Gotas mergulhavam em abundancia na cidade cinzenta de Starville. Moradores corriam para dentro de casa. Varais eram desfeitos e portas fechavam. Em bares próximos da calçada, trabalhadores levavam as mesas para dentro e estendiam seus braços afim de puxar as cortinas de metal e se trancarem em segurança. Carros entravam no conforto de suas garagens e rapidamente as ruas esvaziaram.
Na estrada, as poças d'agua oscilavam para os pingos de chuva e respingavam sobre os passos solitários de ritmo apressado. Erick, Jessica e Lucas apoiavam suas bolsas na cabeça em uma tentativa falha de não se molharem. Seus calçados molhados corriam para escapar da pancada de chuva que começou tão repentinamente.
- "Eu não posso mais" Jessica falou ofegante
- "Estamos quase chegando em casa, só falta mais alguns quarteirões" Erick falou afim de não desmotivar seus amigos
- "A gente está correndo a muito tempo e parece que não chegamos nunca."
- "Erick, vamos parar um pouco, eu estou quase morrendo também" Lucas suplicou
- "Você não está sendo um pouco dramático?" perguntou Erick
- "Por favor Erick! Vamos parar ali, eu estou toda ensopada!"
Jessica gritou apontando para um ponto de ônibus deserto no qual podia servir como abrigo
Erick ao ver a situação de todo mundo e ao perceber que a tempestade não ia acalmar tão cedo, resolveu consentir com a ideia. Enquanto os outros dois pensavam no abrigo, Erick não parava de reprisar o estranho evento do Primo de Lucas.
A tempestade continuava firme e forte, a água caia em furor ao solo, e o vento pesado em nenhum momento parou. Os estudantes tomaram abrigo no ponto de ônibus e ali esperaram.
Jessica estava tremendo de frio, seu corpo estava encharcado. Lucas, ciente que ela estava em calafrios, emprestou seu casaco para ela.
- "Obrigada Lucas, além de eu estar toda encharcada e com o meu cabelo ARRUINADO, agora eu estou morrendo de fome"
Erick, ao ouvir isso, praticamente como se seus pensamentos tivessem fugido pela boca, falou em tom bem baixo para si mesmo;
- "Se tivesse fechado a matraca e continuado correndo você já estaria no conforto da sua casa"
- "Não entendi Erick, pode repetir?"
- "hã? Eu?"
Jessica olhou para Erick com chamas em seus olhos, ela claramente ouviu que ele falou algo a seu respeito, se não fosse pelo frio, ela já teria arrancado seu couro ali mesmo.
A tempestade enquanto isso continuava e não dava sinal que ia parar, os postes elétricos e as luzes das casas próximas eram as únicas fontes de iluminação das remotas ruas de Starville
Erick estava em pé enquanto que Jessica e Lucas contemplavam, sentados, a pequena cidade sendo banhada pelo céu, acompanhado pelo som leniente da água caindo na terra e ecoando no abrigo acima deles, ambos esperavam algum sinal de que as coisas fossem acalmar. Erick, porém, apenas pendulava ansiosamente o seu corpo de um lado para o outro. Algo sobre a Rua do Óbito atraia grande interesse para ele. Seus olhos, dirigidos para Lucas, estavam inertes.
Lucas, sem falar nada pegou sua mochila molhada e enfiou a mão dentro em busca de algo, Jessica e Erick olharam confusos. Até que Lucas, em um momento de exaltação puxou uma fruta e ofereceu para Jessica
- "Quer uma banana?"
- "Eca Lucas, a quanto tempo isso tá na sua mochila?
Erick, visivelmente futricado, apenas observava tudo. Seus amigos riam e conversavam numa tranquilidade que, ironicamente, era inquietante para ele. Como eles podiam estar fingindo que estava tudo bem? Era como se eles quisessem esquecer de tudo tivera acontecido a minutos atrás. O que houve com os tios do Lucas? Do que o seu primo está fugindo?
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Rua Óbito (DESCONTINUADO)
Misteri / Thriller🥈- 2° lugar na categoria TERROR Concurso nacional (2021). Lendas urbanas começam a circular na cidade de Starville assim que uma estranha onda de eventos raros, sem nenhuma logica coerente, acontece pela região. Tudo isso acaba atraindo a atenção d...