma das mãos.
– Vou devolvê-las assim que te deixar no médico. –
– Não confia mais em mim? –
– Na falta de melhor palavra ... não, eu não confio em você nem um pouco. – Olhando-o de canto, afim de mostrar a seriedade.
– Acha que eu iria te atacar assim? –
– Não sei, mas se o fizesse eu teria que te matar, e não quero ser conhecido por derrotar um macaco velho e ferido. –
Levemente ofendido, mas entendendo a posição de seu ex-colega de classe, o Ronin descansa nos fundos da carroça e adormece novamente.
Chegando ao médico que havia na cidade de Beijing, já anoitecia e Gutan estava com muita fome, após deixar o adiantamento pelo tratamento com o médico, ele pega algumas ataduras e alguns panos e amarra as espadas de Musachimpo e as prende em sua cintura, ao sair da pequena casa que era um hospital para os párias da sociedade, ele vê alguns jovens olhando a carroça e o cavalo, com nítidas intenções de roubá-los.
Gutan apenas sinaliza com as mãos e com um sorriso que eles poderiam levar ambos, e apenas um insiste em continuar com o roubo, mas é impedido pelos demais jovens que temiam aquele velho macaco gordinho de olhos gentis. E quando esse menino mais insistiu e desceu da carroça com uma faca em punho todos os outros correm por suas vidas, o que o assusta e o faz virar a cabeça procurando seus comparsas que já estavam longe, o macaco vai tranquilamente até ele e segura a mão e a faca, que não corta a pata que ele chama de mão, sua pele não é ao menos ferida pelo fio inexistente da faca. O menino tenta se desvencilhar, mas a força absurda do olanrotango não permite que ele se vá.
Com a outra mão ele checa o fio e se decepciona, o menino já chorava de medo, mas sempre com um sorriso sincero no rosto, Gutan caminha com ele como um pai caminhando pelas ruas com seu filho, e vai até uma cutelaria que já fechava, retira algumas moedas de seu bolso e sem falar nada dá ao cuteleiro que não entendia nada, mas ainda assim amola a faca rapidamente e a devolve. Gutan agradece com um aceno com a cabeça e entrega ao menino a faca amolada e finalmente o deixa ir.
O jovem tremia de medo no chão enquanto o macaco se despedia e vai continua a caminhar, quase sendo atropelado por um bonde que passa rente a ele, essas novas tecnologias eram difíceis de se acostumar, telégrafos, bondes, locomotivas, tudo isso o fazia se sentir inadequado, e o fez querer ir para o lugar onde estava a profissão mais antiga.
Queria beber um pouco, sabia que não veria nenhuma olangotanga lá, mas mesmo as humanas eram agradáveis de se ver dançando, talvez receber uma massagem.
Checou quanto dinheiro havia recebido para dar cabo de Musachimpo, e constatou que nem queria uma massagem de verdade, talvez apenas beber bastante.
Recontou o dinheiro.
Beber um pouquinho apenas para espantar o frio da noite, e relaxar, ele sabia que seu alvo era resiliente demais para passar mais do que uma noite inteira se recuperando. Talvez de manhã ele devolveria as espadas e assim poder duelar de igual para igual, uma vez que certamente não estaria de ressaca, pois não tinha dinheiro para tanto.
Gutan caminha até o bordel, no caminho ajudou uma criancinha que havia caído no chão e chorava, fez algumas bobeiras ara fazê-la sorrir novamente, recebeu uma paulada da mãe assustada que fugiu logo em seguida com sua filha. Era realmente BEM difícil irritá-lo. Ele logo chega no distrito da luz vermelha, os homens da entrada deixaram-no entrar sem maiores problemas.
O velho langorango chama a atenção por onde passa, pois portava três espadas, muitos não o reconheceram mas se afastaram assim mesmo, uma vez que a fama desses macacos samurais não era das melhores, mas ele viu muitos estrangeiros brancos olhando para ele com uma mistura de admiração e confusão, decidiu aproveitar a oportunidade e foi até eles e até foi bom recebido, pois era uma excentricidade do oriente, Gutan se aproveita da "generosidade" deles e bebe bastante, canta, e dança sem nenhum deles entender nada, até ouvir uma confusão no andar de baixo. Em poucos segundos o urro ecoou pelo bordel silenciando-o de cima a baixo, a voz alta e chamativa o que deixou os gringos apavorados, que logo chamaram seus seguranças. Gutan aproveitou para acabar com as bebidas na mesa.
Em poucos minutos a briga começa no térreo e vai subindo os andares. Madeira, copos, braços, costelas e pernas se rompiam a todo segundo, enquanto algumas pessoas gritavam outras riam. E em pouco depois uma nodachi muito surrada, suja pelo uso constante, com cabo preto quase quebra a mesa ao bater contra ela com tanta força, Gutan percebeu pela proximidade as intenções do dono da imensa nodachi.
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Los Siete Samurales
HumorNa China da virada do século passado um seleto grupo de espadachins enfrentam o maior desafio de suas vidas, eles mesmos. Uma história de venganza e destino, só que não. Mas talvez sim, depende do ponto de vista, meu argumento é: Leia, e se for bom...