07_ Confia em mim?

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Nossa conversa terminou ali. Minha mãe entrou junto comigo no grande salão cheio de vestidos e belos penteados. Princesas conversavam formalmente com risadas curtas e baixas. Algumas balançavam leques, outras ministravam com uma perfeita postura. Seria normal eu me sentir um alien no meio de todas elas?

ㅡ Venha, querida. ㅡ Os passos precisos da minha mãe me levaram de encontro ao trono da rainha Maressa.

Ambas fizemos nossas reverências e a rainha logo se levantou do trono e se aproximou.

ㅡ Princesa Lineta... ㅡ Seu sorriso naturalmente falso se direcionou a mim.

ㅡ Vossa majestade. ㅡ Sorri antes que minha mãe me obrigasse.

ㅡ Está tão crescida. ㅡ Ela analisou-me dos pés à cabeça. ㅡ Soube que meu enteado foi cortejá-la essa manhã. ㅡ A rainha comentou enquanto seus olhos focavam em outras pessoas que estavam no salão de baile. 

ㅡ Sim, o príncipe foi... ㅡ Minha mãe me encarou. ㅡ Agradável? ㅡ Inclinei a cabeça para frente e ela pareceu aliviada.

ㅡ É, ele é um doce. ㅡ A rainha falou ainda observando as outras pessoas. Na verdade, ela não pareceu nada sincera.

Encarei minha mãe suplicando que saíssemos de perto da rainha e ela assentiu não parecendo satisfeita.

ㅡ Com a sua licença, majestade. ㅡ Minha mãe fez a reverência novamente. Eu até pensei em fazer, mas a rainha não estava nem olhando para mim, então dei com os ombros e segui minha mãe.

Paramos perto de uma das enormes portas que dava para o jardim e minha primeira reação foi reabrir o meu livro e começar a lê-lo.

ㅡ Lineta? ㅡ O tom de bronca da minha mãe me fez abaixar os ombros em frustração. ㅡ Você não veio aqui para isso. Ande pelo salão, procure alguma amiga, crie relações com as demais princesas.

ㅡ Mas...

ㅡ Sem "mas". ㅡ Ela tomou o livro da minha mão e entregou ao guarda Bellick. ㅡ Avante. ㅡ Me dando um leve empurrão ela apontou para o salão.

Contra a minha vontade eu acabei caminhado por entre aquelas garotas que me encaravam com sorrisos falsos.

ㅡ Avante. ㅡ Resmunguei fazendo uma careta e parei bruscamente quando uma princesa de cabelos ruivos e aparelho nos dentes me deu um sorriso enorme. ㅡ Oi? ㅡ A encarei confusa.

ㅡ Oi! ㅡ Ela falou quase dando um pulinho, eu realmente me assustei. ㅡ Deise! ㅡ Ela estendeu a mão para que eu apertasse, o que me fez fazer uma careta para ela. Não que apertar mão fosse algo de outro mundo, mas as princesas não costumavam fazer isso. ㅡ Digo... ㅡ Ela coçou a cabeça e fez sua reverência de uma forma meio desengonçada. ㅡ Me chamo Deise e sou princesa de Montenória.

ㅡ Ah. ㅡ Fiz minha reverência. ㅡ Lineta, princesa de Cristalha.

ㅡ É um belo reino. ㅡ Ela falou rápido quase atropelando as palavras.

ㅡ Obrigada. ㅡ Assenti achando toda aquela situação muito engraçada. ㅡ Montenória também é um belo Reino.

ㅡ Sim, eu cresci lá e nem sabia que era princesa. ㅡ Eu percebi que ela realmente falava rápido demais.

ㅡ Como assim? ㅡ Comecei a caminhar com ela por entre as demais princesas.

ㅡ É uma história até engraçada. Eu vivia com meus pais numa casa pequena em uma vila em Montenória. Aí o meu pai se acidentou e acabou falecendo. Depois de um tempo eu estava na escola quando me chamaram para dizer que eu fazia parte da família real e que era filha do rei de Montenória. ㅡ Ela soltou todas aquelas palavras em poucos segundos.

A Princesa Não RealOnde histórias criam vida. Descubra agora