Eu Sou Seu

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— Eu sinto muito. – Falou com a cabeça encostada nas minhas costas.

— Naquele dia meu tio me levou para o morro dele e me criou até os dezoito quando fiz dezoito ele passou o morro para mim de novo. – disse de cabeça baixa. – Eu sei o que entra e o que sai, eu sei quem compra e quem vende, eu sei o valor de tudo. Eu sei quantas famílias mora naquele lugar eu sei quantas pessoas nasce e morre. – um pouco grosso. – Eu não sei quem matou meus pais e no caixão deles eu jurei vingança. – me virei para ela e a mesma levantou a cabeça para me olhar. – Eu não quero me apaixonar Elisabeth, não quero me apaixonar por ninguém porque tenho medo de que alguma coisa aconteça com a pessoa que eu amo entende? Tenho medo de ter filho para que ele não tenha o destino traçado igual eu tive, eu não tinha escolha e eu não quis ter na verdade.

— Não se apaixonar não é uma escolha somente sua. – Me soltou e foi indo para cama. – Porque não seguiu passos diferentes?

— Poder Elisabeth. – Respondi calmo e indo para cama. – Mandar e desmandar, está no controle de tudo.

— Você não é Deus Eros. – Me olhou com olhar de repreensão. – E eu sei que tudo aquilo que você faz no futuro terá uma consequência.

— É eu sei. – Olhei para frente. – Mas não vejo um futuro diferente para mim.

— Ei eu vejo e sei que Deus tem um futuro diferente basta você querer, Deus pode te tirar dessa vida em um estralo de dedo.

— Não sei não.

— Eros, largaria o morro por mim? – Perguntou me olhando.

— Eu não sei se sou capaz de responder essa pergunta.

— Eu sou uma pessoa cheia de defeitos e nem sempre fui o que você está vendo. –  parecendo pensar nas suas palavras. – Eu nasci em um orfanato e fui adotada pela mãe da Diana, ela me deu amor e me tratou como filha, sua filha foi uma irmã que nunca pensei em ter. – disse calma.  – Eu estudei durante anos para ser um alguém, eu fazia faculdade de gastronomia, e em uma noite quando estava voltando da faculdade um cara correu atrás de mim e sabe lá Deus se o ônibus não tivesse no ponto o que seria de mim. Ele falava palavreados horríveis e eu com medo mudei tudo em mim, não tinha vaidade eu escolhi assim por causa do que me aconteceu, eu parei de estudar e comecei a ter aulas de defesa pessoal, aprendi a lutar, a atirar e qualquer pessoa que se aproximasse de mim eu teria como me defender. –  ficando em pé. – Eu namorei só uma vez e ele era policial. – me olhando assustada e logo continuou a história. – Ele uma vez todo bravinho foi para cima de mim me bater e eu dei uma voadora no nariz dele que quebrou na hora, e falei que se ele tocasse o dedo em mim de novo ou se me procurasse ele ia ter bem mais que um nariz quebrado. Ele fez uma cirurgia de reconstrução mandou  um b.o para mim e eu abri um de violência domestica ele ficou preso quinze dias e pagou uma indenização para mim, sem falar que ele não pode citar meu nome e ficar quinhentos metros de distância. Depois disso eu não namorei mais e isso faz uns dez anos.

— Quantos anos você tem Betinha?

— Vinte e Oito. – Se jogou na cama. – Com cara de dezoito. – disse dando um sorriso de lado. – E você?

— Tenho trinta. – disse dando um sorriso. – O famoso suspiro das novinha.

— Me poupe. – disse rindo. – Me fala sobre você, o que gosta de comer?

— Se eu falar, vai aceitar ser minha fiel?

— Eros, eu não nasci para dividir, ou é só meu e pronto ou é delas.

— Poxa Betinha, facilita. – Encostei na cabeceira. – Chegou ontem e quer sentar na janela.

— Em fim. – Mudou de assunto. – Qual sua comida favorita?

— Lasanha. – disse pensando. – E a sua?

— Macarrão. – Respondeu animada. – E sua sobremesa?

— Mousse de limão, que inclusive preciso ir lá na sua casa pegar. – Coloquei a mão na barriga. – E você?

— Pudim. – Respondeu pensando.  – Porque quer tanto que eu aceite ser sua fiel?

— Porque você despertou algo em mim que eu nunca senti antes. – Dei os ombros. – E também porque você é gostosa.

— Em nome do pai celeste, eu sou pura de corpo e alma Eros e eu não gosto desses palavreados. – Respondeu com as bochechas vermelhas.

— Eu vou me sentir honrado sendo seu primeiro. – Falei a verdade. – E pensando bem, com ciúmes porque não vou querer que tenha outro.

— Eros, vai me pedir em namoro? – Ficou em pé. – Vai largar as mina por mim, sim ou não.

— Por você bebe. – Fiquei em pé perto dela. – Faço loucuras, porém não estou preparado para relacionamentos.

— Certo. – Se afastou. – Vamos embora.

Passou-se dias e a Betinha não aparecia nos bailes e nem em lugar nenhum eu até que tentava ir na casa dela, mas a Daí não me deixava entrar e eu ficava bravo.
Passou um mês e eu já dispensei todas as meninas que via pela frente porque nenhuma delas se comparava com a Betinha, nem o beijo, nem o cheiro, nem as roupas nada. Hoje passei o rádio para o Jhonny e falei para ele sumi de casa com a Daí e assim ele fez, fiquei sabendo que a Elisabeth estaria em casa segundo minhas fontes estressada.
Me arrumei, passei o meu perfume mais cheiroso e me olhei no espelho, era hoje que eu ia falar que eu a queria. Sai de casa na minha moto e parei na casa dela e da janela vi que ela estava ouvindo uma musica da igreja e estava dançando sozinha na sala, ela parecia que estava dançando com alguém e eu fiquei reparando, seu cabelo estava em um coque, estava com minha blusa e descalça. Abri o portão da sua casa e tranquei com cadeado e bati na porta e ela olhou na janela esperou alguns segundos e veio abrir.

— Oi Betinha! - Dei um sorriso largo.

— Lembrou de mim, foi? – Respondeu ainda na porta. – Entra.  – Disse dando espaço ela foi até o som e baixou a musica e se jogou no sofá. – Dai disse que vinha, o que houve?

— Fez mousse de limão? – disse indo abrir a geladeira e lá estava, peguei um copo e coloquei um pouco e sentei de volta no sofá e ela me olhava.

— O que você quer?

— Eu quero que seja a minha namorada. – Respondi dando de ombros.

— Eu e mais quantas?

— Não você não entendeu. – A olhei. – Eu não te pedi para ser minha fiel, porque eu larguei todas para ter uma única mulher. – olhando e ela abriu a boca. – Eu sei que você merece bem mais você não merece o morro, você merece um homem bom, que seja bom contigo. – disse deixando o copo na mesinha. – Eu me afastei porque eu queria te esquecer tentei viver minha vida, até ver que eu quero você nela.

— Uou.  – Disse vindo me abraçar. – Claro que eu aceito, é o que mais quero. – disse me abraçando e olhando nos seus olhos. – Eu tenho medo de não ser o que sua expectativa quer que eu seja.

— Você é. – disse colocando a mão em sua bochecha.  – Você é minha Betinha. – disse fazendo carinho. - E eu sou seu, desde quando nos vimos.

Valentina - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora