Quando era pequena eu e minha mãe íamos duas vezes por mês num parque de diversões. Tinha a completa certeza de que aquele lugar era mágico, encantado. Memória fértil de criança faz com que a imaginação voe, engraçado pensar que sempre que ia lá eu fingia que era uma princesa e aquele era o meu reino.
As montanhas-russas eram como os dragões, tinham os mais mansos e os maiores e mais ferozes. O barco Viking levava os clãs de outros reinos para visitar meu castelo, o cabum era uma espécie de calabouço para punir os malvados, entre tantos outros brinquedos e atrações que eu ia e criava em minha mente.
Um dia eu fui sozinha em um brinquedo que minha mãe não gostava, pois girava muito e ela ficava tonta. Foi a primeira vez que tinha ido em um brinquedo de "gente grande" sozinha, e me senti a donzela mais corajosa de todo o reino.
Ocorreu uma tragédia naquele parque, e ele foi fechado. Anos se passaram e eu cresci, descobrindo que o reino presente nele estava dentro de mim. A magia de lá podia ter ido embora, mas a lembrança encantada permaneceu.