SUA VISÃO ERA EMBAÇADA PELA MANHÃ, por sorte Nora não teve que passar mais de um dia naquele hotel na esquina do departamento. Emily, enquanto podia, a deixou dormir na sua sala e assim — por mais que não trocassem muitas palavras, ela poderia entender um pouco mais sobre a equipe. O celular de Rowe vibrou e a sua mente parecia imergir em pensamentos inalcançáveis, ela admitiu a si mesma que não era fácil dormir com raios de sol batendo em seu rosto, tanto quanto não era agradável no momento em que recebia dezenas de mensagens desesperadas. A tela mostrava o nome do contato, Mãe.
Ela decidiu ignorar, no mais seria repreendida e, naquele momento, nada poderia ser mais importante que seu café da manhã. Nora tirou um dos biscoitos aparentemente velhos que haviam em cima da geladeira, o seu coturno fazia ao máximo para não se ajeitar em seus pés — e a partir dali, ela não saberia diferenciar as roupas sujas das limpas de dentro de sua mala. – Sabe que não precisa comer isso, não é? Tem uma lanchonete na ida pra central. — Prentiss riu depois de aparecer de surpresa na cozinha, de qualquer forma, Nora sabia que ela só queria ajudar. Então, ela tirou a bolachinha da palma da mão da amiga e jogou-a no lixo. – Vem, eu pago. ⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀ Eles haviam arrumado uma mesa para Nora, e ela havia arrumado de seu jeito. Por mais que a sua certeza de estabilidade não fosse clara, ela se sentia obrigada a manter a organização e formalidade no trabalho. – Trouxe um chá pra você, lembrei que disse que café te faz mal. — Spencer botou o copo ao lado da papelada de Rowe, que agradeceu. – Não sei se está bom, eu não confio nas cafeterias de Quântico. Mas se não houvesse café, eu me demitiria.
Aquilo fez ela revirar os olhos, e realmente, o chá da Virgínia não era um dos melhores. "Se você se demitisse, pelo menos teríamos menos gente pra pagar", brincou Morgan, tirando uma risada geral — antes de terminassem a conversa, eles já estavam juntos na sala de reuniões e o celular de Nora continuava a receber mensagens. – Mil perdões, problemas pessoais. — Murmurou ela, enfiando-o no bolso da jaqueta dessa vez.
Ignorando a situação, Jareau passou alguns slides que mostravam a cidade situada perto de água e a foto de uma menininha de no mínimo cinco anos. – Essa é a Angelina Jenkins, ela desapareceu na noite passada, em Jacksonville. Por favor, temos que estar antes das oito na cidade, estão me pressionando para dar uma coletiva de imprensa, e a família está desesperada com os delegados locais. — Uma cópia dos relatórios fora dada a cada um sentado na mesa.
Antes que Nora pudesse tocar nos papéis, o seu celular vibrou pela última vez, "com licença" ela murmurou enquanto andava porta a fora. – Meu Deus, o que houve?! — Rowe exclamou com sua mãe, mas ela não parecia querer revidar, seu tom era melancólico e baixo. – Seu pai está sendo indiciado, em Nova York. — A mulher tinha a voz rouca, de quem não dormira por mais de cinco horas. – Você precisa vir, por favor Nonie. — O apelido de infância nas suas palavras deixava aquilo ainda mais pessoal e Nora tentava levar a situação como algo do destino.