parte um

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     Sirius está na varanda de seu quarto, aquela que dá vista para a floresta com árvores verdes e grama amarelada. Seu quarto estava abafado e escuro demais para desenhar em seu caderno, então decidiu sair um pouco por conta da brisa que se passava naqueles horas da tarde e o sol que ameaçava se por.

        A cadeira de ferro branco não é nem um pouco confortável e a mesa do mesmo material é gelada, mas firme para que nenhuma cor escape de sua pintura e nenhum riscado estrague seu desenho. Seu cabelo está preso num nó, mas os fios que caem do aperto ameaçam nublar um pouco sua visão.

          Há um prato de prata sobre a mesa, dois pêssegos e um cacho de uva sobre ele. Sirius odeia desenhar pêssegos, mas tenta do mesmo jeito. Estava cansado da voz chata de seu professor de artes brigando com ele sobre fazer muitas sombras ou linhas muito marcadas.

              Ele está cansado daquele casa, na realidade. De mal poder sair dela. Das paredes cada vez mais estreitas e dos quadros de seus antepassados que pareciam falar.

                Por um desvio de visão, olha além do prato, além das frutas e além de onde deveria ser seu objetivo. O jardim parece mais interessante, ainda mais quando há uma pessoa o cruzando. Sirius nem percebe, mas arregala os olhos de surpresa.

                 Uma pessoa passando por seu jardim? Do nada? Era no mínimo empolgante.

                  Se levantou um pouco da cadeira para ver melhor. Era um garoto. Um homem, para ser mais específico. Um rapaz recém saído da adolescência, justamente igual a ele. A cor de seu cabelo se assemelhava com a grama amarelada. Carregava dois baldes, um em cada mão.

                    Os pais de Sirius não sabiam que aquele rapaz estava passando por ali, com certeza não. Nunca saberiam, talvez. Aqueles campos eram quase tão abandonados quanto o próprio Sirius, nem a grama era aparada constantemente.

                       O homem não de demorou por ali. Passou rápido como se fosse só uma economia de tempo passar por ali e não notou que Sirius o olhava da varanda, os olhos fixos em seu caminho.

                      Black o esperou desaparecer atrás das colinas, curioso. Curioso sobre as vestes de cores claras que pareciam sujas, o cabelo dar cor do trigo e os baldes cheios d'água. Mesmo que fossem considerados coisas comuns, ainda era muito interessante para Sirius que tinha tão pouca aventura em sua vida no momento.

                 Esta foi a primeira vez que Sirius viu o rapaz misterioso passar por suas terras. E não poderia ter sido mais emocionante do que isso.

( . . . )

     No dia seguinte, Sirius esperava que o rapaz passasse por lá novamente. Se sentou próximo da grade da varanda ao querer vê-lo melhor, como se assim conseguisse descobrir mais sobre ele. Tinha sonetos para transcrever, mas achava mais atrativo  fazer qualquer outra coisa do que aquilo.

       Às seis horas da tarde, quando o sol estava quase acabando por este dia, foi quando o rapaz passou por lá. Os baldes eram os mesmos, as roupas e cabelo. Sirius agora podia notar as botas manchadas de lama e o rosto sujo de algo preto, talvez carvão.

        Será que ele trabalha nas minas?, Black se perguntou. Os baldes pareciam pesados. Observou a curva de seu nariz, captando mais um detalhe que no dia anterior não poderia ter notado.

           E tão rápido como apareceu, foi embora sem nem erguer o olhar para o moleque de cabelos pretos que novamente acompanhava seus passos de modo quase indiscreto.

you live in this house?, wolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora