Capítulo 9 - Miyamoto Musachimpo

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O chimpanzé havia saído de Beijing fazia algumas semanas, pulado em um local ermo para descansar e só então poder focar na busca pelo traidor Lemuryasu, o verdadeiro assassino de sua mestra, ele ainda não sabia as motivações que o levaram a isso, nem o porquê de tê-lo feito acreditar que havia sido Takamori, talvez por saber a repercussão que a morte dele teria na sociedade, a legião de fãs, seguidores e recrutas, tudo isto porque ele era um macaco fofinho, saguis realmente são fofinhos, podem pesquisar.

Ele caminha pelas montanhas e florestas, meditando sempre que podia, tentando afastar os sentimentos negativos, uma das centenas de conselhos que a sábia bonobo havia passado para ele, seu primeiro e mais hábil aprendiz, depois Gutan o prodígio e Lemuryasu o jovem rebelde. Cada um seguiu seu caminho, após receberem o título de mestres de Jiàngyóu. Musachimpo foi trabalhar com o exército, Gutan foi aprender novas técnicas pelo mundo afora, e Lemuryasu ficou no dojo para herdá-lo quando sua mestra se fosse, mas parece que ele não esperou pela ordem natural das coisas e a assassinou por pura ganância.

As semanas se transformaram em meses até que ele desceu a montanha em busca de Lemuryasu, mesmo nas pequenas vilas viu cartazes de procurado com seu rosto nele, e se perguntou o porquê de não estar escrito apenas, "Procura-se Chimpanzé." Pois certamente era o único Chimpanzé em toda China na época. Além do fato de possuir duas espadas japonesas.

Não ficava muito tempo em lugar nenhum, e pelas andanças chegou aos campos de arroz, e lá viu uma coisa inusitada, os filhos de Bob e a Rainha Vermelha, as crianças estavam ajudando uma babuína no plantio de arroz, imaginou que estivessem visitando a irmã do Roberto ou algo assim, ele as cumprimenta de longe, o menino esboça uma reação, mas logo recebe um tapa na cabeça de sua irmã e ambos voltam a se concentrar nas mudinhas de arroz.

Ele sente-se mal por ter sido deliberadamente ignorado, mas imaginou ter sido uma ordem dos pais deles para evitarem se envolvam com alguém tão procurado e que poderia trazer risco para todos a sua volta, ele deveria cumprir logo sua missão ou mais pessoas inocentes poderiam se ferir ou morrer. Sábias crianças.

Ele continua sua jornada de lutas quase diárias, depois lutava mais de uma vez por dia, colhia informações sobre Lemuryasu com todos os que desistiam ou sobreviviam ao tê-lo enfrentado, notou que a cada dia mais e mais caçadores de recompensas usavam armas de longa distância. E em uma dessas oportunidades soube que Lemuryasu estava na cidade vizinha, então mandou um garoto de recados e esperou no mesmo campo em que havia derrotado Takamori, e lá se sentou tentando acalmar sua fúria, não estava sendo bem sucedido em tal.

Quis fazer as pazes consigo mesmo e medita durante o dia enquanto relembrava de seu embate com Sagui Takamori, mais um inocente morto pela sua sede de vingança, e deveria ser ali, o local para vingar sua mestra e Takamori, nos campos de Sangke de Xiahe, até onde o olho alcançava, colinas e mais colinas sob o sol que era encoberto por nuvens de chuva pesadas, que bailavam ao vento. Ao longe já chovia e via-se os raios, poucos segundos depois, os trovões. Muito fortes a princípio, mas logo eram suplantados pelas passadas do cavalo, e das armaduras dos samurais que os cavalgavam por suas memórias.

Musachimpo ofegava ao fugir da cavalaria, apenas para que os cavaleiros ficassem minimamente distantes uns dos outros, para que ele pudesse derrubar individualmente cada um, os cavalos eram mais resistentes, mas ele conseguia manobrar com mais facilidade, e agora que estava correndo com quatro pontos de apoio, via-se apenas o trigo balançando até ele vir por debaixo e cortar as tiras de couro que seguravam a sela, e assim que os discípulos de Takamori estavam no chão, sem a mobilidade de seus cavalos, suas naginatas não eram rápidas o suficiente para parar um mestre de Jiàngyóu, no chão em um duelo. Ele não podia cometer erro algum também, pois em breve outros samurais viriam e certamente o matariam.

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