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Harry não estava feliz com aquela situação.

Honestamente, já fazia alguns anos que ele não estava feliz em situação alguma da sua vida miserável, mas era especialmente ruim naquele momento ao entardecer, no qual se encaminhava para outra terrível missão não requisitada na temida mansão quase abandonada na colina, a qual supostamente abrigava um vampiro solitário, ou talvez apenas alguns morcegos que ajudaram a originar o boato sobrenatural que era conhecido pela a cidade.

Naturalmente vampiros existiam e a família Styles cultivava uma longa tradição como caçadores dessas criaturas, mas o cacheado era diferente dos seus parentes em muitos aspectos, talvez só preservasse os olhos intensamente verdes e os cachinhos achocolatados de alguns membros. Seus familiares eram excelentes em empalar vampiros como se matassem uma mosca e cravar estacas em seus corações a sangue frio, mas ele queria muito mais e também muito menos, pois seus desejos eram simples e também distantes, desejava viver uma paixão como as que lera nos livros e queria expressar as belezas que seus olhos capturavam exatamente como seu coração sentia. Ele queria cantar suas alegrias apaixonantes e conhecer os lugares notáveis do mundo, mas já começara a pensar que aqueles sonhos seriam meramente devaneios para as constantes noites de insônia.

Seus parentes nem poderiam sonhar com seus desejos e sonhos ocultos, não quando o mandaram naquela mesmíssima missão como uma espécie de castigo por ser como era, por ser delicado e diferente em tantos aspectos dos membros daquela família:

- Mate aquela criatura demoníaca e prove que você é um homem de verdade - fora o conselho recebido de sua mãe antes de partir, carregando sua mochila repleta de utensílios perigosos e desejando jamais ter nascido. Harry ansiava pelo momento em que iria diretamente ao inferno, pelo menos de acordo com a maioria dos seus parentes.

Diversos ataques de vampiros haviam ocorrido durante os últimos anos e ninguém conseguira capturar o ser, que curiosamente não sugava a maioria das suas vítimas ao máximo da maneira como os demais seres das trevas faziam, mas as marcas de presas nos pescoços eram evidentes quando encontravam as vítimas na floresta que cercava a mansão, foi assim que o tal boato se originou, contando que aquela seria sua habitação.

O cacheado chega à mansão quando já anoitecia, sendo o momento perfeito para encontrar um vampiro, o que o apavorava profundamente. Ele estava convencido de que conseguiria realizar um excelente trabalho como caçador se aquela fosse a sua vontade, pois ele costumava ser ótimo quando realizava as atividades com paixão verdadeira, mas tinha certeza que seria um desastre naquela missão, pois nem ao menos conseguira um resultado positivo nos testes simples feitos durante as semanas anteriores com sua família, nos quais ele ficava inseguro e incapacitado de matar mesmo uma mosca indefesa, mais ainda um coelho, como pretendiam que ele fizesse no preparo à missão. Não era um comportamento adequado para aqueles que deveriam agir sob estresse e ainda serem capazes de cravar estacas nos corações alheios.

Aquela era uma missão suicida para o cacheado, até mesmo seus familiares sabiam disso, comentando coisas terríveis por suas costas. Quando fora anunciado como caçador, os olhares severos transformaram-se em falsa piedade enquanto as brigas tornaram-se mais frequentes entre seus progenitores. Harry já ouvira seu pai declarar que ele morreria naquela missão, ouvira com todas as palavras quando disse que sua fraqueza seria sua ruína e que jamais conquistaria algo enquanto não mudasse sua maneira de ser.

Foram palavras duras, mas também libertadoras, pois finalmente ouvira o que sempre estivera implícito e que o liberava da pressão de não atender às suas rigorosas expectativas - se o garoto realmente morresse naquela missão, aquelas palavras assombrariam seu descanso, pois fora o último momento em que o pai dissera seu nome, sem despedir-se quando saiu naquela tarde.

ᴡʜᴇɴ ɢʀᴇᴇɴ ᴇʏᴇꜱ ᴍᴇᴇᴛ ʀᴇᴅ ᴏɴᴇꜱ • ʟᴀʀʀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora