Emerald

Don't talk to me.

Notas: Postando a continuação dessa história graças a finalmente ter lançado a aparência oficial do Sanji 40 e ser melhor do que qualquer um esperava.

Quanto mais comentários, mais rápido tem novo capítulo que já está escrito.

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Fazia apenas três dias desde que aquele professor metido a perfeitinho chegara em sua vida e Zoro nunca havia odiado tanto alguém. Sanji era um estrangeiro abusado e irritante, que não desistia de seu objetivo e continuava incansavelmente tentando colocar algum juízo em sua mente. Zoro sempre conseguia ignorar os tutores que contratavam para ensiná-lo coisas que não sentia nenhuma vontade de aprender e era normal que fossem embora logo no segundo dia, dizendo que ele não tinha salvação. Não se importava em nada, seu objetivo era se tornar forte, não aprender a dançar ou como se sentar em uma mesa só para comer, essas frescuras eram desnecessárias e não iriam torná-lo mais forte.

Sanji era insistente. Caso não acordasse no instante em que ele o chamava educadamente, Zoro levava um chute que era absurdamente dolorido e não fazia sentido, aquele loiro tinha um corpo aparentemente fraco, mas ele não era nada fraco, era mais forte que Zoro e sem dúvidas era o mais insuportável, alguém como ele não tinha direito de ter tanta força. Ou Zoro era só muito mimado e não sabia lidar quando encontrava alguém melhor do que ele, antes existia apenas Kuina, mas aquele loiro metido sempre o derrotava e o deixava jogado de costas no tatame, fazendo-o perceber o quão patético e fraco ainda era.

Ainda assim, mesmo que aquele fosse o terceiro dia em que fora derrotado, ele não desistiria até superá-lo e humilhá-lo da mesma forma que sempre estava sendo humilhado. Seu comportamento apenas demonstrava o quão mimado e infantil era. No meio de suas pernas, Zoro viu a mão estendida para ajudá-lo a se levantar e deu um tapa para afastá-la, olhando o dono com ódio.

— Eu já disse para não se dirigir a mim quando não for necessário. — Ele repetiu a mesma ordem que dera no dia em que se conheceram, depois de ser derrotado pela primeira vez e ficar irritadinho.

De fato, ele não queria conversa, não eram amigos, aquele homem era apenas um ser indesejado em sua vida, que fora inserido unicamente para fazê-lo perder os nervos. Porém, se Zoro odiava quando ele ficava tentando conquistar sua confiança sendo amigável, ele odiava ainda mais quando o loiro simplesmente concordava com o que falava, dava de ombros e se retirava, o ignorando. Quanto mais tempo passava com ele, mais queria fatiá-lo.

Quando se deu conta, havia se levantado por impulso e segurado o ombro do outro, apertando-o com uma força exagerada, mas nem aquilo parecia surtir algum efeito em Sanji. Ele continuava inexpressivo e sem olhar em sua direção, claramente o ignorando. Desgraçado. Zoro o puxou com tanta força que o corpo leve fora obrigado a se virar em sua direção e havia ódio nos olhos verdes.

— Seu... Eu juro que irei te derrotar! — Zoro praticamente gritou aquilo, a mão indo até o lenço irritantemente pomposo de Sanji e o apertando com força e ódio, puxando o corpo levemente maior até suas testas baterem e seus olhos ficarem na mesma altura do outro. — Mas se você me vencer todos os dias nessa semana, eu deixo que marque minhas costas de espadachim.

Apostando as costas que tanto se orgulhava de não ter nenhuma marca, Zoro prometeu confiante de que iria vencê-lo em breve e não sofreria as consequências. Ele queria fazer aquele homem certinho perder a compostura, da mesma forma que havia feito no dia em que se encontraram pela primeira vez ao derrubar a porta de seu banheiro.

Infelizmente para Zoro, Sanji não era alguém que se deixava levar tão facilmente assim. Então ele apenas afastou educadamente a mão do garotinho mimado e voltou a ajeitar a postura, assim como arrumar o lenço amassado pelas mãos do bruto.

— Como desejar, bocchan. — Ele apenas concordou com o oferecido, sabendo que seria muito mais simples concordar com as infantilidades daquele pirralho do que contradizê-lo.

Sanji desejou que fosse tão fácil assim. Após ter se lavado e vestido o smoking que usava para dar as aulas práticas de valsa, e obrigado Zoro a fazer o mesmo, vestindo-o na roupa que ficava bastante justa devido ao corpo mais musculoso do garoto, ele o levou para o salão de dança e tentou ensiná-lo mais uma vez os passos básicos, mas como o esperado, Zoro sequer prestou atenção em suas palavras.

A expressão de Zoro não poderia estar mais emburrada, ele odiava perder, mas odiava ainda mais ter que ficar tendo contato físico com outras pessoas e dançar implicava nisso. Ele sempre tinha que tocar o tutor, segurar sua mão e cintura, colar os corpos e tudo aquilo era detestável. Não gostava de precisar tocar em alguém, assim como não gostava de dançar. Era estúpido e desnecessário, não queria tocá-lo.

Seus rostos estavam quase na mesma altura, ele podia sentir a respiração calma de Sanji tocando seu nariz e isso o deixava ainda mais nervoso. Como alguém podia estar em uma situação tão irritante e ficar tão tranquilo? Zoro sempre ficava suando horrores só de ter que segurar na mão dele, mais ainda quando o loiro colocava a mão dele por cima da sua que segurava a cintura dele e a apertava, obrigando-o a segurar com mais força. Na primeira vez, o professor demonstrou como deveria fazer, segurando sua mão com firmeza e enlaçando sua cintura, dizendo que Zoro deveria ter pegada. Claro que ele não teria isso, não precisava, era estúpido.

Ele ouvia a voz de Sanji falar várias coisas durante a dança... Ou melhor, a tentativa de dança, já que ele não prestava atenção nas palavras por ter desligado o cérebro e estar praticamente dormindo consciente. Quem sabe assim aquele metido e pomposo fosse embora, libertando-o das obrigações de um futuro marido. Zoro nem mesmo queria se casar, estava apenas sendo obrigado por já ter passado muitos anos desde que deveria ter assumido a família e ele precisava de uma mulher ao seu lado, assim como um herdeiro. Às vezes ele desejava ter continuado nas ruas, sem dinheiro, sem família, sem ninguém e nada. Não, isso era estupidez, ele só continuava naquela casa por gratidão e dever. E ele assumiria a casa, assim como devia.

Quando voltou a si, ele viu o olhar azul do loiro o encarando muito de perto e se sentiu intimidado, soltando-o imediatamente e se afastando. Zoro fugiu do resto da aula, não por vontade própria, já que ele apenas queria alguns minutos longe daquele irritante, mas acabou se perdendo pelos corredores da mansão desnecessariamente gigante e não conseguiu mais encontrar o salão de dança.