A Iniciativa

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Megan e Robert decidem tomar uma decisão na qual eles não enxergavam outra razão que os impedisse de a por em prática urgentemente; decisão essa de ir ao famoso hospital obviamente abandonado e resgatar os gêmeos de lá o mais rápido que conseguirem, sem buscar avisar as autoridades. Os dois desejam levar somente o necessário para essa arriscada tarefa, sendo assim eles levam: Lanternas, mochilas espaçosas, facas de caça, alicates, luz ultravioleta (que Robert havia furtado) isqueiros e por fim um machado. Depois de pegarem o carro e irem ao cativeiro dos filhos, deixam de perceber a tocaia que o detetive Christopher estava fazendo, após ele ver o casal saindo de sua casa, o detetive passa a seguir ambos logo em seguida.
 
– Aonde esses dois vão a uma hora dessas?
 
Diz Christopher em seu carro, 100% desconfiado de algo grave acabará de acontecer. No carro de Robert, ele e sua esposa começam a repassar o plano que eles haviam articulado entre si.
 
Robert  – Vamos recapitular, eu fico na frente e você fica o tempo todo atrás de mim! Se algo der errado e não virmos nossos filhos você irá correr o mais rápido que puder e vai buscar ajuda, me deixando sozinho. De acordo querida?
 
– Tudo bem, eu topo... como já disse antes.
 
– Ótimo, te amo e odeio.
 
– Te amo e odeio!
 
Eles chegam, a primeira impressão é a que sempre conta, e a que eles tem não é nada boa, até porque o lugar está abandona a mais de 60 anos, o que deixa ele acabado por dentro e por fora. Entrando no hospital, Megan atrás de Robert impunha na mão direita uma faca e na esquerda uma tocha, o mesmo faz Robert. Ambos caminham por um enorme corredor quase que sem fim, as paredes do local ostentavam lodo e o cheiro não era nada agradável, se igualava ao cheiro de 100 corpos humanos  juntos em decomposição contínua e acelerada. A escuridão reina, o que se pode enxergar é somente o que o fogo da tocha consegue iluminar, que no final não é muita coisa, sendo assim o casal caminha lentamente para se prevenir de possíveis ameaças desconhecidas. Robert sussurra com Megan sua indignação e frustração com os últimos acontecimentos.
 
–Sabe querida, independentemente do que acontecer aqui comigo e com você, quero que saiba o quão arrependido estou por estarmos nessa situação degradante. Você me perdoa?
 
– Robert você sabe que eu te odeio, porém também te amo. Vamos nos concentrar em achar Victor e a Elise, depois vamos dar um fora desse lugar, aqui é muito fedido hahahaha.
 
Brinca Megan aliviando a tenção de Robert, mas não tirando seu foco. Não muito distante deles está Christopher, tentando comunicação para pedir reforço, seus sentidos indicavam um perigo iminente. Megan sugere a Robert descanso, pois o hospital parecia não ter fim, quanto mais se andava mais distante de chegar parecia que ficavam.
 
– Vamos descansar em um dos quartos querido, daqui a uns minutos voltamos a procurar por eles ok?
 
– Ok, eu vou fazer a primeira vigia. Pode ir descansar enquanto isso. E também vou aproveitar para revisar nossos suplementos...
 
Sozinho, distante e descansando igualmente ao casal o detetive começa a pensar alto. 
 
– Onde eu fui me meter viu... mas que droga! Isso Christopher vá atrás de mais casos para ganhar mais dinheiro e assim poder comprar aquele carro idiota que você sempre sonhou em conseguir. Reforço será quase impossível nesse fim de mundo, estou perdido mesmo!! Que deus tenha piedade dessa merda de alma...
 
Os minutos se transformaram em horas e quando chega a vez de Megan fazer a vigia, ela escuta vozes ao fundo, vozes confusas, vozes de crianças. Com seu impulso ela não pensa duas vezes e vai atrás em saber de onde vinha essas estranhas vozes, deixando Robert que acabará de adormecer. Os barulhos do hospital eram indecifráveis, muitas vezes sons de: morcegos, corujas, corvos, ratos e esquilos tomavam o local por inteiro; já em outras, esse barulhos não tinham explicação plausível. Megan acaba por se afastar muito de seu marido e quando os barulhos acabam, ela simplesmente se perde por completo ficando então desesperada. Robert acorda e sente alguém observando ele.
 
– Oi? Megan é você?
 
