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00h43 Hora da Costa Leste - 05h43 Hora de Greenwich
Lisa dorme: à deriva, sonhando. Em algum lugar escondido da mente, ela se imagina em outro voo — é uma imagem forte, mesmo que o restante do corpo esteja mole de tanta exaustão. É o voo que havia perdido. Três horas na frente, ela se imagina sentada ao lado de um senhor de idade com bigode comprido. Ele espirra e fica se mexendo, enquanto o avião passa pelo Atlântico, e nunca dirige uma palavra à Lisa, que está cada vez mais ansiosa. Sua mão está apoiada no vidro da janela que a separa do nada, do nada e mais nada.
Ela abre os olhos rapidamente e vê que o rosto de Rose está muito perto do seu. Está atenta e quieta, com uma expressão difícil de decifrar. Ela toca seu coração, assustada, e se dá conta de que está com a cabeça encostada no ombro dela.
— Desculpa — murmura e se afasta.
O avião está quase completamente escuro agora, e parece que todo mundo está dormindo. Até mesmo as telas se apagaram. Lisa levanta a mão dormente presa entre elas, e checa o relógio que ainda está, infelizmente, no fuso de Nova York. Passa a mão no cabelo e dá uma olhada na camisa de Rose para ver se babou em cima dela, pois ela está oferecendo um guardanapo para ela.
— Para quê é isso?
Ela aponta para o guardanapo, e ela vê que desenhou um dos patos do filme.
— São seus materiais preferidos? — pergunta ela. — Caneta e guardanapo?
Ela sorri.
— Coloquei o boné de beisebol e os sapa tênis para deixar o pato mais americano.
— Que graça, mas geralmente chamamos isso apenas de tênis — responde, bocejando no final da frase. Coloca o guardanapo em cima da mochila. — Você não dorme em aviões?
Ela encolhe os ombros.
— Normalmente sim.
— Mas hoje, não?
Ela balança a cabeça.
— Não consegui.
— Que droga — diz ela, mas Rose não lamenta.
— Você parecia estar dormindo bem.
— Mas não estava — diz ela. — Se bem que é bom eu ter dormido agora para conseguir ficar acordada durante a cerimônia amanhã.
Rose olha para o relógio.
— Hoje, né?
— Isso — diz ela e franze o rosto. — Sou a madrinha do casamento.
— Maneiro.
— Não se eu perder a cerimônia.
— Mas sempre tem a festa depois.
— Verdade — diz, bocejando de novo. — Mal posso esperar para ficar sentada sozinha, vendo meu pai dançando com uma mulher que eu nunca vi antes.
— Você nunca a viu? — pergunta Rose com seu sotaque britânico.
— Não.
— Nossa — comenta. — Então vocês não devem ser muito próximos.
— Eu e meu pai? Já fomos mais.
— Mas o que houve?
— O que houve foi que seu país o engoliu.
Rose dá uma risada curta e insegura.
— Ele foi dar aula durante um semestre em Oxford — explica Lisa —, e nunca mais voltou.
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A Probabilidade e Estatística do Amor a Primeira Vista - Adaptação
FanfictionEssa obra não é original minha, somente uma adaptação para o shipp ChaeLisa ... Quem imaginaria que quatro minutos poderiam mudar a vida de alguém? Mas é exatamente o que acontece com LISA. Presa no aeroporto em Nova York, esperando outro voo depois...