Grey

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Eu realmente achava que o destino fosse controlado por uma linha fina, tão fina que era impossível se ver a olho nu, entretanto, tão forte e impossível de se romper.

Porque, desde o início, tudo se ligava a você.

Eu sentia que uma linha mágica enrolada em meu dedo mindinho me puxava em sua direção, por mais que eu fugisse, lá estava você. Maldosamente rindo para Cameron Byer com toda sua glória e perfeição.

Eu não queria, eu juro, estar ciente da sua presença mais do que as outras pessoas.

Porém, desde o início, tudo sempre foi sobre você.

— Ei Luna, sabe que horas será a aula de francês hoje? — Cameron pergunta se aproximando, e lá estava você, bancando o soldadinho de Cameron.

Reviro os olhos.

Cameron e eu tínhamos uma convivência difícil, desde quando o garoto se tornou meu vizinho e começou a me azucrinar desde minha infância até a adolescência e talvez, por uma brincadeirinha do destino, estávamos sempre na mesma classe de alguma matéria, ano passado era física e este ano foi o francês.

E coincidentemente, você e ele eram melhores amigos.

É Daniel, você estava até nos mínimos detalhes.

— Que tal você pegar a folha de horários e olhar você mesmo? — Rebato, ácida.

Um sorriso zombeteiro brinca nos lábios de Cam.

— Aí — faz uma careta e coloca a mão no peito. — A rainha dos espinhos continua malvada como sempre.

— E você burro, como sempre.

Ele faz uma careta.

— Você vive quebrando meu coração — Lamenta, dramático.

— Se você tivesse né — Observo, encarando Cameron.

Você estava me olhando.

Seus olhos me deixavam tão desconcertada que eu esquecia até o meu nome. Nunca me concentrei em não olhar para uma certa pessoa como faço com você.

Mas sempre falho, porque você sempre rouba minha atenção.

— Ei Cameron — Você disse pela primeira vez, tirando minha atenção dele e dirigindo a você. — Parece que a Bianca está te chamando.

Cameron vira o rosto e dá um sorriso.

— Te vejo na aula de francês, rainha dos espinhos — Disse ele, sem olhar direito para mim. Seus passos são apressados até uma ruiva que o puxa pelo corredor e os dois somem de vista.

— Que livro é este? — Você pergunta, se sentando ao meu lado.

Meu coração salta uma batida.

Rápido, lento, rápido, lento.

— Quem é você, Alasca? — Respondo com um bolo na garganta.

— John Green? — Pergunta, fazendo uma careta.

— Algum problema? — Pergunto, erguendo a sobrancelha.

Você pisca rápido.

— Não, não. Apenas penso que as histórias dele poderiam ter um final feliz.

— Já leu este livro?

— Não, mas já imagino como é o fim.

— Você acha que toda história tem que ter um final feliz? — Rebato, audaciosa. Eu queria ouvir sua resposta, não sei o porquê, mas eu precisava saber seus pensamentos.

— Sim.

— Por que?

— A vida real já é triste o bastante para não haver finais felizes nem nos livros — Responde sério, seu olhar parece perdido enquanto fitava as mãos, de repente sua cabeça se ergue e ele mira em meus olhos, me pegando de surpresa.— Já se quebrou alguma vez?

Franzo o cenho, confusa.

— O quê?

— Seu coração.

O encaro, embasbacada.

Eu queria gritar, dizer que não era problema dele, levantar e sair correndo. Mas isso não era culpa dele, era apenas eu que não gostava de dizer para as pessoas sobre essa parte minha.

Sim, já fui quebrada.

Entretanto, ainda estou viva.

O amor não tinha me matado daquela vez e eu temi que a próxima vez, não conseguisse sobreviver.

Eu temi você.

Eu criava nuvens cinzas para ninguém se aproximar, mas você chegou e trouxe o sol, quente e confortante.

Por isso não temi de lhe dizer.

— Sim.

— Sim

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