Desfecho?

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“TÔ NA TORCIDA PRA QUE VOCÊ CONSIGA O QUE TANTO SONHOU, QUE FAÇA TAL VIAGEM PRO EXTERIOR TOMARA QUE SE CASE AOS VINTE E POUCOS ANOS, SEGUE O PLANO! ”
SEGUE O PLANO-GEORGE HENRIQUE & RODRIGO

Uma escolha que eu fiz foi contar para ele sobre a minha paixonite. Eu poderia dizer que foi uma péssima escolha por conta da reação dele. Ele disse que já sabia, pelo amor de Deus, minha atuação durante quase 6 meses foram péssimas. A parte legal disso tudo é que eu estava mentindo para ele, já que falei que não estava mais apaixonada, e para todos ao meu redor, incluindo a mim mesma. E creio que ele acreditou, e creio que eu também passei a acreditar depois de um tempo.
Porque tomei essa atitude? Uma hora isso ia se tornar verdade a partir do momento que pus na minha cabeça que era a verdade. Mas isso é um erro, com diria Renato Russo, mentir para si mesmo é sempre a pior mentira. Na minha cabeça seria como resolução de fim de ano, afinal queria que meu 2019 fosse diferente de alguma forma. Então porque não falar com seu crush que ele era seu crush, e que não é mais, sendo que é tudo mentira, menos a parte de gostar dele, não é mesmo? Implorei para ele que isso não afetasse nossa amizade, que nessa altura do campeonato estava se distanciando porque já não nos víamos mais. De fato, não foi isso que estragou nossa amizade. Ao menos acho que não. Pode ter sido um dos fatores, mas um dos menores possivelmente.
No dia 9 de fevereiro de 2019 (sei que é estranho eu saber de cor, mas também sei o horário que começou) havia uma festa de 15 anos para ir. Lembra da minha amiga que me contou que ele tinha mudado de escola, que citei anteriormente? Então, foi na festa dela. Por coincidência o Ricardo estava estudando novamente na nossa antiga escola a alguns anos, então ele também foi convidado. Devido aos spoilers que eu dei lá no início do livro, vocês já sabem o que rolou na festa. Não foi a melhor experiência da minha vida, isso é claro, inclusive ele nem sabia que era meu primeiro beijo. E aí começa a briga toda. Eu devia ter comentado isso com ele. Inclusive, eu queria muito expor prints, tanto da época que eu estava apaixonada, do meu texto ou dessa briga. E essa briga rendeu bastante, já que adotei o apelido de babaca para ele, e ele odiava isso. Até que ele questionou porquê disso, sendo que teoricamente estávamos de boa já. Ele disse que depois de certo momento eu comecei a agir diferente com ele, e aí eu leio isso hoje e penso: você deve fingir, não é possível, mais sínico que ele, desconheço, sério mesmo (talvez algumas pessoas da minha família, mas não entra no caso).
Ambos somos culpados por toda a treta que aconteceu, fomos extremamente babacas um com o outro, cada um de uma forma diferente. Além claro das mentiras, por incrível que pareça também não fui a única que omitiu alguma informação. Mas ele não soube por outra pessoa os meus sentimentos por ele.
A briga toda que aconteceu até chegar no ponto de provavelmente nunca mais olhar na cara um do outro não foi só uma, admito que a maioria foi culpa minha, pela falta de diálogo, mas assim como 5x0=0 e 13456x0=0, só eu querer tentar não adiantava.
Era assim que me senti todas as vezes em que ele me magoava, sentia que só eu estava tentando. Podia até ser paranoia minha, mas ele não fazia nada para mudar esse meu pensamento, apenas me deixava com mais certeza em me afastar.
A última vez que conversamos foi em agosto de 2020, foi quando tomei a inciativa de me afastar. Fiz um textão, porque sou dessas que só funciona assim, como vocês já perceberam. Tentei deixar tudo claro no texto, porque dependendo do que ele questionasse eu voltaria atrás, e não era isso que eu queria.
