Longe de casa.

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Não fazia muito tempo desde que a nave caiu no planeta Terra e assim que saiu dela, percebeu que o planeta deserto, abandonado pelos seus antepassados, por conta do alto teor de poluição e destruição da natureza, estava diferente, como se finalmente voltasse a respirar. 

Estava tudo tão verde, algumas casinhas que pareciam de brinquedo, com flores e folhas. Imaginava que o planeta estava completamente deserto, do jeito que os marcianos costumavam contar para seus habitantes da colônia, mas aquilo não era verdade. 

A jovem escritora se tornou andante pelas terras habitadas por poucos sobreviventes da devastação, abandonados pelos seus séculos antes. Mas não demorou para ser acolhida por uma jovem moça, que vivia solitária em sua pequena casa dentro de uma pedra.

Gisele era grata pela ajuda, se sentia fora do seu mundo desde que abandonou o planeta do príncipe do fogo, seu coração ainda partido, definhou o corpo frágil e pequeno dela, que novamente se recluiu. 

— Está tudo bem, Gi? — sua mais nova amiga, se aproximou, largando os vegetais na mesa. — Parece tão apática.... — ajoelhou-se de frente para a outra, que tinha suor escorrendo de sua testa. — O que houve? — Gisele ergueu seus olhos na direção da amiga, soltando um suspiro profundo, na verdade não sabia como contar o que lhe aconteceu, pois era muito absurdo e nem mesmo ela poderia explicar.

— É algo pra ser mostrado, mas se eu mostrar, você..... promete não surtar? — olhou esperançosa para a outra, que ficou aflita.

— Está me preocupando Gi....

Erguendo-se da cadeira, a jovem marciana caminhou até o quarto em que fora acolhida, sendo seguida pela outra jovem, que temia pelo o que sua amiga estava escondendo e que lhe afligia tanto. Abrindo lentamente a porta, deu espaço para que sua amiga visse o que estava em cima da cama.

— Fanny?! — chamou pelo nome da amiga, que cobriu a boca com as mãos, espantada com o que estava bem diante dos seus olhos e mal podia acreditar.

— O que é isso? — murmurou ainda em choque.

— Saiu de mim, Fanniquita... — Gisele falou quase em sussurro, também sem entender o que havia acontecido, então a outra lhe encarou com os olhos arregalados.

— De você?? Como é possível? Marcianos não são mamíferos?! — voltou-se para ela, que assentiu freneticamente. — Então como...

— Eu não sei!! O que eu faço?

— Deixa eclodir!

[...]

Viver aquela vida pacata era tudo que a jovem mais desejava, descobrir que dentro do seu corpo haviam vários ovos, aquilo lhe assustou um pouco, nem mesmo era uma ave para pôr ovos, mas lá estavam eles, com um brilho avermelhado. Ela bem sabia a quem pertenciam, mas ele nunca poderia descobrir.

Havia ouvido em EXOplanet que as fêmeas do receptáculo da Fênix nunca sobreviviam pois o poder era tanto, que nem mesmo os outros filhotes permaneciam vivos. Mas lá estavam eles, cinco belos ovos vermelhos, todos brilhantes, inclusive um que brilhava ainda mais que os outros, além de ser quente.

Lembrou do dia que foi embora do reino do fogo, em seu primeiro sonho, o qual adormeceu dentro da nave, estando pela primeira vez frente a frente com o verdadeiro ChanYeøl.

Flashback do sonho

Gisele caminhava por uma imensidão escura, estava confusa de onde se encontrava, mas não tardou para encontrar aquela figura imponente, sentado em um enorme trono de fogo, que reluzia como o amanhecer.

Príncipe do fogo (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora