capítulo 9

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Rex nos separou em duplas

Ele fez isso três vezes.

Estou esgotada

Primeiro fui com Alex, sua habilidade na espada era surpreendente, e para o meu azar, esse treino não é o meu forte.

Depois fomos eu e Ayla, assim como eu, ela não parece gostar muito desse tipo de luta corporal, no final, ficou empatado, e cansamos bastante, não foi uma luta fácil

E por último, fui com Kent.
Seus ataques era surpreendentes, e ele não pegou leve comigo. Logo no começo eu fui surpreendida por seus avanços brutais contra mim, ele tentava golpear e defender, e eu fiz o mesmo.
Não queria que ele pegasse leve comigo, a maioria dos homens que lutam com mulheres nos treinamentos pegam leve, eu já vi aqui no castelo. E por quê precisamos de um tratamento especial? Tudo bem que cientificamente, os genes masculinos são propícios à serem mais fortes e preparados para trabalhos pesados em comparação às mulheres, isso é uma questão histórica. Mas ninguém pediu compaixão de ninguém, pelo contrário, eu gosto que peguem pesado comigo, se não, como eu vou ficar mais forte?

Kent e eu damos um belo show, não fui bem com meus outros colegas, mas com ele é diferente, parece que me sinto mais...energizada. É como se fosse um duelo onde os dois participantes são extremamente competitivos. Eu gosto disso.

No final, quando estamos prestes a desabar, com meus pulsos doloridos por conta do peso da espada...Kent me encurrala. Ele avançou em um único golpe e me prendeu no chão, ficando acima de mim, de modo que fiquei sem alternativas por um segundo

- Ganhei - ele disse, e depois olhou na direção do treinador

Vi isso como uma rota de fuga, e sem pensar duas vezes, chutei a parte inferior de sua intimidade, na mesma hora ele se retorceu, e eu usei isso ao meu favor, invertendo assim, as posições.

- Precipitado demais - levantei e estendi minha mão, ele a pegou e se reergueu do gramado

- Isso foi golpe baixo

- Ninguém disse que era pra ser justo

Trocamos olhares, e percebi um leve indício de sorriso na sua boca.

- Ótimo- Rex falou - Vocês estão prontos.

Já estava anoitecendo quando entrei no meu quarto e desabei na cama. Tinha sido um dia longo, sinto que esgotei todas as forças do meu corpo.

Fiquei pensando em como seria a busca. Achariamos os perdidos? Será fácil ou difícil? Eu vou precisar usar a espada? E se nos perdemos também?

Detenho os pensamentos. Não é hora para ficar ansiosa, preciso relaxar e deixar a cabeça no lugar. Vou cumprir minha missão, custe o que custar.

Tomo um banho demorado e coloco um pijama branco, é um dos meus favoritos, me lembra a neve. Depois vou para a janela, que sinceramente, é o meu lugar favorito do quarto. Posso sentar na beirada e ficar horas e horas observando a floresta invernal. É tão linda, principalmente à noite, quando é iluminada pelo brilho da lua. O céu estrelado é sem dúvidas a melhor paisagem que alguém pode admirar, me traz uma sensação de conforto, paz...é irônico que mesmo em meio à tanto caos, lá em cima permanece em perfeita sintonia, não importa o que aconteça.

Passo mais um tempinho lá, e depois finalmente vou para a cama, não demoro muito à pegar no sono.

No dia seguinte, mamãe e papai estão comigo na sala de reunião. Eles solicitaram minha presença assim que acordei, vou ter que sair do Reino daqui a pouco, bem cedo.

- Comeu hoje? Tá levando comida suficiente? Quer mais alguma coisa querida? - Mamãe está me fazendo perguntas desde que pisei na sala, ela tá devastada com a minha partida, sei disso porquê ela não parou de me tocar. Uma hora alisa meu cabelo, outra hora pega minhas mãos, depois segura meu ombro...vou sentir falta dela, de verdade.

- Estou bem mãe, já peguei tudo que preciso

- Ela vai ficar bem, amor - papai a puxa para o lado dele, ele sabe assim como eu que estou confiante.

Nesse momento, ouvimos uma batida na porta da sala, e um mensageiro entra

- Estão todos no saguão vossas majestades.

- Obrigado Ulisses. - papai e mamãe me olham, e já sei que é hora de ir.

Descendo as escadarias, me vejo de frente para centenas de seres, meu povo se reúne para me apoiar, mesmo em um momento tão complicado como esse. Eu amo ser parte disso.

Sou escoltada por dois soldados, suponho que foram os escolhidos para me acompanharem na busca.

Um deles tem o cabelo loiro, na altura dos ombros, e o outro é castanho.
Descemos os degraus, seguidos de meu pai e minha mãe, e quando estou no piso fora do castelo, vários aplausos se erguem

Alguns gritam frases como " Traga nossos filhos de volta, princesa" , outros  com "Que a terra à abençoe, vossa alteza" e mais coisas que não consigo decifrar são ditas também.

- Pronta? - Papai me pergunta, com mamãe ao seu lado

- Já nasci pronta - respondo, e eles riem

- Você é nossa filha, Maya - mamãe sorri - Herdeira do Norte, portadora elementar - ela me abraça - É meu orgulho, querida, vai conseguir, e vai voltar para casa em breve - ela me solta, e papai se aproxima, segurando meus ombros

-Traga nosso povo para casa, amor - ele dá um beijo em minha testa, e eu tenho que me segurar para não cair em lágrimas. Despedidas não são o meu forte

- Pode deixar - abraço os dois, e em seguida sou escoltada para a floresta com os dois guardas comigo

Dou uma última olhada para trás, e vejo de relance a figura dos meus pais, da minha casa, da minha janela...
Ah..não vejo a hora de voltar.


A Herdeira do NorteOnde histórias criam vida. Descubra agora