02_ Quero ser como meu pai.

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Tomei um banho rápido naquela manhã. O dia estava lindo lá fora e isso me deixava animada. Por mais que eu não pudesse sair do castelo, eu ainda podia me aventurar pelos jardins que tínhamos. Jardins que deviam estar abertos para todo o povo poder visitar, não só nós.

ㅡ Branco ou creme? ㅡ Perguntei para mim mesma observando os meus dois vestidos pendurados. Correto! Eu também precisava usar vestidos no meu dia a dia, mas eles não eram longos, graças a minha segunda mãe. Batiam no meu joelho, eram rodados mas não eram cheios. Eram vestidos comuns mais confortáveis que os demais. ㅡ Creme.

Vesti o vestido de cor creme que tinha umas pequenas flores brancas presentes por ele. Penteei meu cabelo e tentei parecer uma garota descente. Minha mãe era bem rígida quanto a minha aparência, mesmo quando eu nem ia sair do meu quarto. Segundo ela, nunca sabemos quando um rei ou alguém importante pode vir nos visitar.

ㅡ Bom dia, Sr. Bellik. ㅡ Passei pelo guarda que ainda não era acostumado com o fato de eu o cumprimentar todas as manhãs como uma pessoa normal. Os outros membros da realeza não costumavam fazer isso.

Me virei para ele aguardando que ele me respondesse.

ㅡ Bom dia, princesa. ㅡ Ele respondeu com insegurança, como sempre. Sorri satisfeita e corri pelo corredor em direção ao meu local favorito do castelo.

Cumprimentei a todos que vi pelo caminho com um grande sorriso e quase derrubei a bandeja de chá que Dona segurava para levar até minha mãe.

Ela me encarou com um olhar repreensivo e eu me curvei em saudação antes de rir e sair dali correndo.

Virei o corredor para ir de encontro ao meu lugar favorito e me deparei com mais um guarda parado naquela porta. Me aproximei dele e o mesmo já esticou a mão para abrir a porta para mim, porém eu balancei a cabeça.

ㅡ Não se preocupe. ㅡ Dei um sorriso e ele recuou. Eu mesma abri a porta e o cheiro daquele lugar me invadiu. Outro sorriso brotou em meus lábios e eu me senti em casa. Eu amava a nossa biblioteca.

Ela era grande, espaçosa, tinham tantos livros que eu não podia contar. Ali, por incrível que pareça, não tinha ninguém. Era um dos poucos lugares do castelo que ficava vazio.

Eu havia terminado minha última leitura:

ㅡ Romance. ㅡ Suspirei colocando o livro de volta no lugar. Agora era hora de escolher um novo livro para começar. Talvez de um outro gênero como drama ou terror... ㅡ Não. ㅡ Ri dos meus pensamentos e corri na direção dos livros românticos. ㅡ Ah! por que és tu Romeu? Renega o pai, despoja-te do nome; ou então, se não quiseres, jura ao menos que amor me tens, porque uma Capuleto deixarei de ser logo. ㅡ Repeti o verso abraçando o livro e suspirando feito Julieta. Sorri e me virei para o lado dando de cara com a minha primeira mãe. ㅡ Ah! ㅡ Gritei de repente enquanto ela me observava.

ㅡ Bom dia, filha. ㅡ Sua voz, como sempre calma e serena, soou. A postura dela era impecável e o seu vestido ia até os pés. Rodado e com muito glamour.

ㅡ Mamãe? O que-o que faz aqui? ㅡ Gaguejei e tentei manter a postura tão reta quanto a dela.

ㅡ Mapas. ㅡ Ela respondeu de forma breve e eu procurei os mapas em suas mãos, mas logo uma de suas servas saiu de um corredor de estantes segurando um número grande de mapas.

ㅡ Ah. ㅡ Assenti.

ㅡ E você? O que faz aqui tão cedo? ㅡ Ela perguntou voltando a andar. As mãos juntas na frente do corpo a deixavam plena. A serva caminhou depressa para alcançá-la e isso a fez perder o equilíbrio dos mapas. Eles estavam prestes a cair quando me aproximei dela e a ajudei.

A Princesa Não RealOnde histórias criam vida. Descubra agora