Ele rapidamente procura por Megan; utilizando-se de sua luz ultravioleta,  busca por pegadas de sua esposa. Sem sucesso seu pavor aumenta, atrás de sua pessoa, uma figura habita o ambiente, Robert se quer percebe essa presença e imaginando o pior, sem notar começa a andar para trás de costa, a figura permanece e ele continua, quando então chega perto o suficiente e se esbarra com ela, vê-se na companhia de Christopher.
 
Robert – Que susto! O que faz aqui? Viu minha mulher por aí?? Meus filhos???
 
– Eu segui vocês dois até aqui. E não, lamento mas o único que encontrei até agora foi só você.
 
– O que fazia atrás de mim em silêncio? Eu podia ter te atacado ou sei lá...
 
– Não tinha certeza de quem era, aqui é muito escuro, até mesmo quando é dia esse lugar parece não receber raios de luz. E por motivos de segurança me mantive quieto é claro, sou inteligente não um completo estúpido (isso não é uma indireta pra você!)
 
– Tudo bem, eu não achei que fosse. Bom já que está aqui pode me ajudar, certo?
 
– De acordo. Agora o que pretendia fazer?
 
– Eu, não sei... minha mente se perdeu depois que Megan desapareceu, por enquanto meu único objetivo é encontrar ela e meus filhos, não tenho plano algum...
 
– Entendo. Confio em você, me parece estar dizendo a verdade sendo assim, vamos começar.
 
Christopher mais Robert começam a procura por Megan, que já havia sumido a horas, talvez até dias pois aquele lugar não possuía: janelas, relógios ou até mesmo muitas portas. Eles investigam tudo o que encontram e ao mesmo tempo compartilham opiniões sobre o que estava acontecendo.
 
Christopher – O que vocês acharam que estavam fazendo? Isso é trabalho da polícia e não de civis sem treinamento. Vocês podem até serem presos dependendo do que forem fazer no calor da emoção, não chegou a pensar isso?
 
– Detetive, eu pensei nisso e em mais mil coisas, mas resgatando minha família já basta para mim, não sei se o senhor me compreende, mas é isso.
 
– Eu acho que sim, sabe eu tenho um filho de 7 anos e sinceramente faria tudo por ele, o garoto é especial, sofre diversas dificuldades na escola e também em casa porque eu e a mãe dele não estamos mais juntos, mas ele sempre está com aquele sorriso no rosto, isso me inspira todo santo dia a levantar da cama. Eu não tinha visto por esse ângulo, aceite minhas desculpas.
 
– O senhor só está fazendo o seu trabalho, estranho seria se você não fosse questionar tudo não é?
 
– Sim...
 
Mais tarde depois de muito investigar/procurar ambos avistam uma sala trancada com cadeados e correntes por fora, na porta datada um símbolo de suástica se destacava. Robert decide usar seu alicate tentando obter sucesso com o corte das correntes; Força se vem e força se vai, mas após sua persistência os cadeados se partem e eles conseguem entrar lá, porém quando finalmente entram o maior medo de Robert se torna realidade, ao redor da sala de cirurgia (onde eles se encontram) especificamente nas paredes haviam pinturas de símbolos religiosos e ao centro da sala pintado no chão havia um Ankh (Cruz Ansata) e no meio dessa pintura, o corpo de Victor e Elise com as gargantas brutalmente cortadas, Robert fica sem chão naquele momento, em choque não tem reação, somente o sentimento de inexistência o orbitava. Christopher respeita o luto de Robert, afinal o que mais ele poderia fazer, passando-se alguns minutos, o detetive sente-se na obrigação de dizer algo:
 
– Eu sei que nada do que eu falar pode trazer a você foco ou até mesmo te ajudar com relação a essa dor que você está sentindo nesse momento que eu posso imaginar como ela é, mas temos que levá-los agora, dar aos dois um enterro digno, encontrar sua mulher e em seguida vingar a morte deles, prendendo o miserável que fez isso com seus filhos.
 
Orienta Christopher completamente inconformado com a situação. Robert então levanta do chão, fica de cabeça erguida, respira fundo, se acalma e responde o detetive:
 
– Eu não vou ajudar você a prender ninguém, eu vou matar com as minhas próprias mãos o desgraçado que fez isso comigo!
 
