Parte II

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Parte II

Dois anos depois...

- Ei, Anjinho... Estaciona o meu brinquedinho, por favor? - ela balança a chave no ar e depois a arremessou em minha direção. Depois te um agrado! - Contornou o carro e parou de frente para mim. - Você tem um rostinho de bebê. - Apertou o meu rosto como se eu fosse realmente uma criança fofinha. Não é a primeira vez que ela me trata como se fosse a minha mãe, e se ela soubesse que a cada vez que aparece por aqui, Meus pensamentos desviam apenas para o corpo dela... - Diretamente falando, para os seios dela. - Maravilhosa, musa dos meus sonhos. Ah... Não custa nada sonha e fantasiar, uma noite erótica com a dona Fernanda. Desde quando comecei a trabalhar aqui, já a vi acompanhada por diferentes homens, acho que ela não se importa muito com qualidade, ela aparentemente demonstrar ser adepta ao ditado "quantidade". Mas, quem sou eu para opinar sobre isso? Ninguém, apenas o manobrista que trabalha de frente para o restaurante de "bacanas" na praia da Barra da Tijuca. - Depois da seção esmagadura de bochechas, que interage diretamente em minhas partes mais baixas, me deixando duro ao ponto de precisar de alívio urgentemente, ela se afasta desfilando seios contidos por um pedaço de pano, - Dizem por aí que isso é biquíni. - uma mini-saia branca transparente e uma barriga lisinha. - Ai meu bom pai, me perdoe por eu ser um fraco e admirador de senhoras de respeito. - Balanço a cabeça para desviar as imagens dessa deusa libertina, e volto ao meu trabalho.

O meu trabalho não é tão fácil, considero o que eu faço, uma missão quase impossível, pois a minha função resumi-se em encontrar uma vaga disponível para estacionar - em um bairro que existem poucos vagas disponíveis.- os carros dos "bacanas", enquanto eles estão na praia ou em algum restaurante desfrutando de um almoço ou jantar sem nenhuma preocupação. Não é o emprego dos meus sonhos, mas é o que tem para o momento, e está me rendendo uma grana boa, graças as gorjetas. Presto serviço para uma cooperativa que controla os estacionamentos de rua dessa região. Não pretendo ficar por muito tempo manobrando carros, tenho alguns objetivos e metas para alcançar. Uma delas, está próxima de se concretizar.

- Mais um ano de vida! - "Parabéns para você... Nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida." - A musiquinha surgiu entre as minhas lembranças da minha infância. Onde, eu era feliz e não sabia.

É... Vinte anos e virgem. Felipe, vamos mudar essa condição. - levanto-me da beliche de ferro, dobro o cobertor de lona e estico a cama para acomodar o próximo desabrigado. Pego a minha mochila e entro em um dos banheiros. Separo a minha toalha e tomo um rápido banho.

" Pai, sei que sou apenas um pecador. Mas, gostaria de fazer alguns pedidos. Porém, irei começar agradecendo. Hoje venho lhe agradecer pela minha saúde e pela vida da minha irmãzinha, Eloisa. Peço ao meu anjo da guarda, que continue protegendo-me deste mundo perverso e egoísta. Sei que ainda tenho um longo caminho a percorrer, mas dentro do meu coração sinto que estou cada dia mais próximo de alcançar os meus objetivos. E o senhor me ajudou até aqui, livrando-me do mau e acolhendo-me em seus braços. - Em nome do pai, do filho e do Espírito Santo. Amém!"- Fiz o sinal da cruz e terminei de me secar. Vesti o meu uniforme e o tênis. Dentro deste ritual, o mais duro é ter que encarar o espelho. Paro de frente para ele e encaro a minha imagem... Fecho os olhos com força. Abro os olhos e fito-me mais uma vez... Eu não sou um homem feio, tenho convicção disso, porém tenho consciência que atualmente a minha aparência não está muito de acordo com o que a sociedade impõe. Meus cabelos estão grandes demais, chegam na altura do ombro, estou um pouco abaixo do meu peso ideal, as roupas são a maioria fora de contexto... E o melhor para acabar de vez, me faltam a metade de dois dentes. Maldito dia que fui comemorar meu aniversário na praia! - Sorrio abertamente ainda de frente ao espelho, um vazio no meio da minha boca marcando presença. Que mulher se interessaria por um homem desdentado e desabrigado? Nenhuma. - Coloco o creme dental na escova de dente e enfio a escova na boca. - Desde o dia que fui expulso de casa pela a minha madrasta, passei a dormir em albergues e em abrigos. Uma vez ou outra durmo na casa do meu amigo Guilherme, mas não gosto de abusar da hospitalidade de sua família.

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