Capítulo 11

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Mesmo sabendo que Thiago não iria gostar dessa história de eu ir atrás de Lucas, eu tinha que arriscar, queria saber o porquê daquilo. Posso ter recuperado toda a minha memória, mas ainda faltava algo para que tudo ficasse claro. Tinha que achar Marlon também, mesmo depois de todos esses anos, tinha que fazer isso, conversar com Marry, Lucas e Marlon, mas antes de juntar os três, tinha que conversar com eles separados, e a missão impossível, seria encontrar Marlon.

- Olha Thiago, eu sei que você não gosta muito da ideia de eu ir atrás do Lucas. - eu dizia a ele, esperando que entendesse, mas pela expressão em seu rosto, vi que ele não estava de acordo, e meu maior medo, era dele querer pegar o Lucas e acabar com a raça dele. - Eu tenho que fazer isso. Confie em mim, por favor.

- Está bem Diego, eu confio em você, mas, por favor, me avise se ele te fizer algo. - ao fazer esse pedido, Thiago pegou minha mão e a segurou firme e depois me deu um beijo de despedida, me permitindo ir. - Hey... Eu te amo.

- Eu também te amo. - disse a ele e sai dali.

Estava saindo do quarto e descendo as escadas encontrei com Marry sentada nos degraus.

- Pensando muito? - perguntei a ela, a mesma se assustou e se levantou rapidamente.

- Quase me matou do coração, seu viado. - disse ela gargalhando e eu gargalhei junto. Fazia muito tempo que eu e Marry não nos sentíamos bem como melhores amigos desde que ela conheceu Sarah. - Da próxima vez, eu te jogo pela escada. E não estou brincando.

- Está bem coisa chata. Mas, eu preciso conversar com você. - disse a ela e logo sua expressão mudou, ela se sentou no sofá, colocou uma almofada no colo e me olhava. A sala era enorme, quadros pendurados nas paredes, a TV estava na parede, bem fixa por sinal, havia duas estantes com livros a esquerda da entrada e uma escrivaninha à direita. Eu amei aquela sala, estava muito mudada depois da última vez. Sentei-me a sua frente e esperei uns segundos para começar a falar.

- O que você quer dizer? - ela perguntou me olhando.

- Quando eu tinha 13 anos, eu, você e o Lucas fomos até uma festa, o que aconteceu? - eu segurava sua mão e meus olhos encheram-se d'água. Ela ficou um pouco pensativa, mas me olhou nos olhos.

- Bom Diguinho, você deve se lembrar do Marlon, um garoto na qual você gostava. - ela começou a contar, e eu prestando atenção, mesmo sabendo de tudo isso. - Vocês dois se pegaram naquela festa, no quarto dele e um dos garotos que gostava dele acabou que sem querer vendo os dois juntos e resolveu acabar com a vida do Marlon. Fotografou vocês juntos e postou no mural da escola.

- E depois, o que aconteceu? - perguntei, querendo saber o que tinha acontecido, pois desta parte eu não me lembrava.

- Depois, Marlon apenas disse que era montagem, te expulsou da casa dele. Eu e Lucas saímos juntos com você. - ela dizia, com os olhos cheios d'água. - Foi então que vimos Peter do lado de fora, o tal garoto que fotografou você e o Marlon. Passamos direto por ele, sem ao menos nos despedir. Te levamos pra casa do Lucas, ele me deixou no quarto dele e foi dormir na sala com você.

- Sim, disso eu me lembro, até porque, foi quando minha vida de indecisão de ser ou não ser gay havia começado. - disse com esperança de algo me ajudasse naquilo.

- Lucas já havia me contado que gostava mesmo era de você, então, naquela mesma noite, que você e ele dormiram na sala da casa dele... Vocês se beijaram. - ela disse aquilo e o meu mundo caiu. Eram 22h43min naquela noite, me lembrei como se fosse ontem, nesse exato momento, meu pai estava indo conversar com o Sr. Ribeiro e me viu beijando Lucas. Agora tudo fazia sentido pra mim, mesmo assim, continuei ouvindo. - Bom, seu pai viu, te bateu até que você desmaiou e nunca mais foi o mesmo.

- Está bem, mais, algo não se encaixa nessa história. - disse a ela, sabia que podia confiar em Marry, sem dúvidas.

- E o que é? - ela perguntou sem entender. - Se eu puder ajudar, irei fazer isso.

- Encontrei com Lucas quando fui comprar o refrigerante. - quando disse isso, Marry ficou espantada e sem reação. - Ele disse que não podia sair da minha frente e nem sumir da minha vida. Por que disso tudo?

- No hospital, você pediu para ver Lucas. - ela dizia com a cabeça baixa agora, tentando esconder que queria chorar. - Eu e sua mãe entramos juntas com ele. Você não notou nossa presença. Pegou a mão do Lucas e pediu pra ele prometer que não iria sumir da sua vida, nunca. E pediu pra ele estar sempre com você.

- Está bem, agora tudo se encaixa. - eu concordei com o que Marry estava dizendo. - Entendi mais isso foi antes que Thiago surgisse e que ele saísse da minha vida.

- E o que vai fazer? - Marry me perguntava, ansiosa pra saber o que eu iria fazer.

- Vou atrás dos garotos. - disse a ela. - Marlon, Lucas e Peter.

- Eu vou junto. - ela dizia preparando para ir pegar a bolsa, mais eu a parei.

- Marry, desculpa. Preciso ir sozinho. - disse a ela e sai dali depois de agradecer o que ela havia feito por mim e ela compreendeu.

Saio dali, deixei Marry sentada no sofá sozinha e pedi que não comentasse com os outros. Mesmo não tendo idade, peguei o carro emprestado e saí dali, fui dirigindo até a casa que Lucas estava, havia mandado uma mensagem e ele me passou o endereço, estacionei o carro do outro lado da rua e toquei a campainha. Lucas abre a porta e surpreende-se ao me ver, fica paralisado, logo sai do transe e me convida para entrar, aceito o convite e entro.

- Então, está tudo bem? - ele perguntava como se soubesse o que eu queria. Parece que ele tinha uma conexão comigo, de um jeito que não podia ser compreendido nem mesmo por nós dois.

- Está sim, porém, preciso saber o que aconteceu no hospital, três anos atrás. - perguntei me sentando no sofá. - E não esconda nada.

- Bom, depois da festa, quando você ficou com Marlon e Peter... - ele começou a contar de um jeito um pouco diferente da de Marry, mais era a mesma história. Acontecimentos, horas, tudo igualmente. - Foi quando seu pai estava saindo da minha casa e viu a gente se beijando, te levou pra sua casa e fiquei sabendo que ele te bateu até que você desmaiou, e no hospital, você me pediu...

- Eu sei, não precisa terminar. - conclui a história. - Mas o que aconteceu com Marlon?

- Marlon se assumiu depois daquela noite, a festa na casa dele, e eu também me assumi e várias outras pessoas se assumiram. - ele dizia como se isso fosse uma boa coisa.

- Quero que me leve até a casa dele. - pedi a ele.

- Acha mesmo que vou levar meu ex na casa do primeiro garoto que ele beijou? - ele dizia com uma cara de desgosto.

- Olha Lucas, eu quero apenas conversar com Marlon. - disse a ele com paciência. - E outra, eu estou namorando com o Thiago agora.

- Veio jogar isso na minha cara? - dizia ele tentando se passar por vítima.

- Bom, depois de me deixar, se mudar pra longe, e voltar achando que me teria de volta? - disse fazendo uma cara de pensativo. - Talvez sim.

- Hey, está bem. - ele dizia se rendendo. - Te levo até lá.

Ligo pra Thiago, aviso a ele que estou indo com Lucas pra casa de Marlon, pedi a ele que pedisse Marry para ir para lá sozinha, e que ele não se preocupasse. Ele pediu que eu me cuidasse, concordei e desliguei o telefone. Quando desliguei, Lucas aumentou o volume da rádio e estava tocando a música Sorry do Justin Bieber. Eu era muito fã dele, um belieber da vida. Comecei a cantar e Lucas me acompanhou.

- Pelo menos, ainda gosta das mesmas coisas. - ele disse sorrindo. Aquele sorriso era tentador, eu sempre gostei de sorrisos, mas o sorriso de Lucas apesar de um grande idiota, era inocente e atraente, era o charme dele, mas tinha que resistir, eu não confiava mais nele, não como antes.

#NotaDoAutor: Fala galera, o que acham que vai acontecer com Lucas e Diego? O que será que Diego quer com Marlon? Será que Lucas e Diego tem uma chance de estarem juntos ainda? E Thiago, será que ele aceita mesmo isso? Votem, comentem e compartilhem.

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