Carregando o corpo de Victor, Robert chora e angustiado deseja que aquilo tudo acabe o mais rápido possível; já Christopher carrega Elise, entristecido também pois era pai e conseguia sentir o sofrimento do outro ali presente com ele. Eles então chegam a saída do hospital sombrio, e Christopher acompanha Robert até sua casa, deixando ele lá o detetive abre o jogo:
 
– Eu sinto muito, de verdade... eu vou levar os gêmeos para uma autópsia, vamos ver o que descobrimos. Vou manter você informado sobre tudo, até lá aconselho você a não fazer nenhuma besteira, estamos entendidos?
 
– Sim...
 
Responde o Neuropsiquiatra, que sabia muito bem de suas condições mentais e sabiamente não deixa isso transparecer para Christopher. Com a partida do detetive, Robert vai até seu quarto, e com um imenso sentimento de culpa começa a ter pensamentos obscuros, um deles é o suicídio, porém tendo noção do desaparecimento de Megan não desiste da vida, pega como novo propósito resgatar ela urgentemente. Com os gêmeos no necrotério Christopher junto a um médico-legista eles analisam o corpo de Elise, e encontram tatuado em seu pulso uma frase esquisita, que era "Liberdade para Beaufort high School!", os dois não encontram sentido para aquilo.
 
Christopher – Eu vou fazer umas pesquisas, já volto. Qualquer novidade me liga...
 
Médico-legista – Tudo bem.
 
Sobre sua cama Robert da início a um diário, detalhando cada passo dele até o momento em que se encontra escrevendo.  Ao se apegar aos mínimos detalhes, Robert estranha uma coisa, que até então havia passado despercebido aos seus olhos; quando ele questionou o bullying de seus filhos a diretora do local (Elizabeth) ela tinha ficado um pouco alterada, sendo que as provas eram concretas sobre o que estava acontecendo, isso no fim gerou uma dúvida.
 
– Por que ela esconderia isso?
 
Sons surgem da cozinha, a hora é 00:00. Robert desce em silêncio para ver quem estava lá, acende a luz e nada, nem uma só pegada por ali, em seguida escuta outro som vindo do quarto de Victor, ele então sobe as  escadas e antes de entrar pega seu taco de baseball feito de alumínio; após entrar encontra a janela aberta, quando a fecha avista a mesma figura encapuzada de antes, ele não pensa duas vezes, desce e corre como se não houvesse amanhã atrás dessa figura misteriosa. Quando chega perto nada encontra.
 
– QUEM É VOCÊ!? O QUE QUER!!??
 
Grita Robert e com isso até os pássaros em sua volta se assustam e começam a voar, sua grande maioria se constituía por corvos. Enlouquecidamente e sem rumo Robert entra na floresta junto a um imenso desespero, ele logo após escuta gritos e não hesita em encontrar a origem deles... já na sua casa Christopher pesquisa o nome da escola junto a seu atual diretor, quando encontra Elizabeth, um a um dos funcionários ele investiga e analisa o histórico, buscando antecedentes criminais, por fim quando chega na diretora tem uma surpresa, pois cerca de 10 anos atrás a própria já havia sido acusada por se aliar a um ritual ocultista, Christopher a partir da aí sente que já tem as respostas das quais procurava para suas perguntas. Ele tenta contato com Robert mas o celular não era atendido, depois de muitas tentativas ele deixa um recado:
 
– Robert é o detetive Christopher. Me escuta, muito provavelmente a diretora da antiga escola do seus filhos está envolvida com o desaparecimento e a morte deles, ela é judia, eu vou exigir prisão cautelar até termos mais provas, já encaminhei tudo que consegui para os meus superiores, com sorte tive acesso as câmeras de segurança da escola por meio de alguns contatos e com isso encaminhei as imagens também. Estou indo aí, haja o que houver não saia de casa!
 
Christopher não tinha noção de que Robert já compartilhava da mesma suspeita em relação a Elizabeth. No meio da floresta em um estado psicológico muito abalado, alucinações constantes atormentam a mente de Robert; até que ele vê sua esposa e a chama:
 
– Megan!!!! Estou indo querida, fique aí... Megan por favor não vá... eu te amo e odeio...
 
Quase que sem voz, ele continua tentando e tentando. abandona sem perceber seu taco de baseball. Quando depois de muito caminhar seus pés sangram, e ele para mas com a perda da sua voz deseja também a perda de sua visão, pois a sua frente está uma cova imensa com diversos corpos humanos, todos eles com: gargantas cortadas, sem vestimenta e com seus pulsos tatuados. As idades aparentemente eram variadas, com tantos corpos isso explicava a quantidade exorbitante de corvos no ambiente, quando Robert se vira por causa de uma sensação de estar sendo vigiado, a figura o nocauteia.

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