Vejo seu caminhar rápido, ela anda de um lado para o outro, seu rosto está um pouco vermelho e seus cabelos balançam devido ao seu andar. Helena murmura palavras desconexas, ela está tão brava. Lindamente brava.
Prendo um pouco o sorriso diante do seu semblante inconformado, penso no que ela acabará de dizer. Não me surpreendia em nada a atitude errônea do Victor, o tempo e o peso da sua mentira o transformara no que é hoje e agora ele usava de manipulação. Amor ele não sentia disso eu tinha certeza, era só o sentimento do que ele e a Ana poderiam ter vivido juntos se o acidente não ocorresse.
A hipocrisia de suas ações eram gigantescas, Ana era comprometida e ele não respeitará isso. Passou por cima dessa relação e fez um convite infeliz. Não queria que ela fugisse? Acenar com uma viagem era o que? Era óbvio que ele sim queria fugir como o covarde que era e ainda por cima a queria levar junto.
Juntar forças e depois voltar? Era o que ela fazia a dez anos, Victor era um idiota.
Olho para Helena que ainda está xingando o Victor de nomes bem inapropriados, garota maluca e linda, ela estava tão brava que eu tinha um pouco de receio em falar sobre a nova lembrança que eu tivera assim que cheguei na República ontem a noite.
Tínhamos chegado ao fim dessa história, bem o fim dela pra gente, já que o Luan e a Pixie partiria hoje um pouco antes da apresentação da Helena. O final dessa história parecia tão desastrosa.Helena: Espanha? - paro de divagar ao escutar sua voz - Quero que venha comigo - repetiu um dos diálogos da lembrança - Já eu quero que você vá para o raio que o parta, ou pra China tanto faz.
Explodo em uma bela gargalhada, ela era a pessoa mais incrível e maravilhosa que eu conhecia, autêntica. Minha Helena. Meu amor.
Thiago: China? Coitados Helena - ela fez uma careta - Eles não merecem isso.
Helena: Coitada é de mim - disse resignada - Ter que aturar aquele ser interferindo na história do meu casal favorito não é fácil.
Ela parou perto do seu piano, ele era dela assim como o meu coração. A vejo levar suas delicadas mãos até seu cabelo onde ela pegou uma ponta e começou a enrolar.
Thiago: Seu casal favorito? - me fingi de triste - E eu achando que nós somos o seu casal favorito - fui até ela - Magoou - ri um pouco.
Helena: Para de ser cínico - a envolvi em meus braços - Isso lá é jeito de terminar essa história - desviei os olhos - Tá querendo me contar alguma coisa não é? - fiquei quieto - Thiago Kunst fala logo.
Thiago: Sabe que essa série maluca vai acabar hoje não é? - era tão bizarro e engraçado a forma como nós nos referíamos a história de vida deles - Ontem eu tive outra lembrança, mas Helena não vai surtar ok?
Ela fez um sinal com os dedos jurando que não iria surtar e eu sabia que era mentira. Mas passei a narrar a cena que vi e embora eu pudesse ainda sentir suas emoções e que tudo parecia querer ruir. Eu estava bem tranquilo, mas conhecia a garota que amo muito bem e podia afirmar que ela não iria compartilhar da mesma calma que eu.
Escuto a música ao fundo, as pessoas sorriem e conversam a minha volta. Tudo era cheio de cor e de alegria, a comida estava maravilhosa e a energia contagiante. Mas minha mente não estava aqui junto ao meu corpo, ela vagava em pensamentos ruins que corroíam minha alma.
Tinha algo estranho.... Alguma coisa mudará.
Penso em como estava linda cantando, tão entregue em seu grito de socorro e como sempre fiquei hipnotizado. Ao terminar de cantar seus olhos exibiam sua confusão, mas assim como eu não falava sobre os meus temores ela também não expunha os delas.