ᴡʜᴇɴ ɢʀᴇᴇɴ ᴇʏᴇꜱ ᴍᴇᴇᴛ ʀᴇᴅ ᴏɴᴇꜱ • ʟᴀʀʀʏ

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- Você vira morcego? – é a primeira coisa que o mais jovem fala quando vislumbra o vampiro naquela noite, antes mesmo de cumprimentá-lo como sempre fazia.

- Não, mas boa noite. Estou bem e com você? – o imortal responde ironicamente, vendo as esmeraldas do outros serem dramaticamente reviradas, assim acabando por sorrir suavemente quando esse retorna ao preparo da macarronada que seria seu jantar.

- Que pena, deve ser muito legar sair voando por aí – ele suspira longamente enquanto mexe o molho vermelho como sangue pálido, embora fosse apenas a coloração dos tomates utilizados, olhando para o vampiro por cima do ombro. – Além de que morcegos são muito fofinhos com aquelas presas pequeninhas, então você ficaria adorável em dobro como morceguinho.

- Então você acha que eu sou adorável?! – o vampiro sorri ladino diante daquela escolha de palavras, recebendo sua resposta com o silêncio completo do humano, que ruboriza por trás das madeixas cacheadas que adornavam sua bela face quando desvia o olhar novamente.

- Eu acho que vai chover hoje – ele esquece momentaneamente o assunto dos morcegos ao continuar com a mudança repentina de assunto, escolhendo falar sobre o clima, que é um clichê para constrangimento, assim demonstrando seus sentimentos, embora continue fitando o molho preparado, sem perceber como os olhos vermelhos do vampiro brilhavam em admiração.

Louis realmente adorava o clima pouco ensolarado inglês, principalmente por sua condição que exigia cuidados redobrados com a exposição à luz solar, mas o perceptível desejo que o cacheado tinha de viver sua liberdade fizera que tomasse uma decisão há poucos dias enquanto o rapaz demonstrava muito interesse num livro sobre as belezas europeias, fazendo muitas perguntas e ouvindo atentamente enquanto o vampiro contava das cidades em que vivera desde que fora transformado durante uma crise de peste bubônica. Fora encontrado vagando perdido pela pequena cidade francesa em que crescera e que logo deixou, desesperado pela situação de sua família e temendo a própria morte tão ardentemente que não hesitou em implorar para que o tornasse imortal quando foi encontrado definhando por um misericordioso vampiro de beleza inegável em seus olhos vermelhos e nos cabelos louros, o qual teve interesse imediato nele, interesse em sua juventude e em sua inocência.

Assim conviveram durante meio século como amantes e parceiros, até que se tornou menos interessante que uma jovem americana com cabelos vermelhos como fogo e ficou assistindo o luxuoso navio onde o companheiro partiu afastar-se do porto, ficando assim, literalmente, a ver navios. O consolo de sua tristeza estava apenas nas suas adoradas casas em ruelas simpáticas e boêmias em distintas cidades, cheia de lembranças que se tornaram lixo a ser queimado sem piedade quando renovou cada cantinho, adequando às modas das diversas décadas que viveu imortalmente e ao seu gosto pessoal, pois não lhe faltava dinheiro desde que aprendeu como investir os milhares de euros deixados pelo outro em sua conta bancária, sendo uma modesta quantia em comparação aos crescentes milhões do outro.

Ele apenas encontrara uma boa amizade após anos de solidão, outro vampiro carismático e de princípios semelhantes aos dele, que infelizmente fora morto por caçadores num amanhecer e deixado para queimar ao sol. Tomlinson afundou-se em tristeza quando soube as tristes notícias, mofando juntamente com seu dinheiro até encontrar alguém que reconhecia ser importante e merecia ser imensamente feliz enquanto conhecia os lugares bonitos que sempre sonhara.

Assim, após sua breve refeição, retornou animado para casa para contar sobre seus planos, contendo a vontade de abraçar o cacheado por trás enquanto esse olhava pela janela:

- Faça suas malas! – ele pede num tom ameno e com um sorrisinho ladino, que some quando percebe o corpo do cacheado tensionando imediatamente, como se o temesse, exibindo aquela emoção quando se vira lentamente em sua direção.