Um Cacto Para Gaara

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Eram treze horas e vinte e dois minutos.  O jardim onde aconteceria o casamento já estava pronto, os convidados chegando lentamente, inclusive os demais kages que iriam comparecer a cerimônia. Era certo que o lugar era lindo para o casamento, as árvores acrescentavam um toque a mais de natureza, assim como a fonte de água. As decorações estavam lindas, e isso todos notavam quando entravam no enorme jardim. A ansiedade tocava todos. 

Mas ao contrário de todos esses convidados, Gaara e Shira ainda estavam no hotel se arrumando. Cada um se arrumando em seu próprio quarto de hotel, ambos só queriam se ver quando estivessem prontos, mesmo que nenhum dos dois tivesse combinado isso. 

Shira terminava de colocar corretamente sua camiseta para dentro da calça e Gaara abotoava os botões de sua camisa. Ainda não estavam se falando desde a noite anterior, por escolha de Shira que ignorava todas as falas do ruivo. Não era por mal, ele queria sim falar com Gaara, mas ainda estava tão mexido com a noite passada que não conseguia nem olhá-lo nos olhos.

Há muito tempo atrás, quando ele tinha se decidido sobre seus sentimentos pelo Sabaku, havia decidido que não iria forçar a barra caso o ruivo o rejeitasse quando ele se declarasse, porém, não estava preparado para isso ainda. Era inevitável não ficar chateado com isso, pois além de ter tido seus sentimentos rejeitados, nada seria como antes entre eles.

Mas, sua decisão estava tomada.

Assim que retornasse para Suna, iria cumprir seus anos no esquadrão especial de seus pais, pois só assim, poderia deixar Gaara em paz para ser feliz e tentar apagar esses sentimentos tão profundamente cortantes de seu peito. Enviou uma mensagem ao seu pai, logo que acordou, comunicando seu retorno ao esquadrão. 

Mas enquanto essa decisão não era colocada em prática, ambos queriam se arrumar o suficiente para se surpreenderem. Shira gostaria de surpreender Gaara, e Gaara gostaria de surpreender Shira.

O Kazekage havia se surpreendido com o terno que Kankuro tinha escolhido. Era caro, mas tão, tão lindo e lhe caiu tão bem. Isso fez com que o peso em sua consciência aumentasse. Esperava que um dia pudesse dar um presente tão caro e bonito quanto os que havia ganhado do irmão. 

Depois de colocar seu melhor perfume, amarrar os cadarços de seus sapatos, e pentear seu cabelo em topete, assim como colocar um brinco pequeno de prata em sua orelha esquerda. Shira usava brincos apenas em ocasiões especiais, achava que lhe deixavam mais sexy e mais jovem, mesmo que já fosse jovem.

Ao se olhar no espelho pela última vez, sorriu satisfeito com o resultado. Estava bem arrumado, com certeza estava ao nível do casamento de Temari. Ele se sentia honrado em ter sido convidado, afinal, a Sabaku é uma mulher muito respeitada e admirada por toda a Suna.

Gaara estava sentado à beira da cama, ainda não havia colocado a parte de cima de seu terno. Uma pequena caixa estava sobre o seu colo e o Sabaku acariciava como se fosse algo importante, e realmente era. Aquele era o presente que ganhou de sua irmã quando foi nomeado Kazekage, um dos presentes mais significativos de sua vida.

O ruivo tinha algo que poucos notavam, e era justamente isso que considerava ainda mais as pessoas que notavam esse pequeno algo. Aos seus dezesseis anos, no final da Guerra, Kankuro decidiu levá-lo para furar uma de suas orelhas. Foi algo feito impulsivamente, e infelizmente, desejou não ter furado. Todos os brincos que colocava ali faziam sua orelha doer, incomodava e começava, era como uma alergia, mas não parecia uma alergia. De qualquer modo, Gaara optou por colocar apenas quando se tratava de algo importante, quando queria estar mais produzido do que o normal. O que não aconteceu desde sua cerimônia de posse como Kazekage. Desde então, o Sabaku nunca tinha ousado colocar nada em sua orelha, e por mais curioso que pareça, os furos em sua orelha não se fechou após alguns anos.