Shinsou se preparava para sair de casa, sabendo muito bem o que iria encontrar quando chegasse ao seu destino. Ele continuava conversando com Kaminari, quase todos os dias. O loiro era elétrico, amigável e fácil de conversar: contaria em detalhes uma viagem de família feita aos 8 anos antes de deixar a conversa acabar. Sempre tinha assunto com ele, porque ele adorava falar e achou em Hitoshi o receptáculo perfeito para todas as fofocas que ele guardava.
E, cada vez mais, Shinsou se viu não se incomodando ou surpreendendo quando, no meio do almoço, recebia uma mensagem de Denki comentando sobre as picuinhas que aconteciam na escola onde ele estudava diversos tipos de danças. Não tinha ideia como ele descobria sobre qual professor casado estava traindo a esposa com outra professora, mas não se importava em saber. No mínimo, poderia usar em alguma história algum dia.
E graças a toda essa intimidade e o conforto gradual que crescia entre eles, Shinsou criou coragem para sair de sua casa numa segunda-feira, às dez da manhã. Ele tinha tomado banho e Luxúria escolheu suas roupas — e fez o melhor que pôde com seu guarda-roupa feito basicamente de roupas de dormir. Entretanto, não havia como ninguém ajudar com seu cabelo rebelde ou suas olheiras enormes pelo sono de má qualidade.
— Ele já viu você pior do que isso no primeiro dia. — Luxúria comentou, antes que saísse de fato.
— Muito encorajador, Eiji. — Ira respondeu.
O homem loiro vestia a calça de sempre, o peito nu cheio de tatuagens servia de travesseiro para Misa-chan, que recebia carinhos enquanto dormia.
Eijirou franziu as sobrancelhas, parecendo considerar. Então suspirou e logo assentiu para si mesmo com a cabeça.
— Vai ficar tudo bem. Eu quis dizer que ele já gostou de você como é, não precisa se esforçar demais ou tentar impressionar. Confia. — O demônio falou, piscando o olho.
Hitoshi devolveu o sorriso sincero que lhe foi direcionado e então saiu de casa, pronto para se dirigir à cafeteria para se encontrar com Denki. Assim que adentrou o estabelecimento, ele viu o garoto loiro sorrir, lhe encarando. Ele deu o melhor sorriso que podia de volta e fez um pedido no caixa, seguindo direto para falar com Kaminari, já que o local estava bem vazio, como lhe havia sido prometido.
— Você demorou! — Kaminari choramingou, fazendo beicinho e tudo.
— Eu vim andando devagar. — Shinsou respondeu, se martirizando por sussurrar.
— Não tava ansioso pra me ver?
Shinsou engoliu em seco, corando. A expressão dele era simplesmente tão fofa, queria beijá-lo ali mesmo.
— Claro que tava. — Ele falou, mais baixinho do que da primeira vez.
Kaminari abriu um sorriso enorme.
— Eu também tava ansioso pra te ver.
Shinsou corou completamente, sem conseguir responder.
— Qual teu pedido? — O loiro perguntou, meio sem jeito também.
— Um capuccino, seis pães de queijo e uma tortinha de limão.
— Jura? Que bom! Cê comeu tão pouquinho da última vez!
Ele virou-se para fazer seu pedido, fazendo tudo exageradamente ao notar que era assistido por Shinsou.
Ficou pensando. De fato, havia comido menos da última vez, pois sequer tinha muita fome. Já hoje, tinha tomado café da manhã e agora lanchava, sabendo que ainda almoçaria mais tarde. Sua rotina alimentar estava bem melhor. Não era nada ideal ainda, ele comia bem pouquinho e às vezes ainda fazia jejuns longos sem sequer notar, mas era um começo.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Stupid Love
FanfictionQuando Shinsou se mudou para uma casa antiga numa rua cheia de velhinhos pacíficos, ele esperava que, apesar de tudo, fosse ter paz e tranquilidade para trabalhar. Ele NÃO esperava ter que aguentar sete demônios (ninguém mais, ninguém do que os Set...