É assim quando você tem muita memória afetiva por alguma pessoa, você se entrega totalmente a ela, você aceita tudo que ela te pede, a culpa sempre é sua. Acontece que eu nunca aceitei as coisas no meu canto, por isso a gente vivia brigando. Personalidades iguais se repelem. Nisso temos um defeito em comum, orgulhosos demais.
A diferença é que eu sei que estou errada e admito (mesmo demorando um pouco as vezes), ele não. Ele sempre estava certo independentemente da situação (na cabeça dele somente), e isso era uma das coisas que mais me irritavam nele. Pelo menos ele me fez ver quando eu realmente estava errada e quando eu realmente estava certa.
Quando decidi me afastar fiquei uma semana refletindo o que faria além de apagar o número dele (ele me chamou durante essa semana sendo grosso, falando se eu ia ficar nesse drama sem chamar ele, e sendo grossa de volta, falei que não era obrigada). Já não éramos mais os dois que passaram as férias inteiras de 2018 fazendo planos, nem éramos mais dois bobos apaixonados, ele já estava em outra, enquanto desde ele, não me apaixonei por ninguém. Encontrei nesses romances clichês uma forma de fugir de tudo.
Me pegava pensando o tempo todo e toda vez a conclusão é a mesma: ele vai achar que finalmente surtei. Que eu surtei é verdade, afinal, a quarentena está aí para isso, mas o texto que eu escrevi reflete todos os meus pensamentos desses dias. Nem a Julia (essa é outra Julia, essa é minha amiga a muitos anos, inclusive me incentivando bastante a escrever esse livro) e nem a Bia acreditaram que não derramei uma lágrima sequer, só que realmente não derramei, o texto só foi fluindo. Dei somente uma conferida se havia dito tudo, e enrolei para enviar. Pensei em como poderia estar tomando uma atitude errada ou que pudesse mudar totalmente a minha vida.
“Eu pensei e refleti várias vezes. Têm pessoas que a gente não quer perder ou se despedir de jeito nenhum, outras que a gente não vê a hora de sair da nossa vida. Normalmente não gosto de tirar ninguém da minha vida, afinal já deixo as pessoas essenciais por perto, não tenho o que reclamar. Mas se tem uma coisa que não está nas nossas mãos é decidir isso, mais ou menos, claro que o que a gente quer para nossa vida é levado em consideração, mas o dia de amanhã não está. As escolhas dos outros interferem nas nossas, isso é inevitável.
O que realmente tenho para te dizer é que você fez parte da minha vida, e marcou ela, do seu jeitinho, e foi. Você fez o suficiente até certo ponto, até onde passamos a empurrar para barriga, ao meu ver paramos de ser amigos e começamos a empurrar o que quer que a gente tinha com a barriga. A culpa não é só sua, cada um tem sua parcela. A escolha que eu fiz foi mais por mim que por você, foi por você não me fazer mais bem como antes e sim mal, foi por eu estar me afundando em algo inexplicável e que não tem a ver com ninguém, somente, exclusivamente a mim, foi por escolher o caminho mais fácil que era desistir do que tentar novamente. A verdade que o caminho mais fácil foi o mais lógico e o que menos me machucaria. Normalmente não escolho os caminhos mais fáceis ou os mais egoístas, mas algumas vezes são necessárias escolhas egoístas.
Eu sinto muito, do fundo do meu coração, mesmo uma parte de mim acreditando que você nem liga, ou que não vai mudar em nada, já que é vantagem sua menos uma pessoa para encher seu saco. A princípio foi uma atitude de completo impulso quando apaguei seu número ou quando te tirei dos melhores amigos no insta, mas que eu já vinha pensando a tempos. Doeu e foi um alívio ao mesmo tempo, às vezes penso em voltar atrás, só que não estaria sendo verdadeira comigo e nem com você. Outra coisa que eu levei em consideração é a sua mudança, eu apenas antecipei a despedida.
Poderia falar que isso é um adeus, ou que nunca mais falaria com você, ou qualquer coisa do tipo, mas não sou eu que decido. E uma pequena parte de mim acredita que não é um adeus, e não sei o que faz ela acreditar nisso. Obrigada por tudo, de verdade, por mais que existam coisas sem resposta nessa história (nem todas as nossas perguntas tem resposta durante a vida), só tenho gratidão. Eu sempre vou lembrar das coisas boas que você me proporcionou, espero que seja o mesmo do seu lado. Sempre vou lembrar quando escutar nossa música ou quando escutar seu nome, o que se tornou uma perseguição na minha vida. Desejo tudo de bom para você, de verdade. Obrigada mesmo, e desculpa qualquer coisa”
Fiquei com o pé atrás em mandar o texto, admito, então respirei fundo e entrei na conversa, e não havia nenhum resquício de que já conversamos alguma vez. Como qualquer adolescente normal, o textão estava no bloco de notas, enrolei para copiar. Enquanto ele não respondia fiquei conversando com a Bia e a Julia, ambas me mandavam distrair e esquecer isso por um tempo. Até faria isso se ele já não tivesse digitado 5 mensagens nesse tempo em que as respondia, sendo a última me mandando responder ele. Respirei fundo. Não ia chorar, não por ele.
Ele questionou o porquê da minha decisão e se a gente podia conversar sobre, porém falo que a culpa não era dele e sim minha, afinal não deixava de ser, eu deixei chegar nesse ponto, com medo de perde-lo, e no final creio que perdi, não sei se para sempre ou por alguns dias. Conhecendo-o como conheço, ele vai usar isso contra mim de alguma forma, assim como uso tudo que aconteceu entre nós contra ele, sempre. Uma relação bem “saudável” a nossa, eu sei.  Ele pediu desculpas e eu disse que quem tinha que pedir desculpas era a minha pessoa, agradeci ele novamente e ele respondeu “de boas”.
Se eu dissesse agora que não chorei, poderiam me chamar de mentirosa, eu estava morri de chorar. Se antes eu estava brincando com a Bia que eu era um monstro sem sentimentos por não ter derramado uma lágrima, alguns minutos depois estava pagando língua. Fiquei chateada que ele não insistiu, afinal não estava nesse direito (no caso eu), mas a indiferença dele em relação a algumas coisas me deixava puta e muitas vezes chateada, como foi o caso. Prometi a mim mesma que aquela seria a última vez que derramaria meu precioso choro por causa dele, então me dei o direito de chorar tudo o que tinha para chorar.
Deitei na minha cama depois de lavar meu rosto, afinal ninguém gosta de rosto inchado. Nesse momento parei para refletir sobre minhas escolhas, será que foi certa a minha decisão? Penso em todos os momentos até chegar naquele ponto, onde foi que eu errei, já sei, no momento em que permiti me apaixonar por ele mais de uma vez. Mas como disse anteriormente, não me arrependo. Essa foi uma das melhores experiências que poderia viver, principalmente porque achava ser recíproco. Quer dizer, não só achava como tinha certeza.
Lembrando que depois disso ele parou de me seguir em todas as redes sociais, e como uma boa pessoa que sou, fiz a mesma coisa, já que não sou obrigada.
Resumidamente é essa a história do meu quase clichê. É isso. Acabou o livro, só queria contar para as pessoas como alguém como eu, estupidamente apaixonada por romances clichês, fui completamente sem sucesso no meu.
Brincadeiras à parte, sabemos que nem tudo tem que dar certo na vida, serviu de experiência e inspiração para minhas histórias, incluindo esse livro. A diferença é que esse livro estou contando a minha história e falando de mim, nas outras histórias, são outros personagens e não necessariamente são sobre eu e o Ricardo, e sim sobre minhas outras paixonites também. Cada um com um tipo de clichê para não ficar sem graça.

Isso Não É Um Romance Clichê {degustação}Onde histórias criam vida. Descubra agora