Capítulo 2

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Foram semanas longas e exaustivas após levantar a hipótese de criação do filme com base nos meus livros, e mais ainda quando começamos a fechar todos os outros trâmites. Eu era muito grata por mais uma realização de um sonho que eu nem sabia que tinha, mas não podia deixar de lado a minha parte humana que precisava de um descanso e folga para dedicar tempo a mim mesma. 

A minha rotina estava uma verdadeira loucura, pois ainda estávamos no ápice das tardes/noite de autógrafos de livros trocando de cidade. Assim como mudávamos de país a cada 2 dias. Quando eu não estava abraçando, tirando foto e rindo com meus leitores, eu me mantinha enfurnada de frente para a tela do notebook em reunião com a editora e a produtora de filmes. Foram tantas propostas que Amber passou uma semana inteira com dificuldades de dormir causadas pela demanda de trabalho. E eu também, já que me recusava a deixa-la sufocando nas leituras de e-mails intermináveis sozinha. 

Acabávamos mais rápido fazendo juntas, mesmo sob o protesto de que esse era o trabalho dela e que eu deveria ir dormir para aparecer "linda e descansada" na próxima tarde de autógrafos em NYC. Mas além de assessora, Amber era minha amiga e eu podia ajudar. Por isso, me dediquei a pedir comida de quarto enquanto ajeitava um espacinho para mim na mesa e íamos noite a dentro comendo, bebendo suco de uva e rindo para descontrair sob o som dos teclados e do click do mouse.


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Nas raras horas de "folga", vulgo algumas horinhas para dormir enquanto nos deslocávamos para a próxima cidade, eu fazia meditações guiadas e técnicas de respiração para me manter relaxada e atenta quanto ao que eu faria em seguida. O bom humor não me faltava hora alguma, visto que, vez ou outra até dentro do avião eu recebia pedidos de autógrafo e fotos dos leitores. Era muito surpreendente a forma como eles eram empolgados. Mas quando eu tinha um pouco mais de tempo, dançava nem que fosse durante o banho. Colocava alguma música animada e caia na dança do lado do tapete do box, ou então ouvia uma sinfonia clássica enquanto ficava debaixo d'água imaginando que eu estava numa cachoeira. Pelo tempo que fosse necessário, mas sempre de olho no consumo consciente deste recurso natural importantíssimo e não renovável. Durante as refeições, eu buscava ficar em silêncio, agradecendo pelo alimento e sentindo o sabor da preparação. Apesar da minha rotina altamente intensa, eu sempre encontrava motivos para sorrir e ser grata. Falando assim parecia que eu era sempre good vibes, mas não é bem o caso. 


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Uma semana e meia de viagens foram necessárias para finalizar a tour, que começou na minha cidade, passou por alguns estados do Brasil, subiu pela américa latina e correu em direção aos Estados Unidos. Foi divertido mas bastante cansativo e assim que retornei para o Brasil fui direto para minha casa e permaneci "incontatável" por 48 horas ininterruptas. Essa era a minha recompensa por trabalhar duro: ficar descansando no sítio da família onde ocasionalmente o sinal de telefone é ruim e a internet não existe. Eu nunca agradeci tanto por isso. Aproveitei para vestir minhas roupas mais leves e fluidas, pude andar descalça sob a terra, colher fruta do pé e esquentar meu corpo sob o sol brasileiro inconfundível. Mas o que me deu ainda mais gás para trabalhar foi abraçar minha família e comer um acarajé da Bahia que me trouxe a revitalização, como um elixir. 

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Assim que meus dias de descanso passaram, retornei para a cidade com minha família e já fui bombardeada de ligações, mensagens e e-mails. Entrei em reunião com a editora no momento que coloquei meus pés dentro do apartamento, para conversarmos sobre aproveitar o sucesso das vendas do livro e pensar em qual proposta de filme seria a mais viável. O resultado foi que consegui mais três dias no Brasil, e aproveitei para ir revendo os parentes mais distantes, buscar os documentos importantes e outras compras que eu precisava fazer. 

Quando meu tempo se esgotou por completo, retornei para os Estados Unidos e segui com meu segurança pessoal direto para o prédio da editora para mais uma reunião. O resumo da ópera foi que passei mais de duas horas para fechar o contrato com a empresa responsável pela filmagem, relendo as cláusulas com os advogados, os valores de recebimento, os créditos e todas as configurações do processo e por fim selamos a ação com um aperto de mão. E lá estava eu, assinando um contrato com estimativa de uma quantidade exorbitante de dinheiro, e muito grata por isso. 

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Depois do dia de assinatura, levaram quatro meses para darem inicio a sinopse da história e  criação de storyboard com o pessoal selecionado e mais alguns meses até que mais investidores se apresentassem, seleção de diretores de setores como fotografia, criação de cronograma de filmagem, escalação de produção e a parte que eu mais gostei: escalação de atores.

Tive a oportunidade de estar em contato com a equipe de sinopse e storyboard, dando minha opinião sobre a cena e de como eu imaginava na minha cabeça. O resultado estava ficando magnifico, visto que, a galera era de uma criatividade insana, trazendo elementos históricos e outros detalhes antes despercebidos, e além disso, levando em consideração as minhas falas. O que me deixou bastante emocionada de ver tudo dando certo. Foi quase uma coletiva, em que eu fiquei num púlpito respondendo aos questionamentos da equipe de produção sobre as vestimentas, sequencia de cenas, corte de storyboard, avanço de gravação e afins. Mas nada me deu mais prazer do que revelar os atores que eu gostaria muito que estivessem conosco, nomes como: Viola Davis, Zendaya, Idris Alba, Queen Latifah, Will smith, Dwayne J., Tyrese Gibson, Chai Hansei e afins. Eu tinha uma lista interminável de possíveis atores que eu adoraria vê-los interpretando. 

O dia chegou ao fim mas eu ainda tinha um sorriso no rosto quando deitei a cabeça no travesseiro. Justamente por causa da reação animada dos meus fãs pela publicação que fiz com a capa dos novos livros. 

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