Um

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Mais uma vez mudança. É tão difícil se despedir do local, onde acabou de se adaptar, a se acostumar, e criar laços de amizade. Estou na frente da casa olhando para o meu reflexo no vidro espelhado que está anexo na porta .Vejo como mudei, meu cabelo está comprido e com a mesma cor castanha de sempre. Meus olhos ainda estão adormecidos, mas com o mesmo tom azulado. Acho que nunca tinha ficado tanto tempo sem me ver no espelho. Acho que foi por ver a foto dela. Nunca tinha visto como éramos iguais. Os mesmos cabelos. Os mesmos olhos. Afinal foi a primeira vez que vi uma foto dela. Da minha mãe.
Depois de me despedir da casa em Chicago que morei por dois anos, estou indo para Nova York. Meu pai é professor de história, então vivemos nos mudando para onde ele é designado.

__ Filha podemos ir? __ meu pai fala enquanto entro no carro.

__ Podemos, só me prometa que não vai cantar o caminho todo.

__ Isso não posso prometer. __ ele diz enquanto um sorriso forma em seu rosto.

Retribui o sorriso, e olho uma última vez para casa.

Já na estrada me permito dormir, afinal não durmo há dois dias para poder embalar as coisas e fazer as malas.

Quando volto a abrir os olhos, já estamos na frente de um prédio cor verde água. Meu próximo lar.

Meu pai já está do lado de fora empilhando as caixas e indo em direção à entrada. Salto do carro para ajudar. Pegoa algumas caixas e passo pela entrada.

__ Uau! __ é tudo que consigo dizer. Tudo é muito organizado e aconchegante. De frente da porta de entrada há um elevador, do lado esquerdo tem a recepção, com um balcão de madeira com gravuras feitas à mão. Atrás do balcão há uma mulher com cabelos escuros que caem sobre seu ombro, sua expressão é séria, mas logo lança um sorriso para mim

__ Boa tarde! Você deve ser a Clarisse Price, seja bem vinda. __ diz ela sustentando o sorriso.

__Pode me chamar de Clary. __ digo.

__Clary tudo bem. Meu nome é Glace, e se precisar de mim estarei aqui. __Ela diz e trás de volta sua expressão séria.

Eu sigo para o elevador, passo por sofás com o mesmo modelo do balcão de Glace. Paro em frente ao elevador, aperto o botão e espero. Quando as portas se abrem, já me dirijo em sua direção, ainda vislumbrando o lugar e acabo me deparando com um garoto saindo . Ele tem cabelos castanhos , olhos verdes e tem uma expressão simpática. Ele me comprimenta com um leve aceno e sai do elevador. Eu entro e me preparo para quando chegar no apartamento não ter muitas coisas para serem feitas.

Quando chego no quinto andar vejo meu pai parado em frente a uma porta do lado direito olhando para mim.

__ Essa é nossa nova casa! __ ele diz e gesticula as mãos para que eu entre.

Quando passo para o lado de dentro me surpreendo com um reconhecimento impossível. Nunca estive aqui para ter esse sentimento. Ignoro meu subconsciente e vejo como é belo. Na minha frente à uma mesa de jantar de quatro lugares, com um lindo arranjo de flores brancas. Ao meu lado direito tem uma porta e vejo que esta dá acesso a sala. Toda a mobília do apartamento são de madeira e gravuras, que olhando por um longo tempo, parecem contar uma história.

__ Clary, acho melhor descansarmos, afinal amanhã você começa as aulas. E acredito que poderíamos arrumar isso depois. __ Ele diz e aponta para as caixas.

Eu concordo com a cabeça e sigo para o corredor que fica do meu lado esquerdo. Chego na última porta do corredor e vejo que é meu quarto. Minha mala já está em cima da cama, e percebo que dormi um longo tempo no carro desde que tinhamos chegado. Vou em direção ao banheiro que fica no corredor e tomo banho. A primeira coisa que faço logo depois é deitar e dormir

****

__ Me procure. Você sabe onde me encontrar, é só você se lembrar. Não demore 16 anos é muito tempo! __Ela fala. Uma mulher idêntica a mim, só que mais velha, com uma expressão preocupada e amorosa ao mesmo tempo. Demora um tempo para perceber que ela é a minha mãe. Logo que olho em volta, vejo que estamos no meio de um campo. Quando dou por mim, já estou correndo em direção a ela. Mas nunca chego!
Acordo suada, assustada com o sonho que tive. Eles tem sido tão reais para mim. Sempre os tive, mas desde do meu último aniversário, eles tem se tornado mais reais e frequentes e sempre minha mãe aparece. Mesmo antes de ver a foto dela já sabia como ela era. Nunca entendi pq meu pai só mostrou a foto dela agora, ele sempre disse " você não tem idade para isso, ainda" mas nunca questionei. Vejo pela janela do meu quarto que o sol nem apareceu ainda. Acordei cedo demais, então me troco e vou para cozinha, na esperança de ser a primeira a acordar. Mas meu pai já está de pé.

__ Eu sei, só me dê mais tempo! Ela é apenas uma menina! Ela é minha filha! Você não pode entender esse tipo de amor, mas me dê tempo! __ Ele fala no telefone com uma voz embargada, nao sei ao certo do que se trata, mas tem a ver comigo. O que seu pai esconde de você? Será que você não devia saber? Meus pensamentos gritam procurando uma explicação lógica para isso. Então volto e paro na porta do meu quarto abro e fecho a porta com força o suficiente para que meu pai não perceba que eu ouvi sua conversa. Ele me olha assustado, mas já não tem o telefone em mãos. __Filha já de pé? Achei que eu iria te acordar.__ Ele diz em um tom suave, e quase penso que o que ouvi foi um sonho. __ Acordei assustada, eu sonhei de novo com ela. A mesma coisa sempre...___ digo e no mesmo momento seu rosto é tomado por uma palidez absurda __ Pai tudo bem? Tem algum problema? Quem sabe eu posso ajudar? __ ele senta na mesa, enquanto a cor volta para seu rosto

__ Tudo bem querida, é só o cansaço... e não consegui parar de pensar no que falta para desempacotar. __ ele diz com um pequeno sorriso no rosto que não chega aos seus olhos.___ Bom, é melhor tomarmos café, afinal é seu primeiro dia de aula!

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