ᴡʜᴇɴ ɢʀᴇᴇɴ ᴇʏᴇꜱ ᴍᴇᴇᴛ ʀᴇᴅ ᴏɴᴇꜱ • ʟᴀʀʀʏ

💚💙

Os dois jamais tiveram uma noite tão agradável quanto a que eles passaram juntos, o calor do cacheado contrastando com a frieza do vampiro, que inspirava o delicioso cheiro proveniente de seus cachos e sentia o pulsar tranquilo de seu coração enquanto abraçava o seu corpo delicado, mesmo que esse fosse maior, admirado por cada detalhe do jovem que o encontrara naquele casarão solitário como uma perfeita obra do destino, mesmo com tantas diferenças mantendo-os distantes em circunstâncias comuns. O imortal jamais imaginara que poderia sentir algo tão profundo novamente, mas o humano adormecido em seus braços era muito melhor e demasiado surreal para ser previsto por sua imaginação limitada.

Louis simplesmente o observa durante alguns minutos após acordar e antes de levantar do seu ninho de afeto e proteção, logo descobrindo o barulho da chuva torrencial que provém, em suas nuvens escuras, a segurança necessária para que se exponha ao exterior pouco movimentado durante horas usualmente impossíveis para ele, retornando à residência logo em seguida trazendo os mais deliciosos croissants da cidade num saquinho de papel pardo tradicional, a tempo para acordar o cacheado com carícias e beijinhos. Os seus sonhos fantasiosos são dispersos, mas ele continua vivendo um sonho quando desperta com os carinhos e, após um breve banho frio para acordar, depara-se com a mesa disposta delicadamente com os melhores sabores de croissant e um bule contendo seu chá preferido na temperatura ideal.

Jamais acordara mais feliz ou completo, observando a chuva enquanto se aconchega com o companheiro no sofá confortável da sala, diante das janelas grandes demais para alguém que evitava o sol, mas que eram perfeitas naquele momento. Absolutamente tudo estava perfeito naquela cena, inclusive o horário da entrega de suas roupas.

As batidas na porta ocorrem com pontualidade e o vampiro prontifica-se a atender, movendo numa velocidade inumana e sendo seguido pelo tranquilo cacheado, que se certifica da maneira como era coberto por seu pijama antes de aparecer à porta, ficando surpreso quando descobre o próprio proprietário do ateliê conversando tranquilamente com o vampiro, sorrindo simpático quando o percebe surgindo timidamente, embora continue o assunto antes de entregar alguns pacotes ao seu cliente de muitos anos. Tomlinson concorda diversas vezes com algo que esse tagarelava, até cessarem a conversa durante alguns segundos:

- C'était encore un plaisir – o costureiro enfim fala algo compreensível pelo britânico e os dois apertam as mãos enquanto o vampiro concorda com acenos de cabeça.

- Mon plaisir.

- Merci, monsieur Tomlinson – ele agradece novamente, acenando em seguida para o cacheado ainda distante deles, para preservar a própria imagem naqueles trajes, embora esse seja muito simpático quando se refere ao presenteado pelos trajes. – Enchanté, monsieur...

- Styles – o jovem responde quando percebe que o costureiro desconhecia seu nome, sendo igualmente formal ao dizer apenas o sobrenome.

Quando a porta se fecha após a partida do proprietário do atelier, os pacotes delicados caem descuidadamente no chão quando seu sobrenome parece ecoar pelos cantos do apartamento, principalmente na mente turbulenta do vampiro, que não parecia o mesmo homem que o tinha seguro nos braços há apenas alguns minutos. Harry percebe tantos sentimentos em suas írises vermelhas quando o observa, cauteloso pela súbita mudança que testemunhava, pois os trovões estavam prestes a intensificarem naquela tempestade que soprava no exterior e que estava mil vezes mais devastadora nos pensamentos mais secretos do imortal.

Nesse momento que o cacheado percebe o seu enorme erro, quando vê os olhos do vampiro fitando-o como se fosse um inimigo, como se não tivesse afagado seus cabelos até dormirem naquela noite passada, como se não o adorasse perdidamente. Sua mente retorna à Inglaterra, quando era um jovem amedrontado desejando a morte, quando sentiu vergonha de sua família repleta de caçadores com os quais compartilhava apenas carga genética, tendo ocultado o seu sobrenome para evitar maiores constrangimentos, como o sentido naquele momento.