Assim que nasce a Kira

524 36 26
                                    

As terças sempre ficam assim, solitárias.

Meu irmão vai para a casa da namorada passar a noite e dormir lá. Meus pais tiram esse dia de folga para sair e viver como um casal sem filhos por um dia.

Eu acabo ficando sozinha, com as portas trancadas e fazendo minhas tarefas.

No meio da noite começou a chover e ouvi uma batida um pouco mais forte no teto que as gotas de chuva.

que droga. algo havia tirado a telha do lugar formando uma goteira bem encima do meu travesseiro.

Tive que pegar uma cadeira e coloca encima das madeiras que seguram o colchão para alcançar o teto. Quando coloquei a mão para pegar a telha descolocada, senti algo feito de couro e peguei para que não molhasse, finalmente tapei a goteira e coloquei a cadeira no lugar.

um caderno? Pensei enquanto estudava o estranho objeto. Ele estava inteiramente escrito em inglês por conta disso agradeço o Google tradutor.

— escrever um nome para que alguém morra? — murmurei para mim mesma — que macabro.

— concordo — disse uma voz as minhas costas.

Dei um pulo da cama para o chão, não gritar ele pode lhe dar um tiro.

A criatura era assustadora, tinha braços longos e era muito alto, completamente preto e branco exceto pelos olhos azuis. Era cheio de desenhos pretos que mais pareciam cortes de tinta.

O medo diminuiu quando vi que ele não parecia querer me atacar.

— o quê caralhos é você? — perguntei para a criatura estranha.

— sou tamaki, o shinigami dono do caderno que você porta agora — ele respondeu rodando pelo meu quarto.

— shinigami? — murmurei confusa — então pode me explicar melhor como esse caderno funciona?

— sim, claro — respondeu ele comendo um pirulito que estava em cima da cama de meu irmão — mas ele é auto explicativo.

"— você escreve o nome de alguém no seu caderno, em 40 segundos se a causa ou circunstâncias não forem especificadas a pessoa morrerá de ataque cardíaco."

— apenas isso? — ironizei, matar alguém apenas por escrever o seu nome era hediondo mas familiar.

— não,  você precisa de um nome e o rosto da pessoa em questão — continuou ele — por isso aconselho a fazer o acordo comigo.

— o quê é esse acordo? — perguntei receosa.

— você terá os meus olhos, os olhos de shinigami, e poderá saber o nome e o tempo de vida deste pessoa apenas de ver seu rosto – ele disse com um leve sorriso — mas a sua vida será dividida pela metade e dada a mim.

Suspirei e peguei o caderno.

— que merda — comentei — então eu posso matar qualquer um?

— sim.

E acabei de me lembrar do que estavamos estudando em aula.

— o ultimo humano que portou o death note foi light yagami, não é?— perguntei mordendo os lábios.

— com o shinigami Ryuk — ele respondeu devorando o pirulito inteiro.

— então eu sou a nova Kira? Interessante.
As duas horas que se seguiram ao nosso primeiro encontro foi o necessário para que eu lhe explicasse o plano da casa.

"—Não coma os doces em pé, podem achar estranho os pirulitos voarem. Coma apenas com o rosto colado a cama."

"— me siga para onde eu for, pode falar comigo, mas eu não responderei. Preste atenção a minha boca, eu posso sibilar algo para você, e sempre que eu estiver falando com o celular estou falando com você"

""— você não pode me questionar sobre os horários que eu escrevo os nomes."

Já havia decidido quem seriam as vítimas do death note.

Como Kira eu não posso matar sem razões. Seria egoísmo matar apenas pelo meu bem, teria que servir para algo ser uma assassina aos 14 anos.

— políticos? — questionou Tamaki — por quê?

"bandido-intocaveis" sibilei olhando para o meu livro sem conseguir me concentrar.

— intocáveis? Então essa tal "policia" não pode prendelos?

— claro que pode! Eles só não querem — exclamei ainda olhando para o livro, mas me dirigindo a Tamaki.

— por quê eles não querem.

— dinheiro é o que move o mundo — suspirei.

— então vai mata-los por quê eles não podem ser presos? — perguntou ele ainda tentando entender.

— isso mesmo vadia — o vadia foi apenas uma provocação, mas serve como um belo teatro.

Ele mergulhou o rosto no colchão enchendo a boca de pirulitos que comprei voltando da escola.

— acho que vou escrever agora — murmurei fechando o livro é pegando o caderno.

Hoje alguns personagens vão morrer...
Está noite escrevi três nomes apenas

"Nicolas Sarkozy" um ex-presidente francês, foi a primeira vítima, ele estava sendo acusado de ilegalidade em uma de suas campanhas. Com um pouco de dinheiro e contatos o juiz arquivou o caso.

Não quero fazer testes, se for para funcionar que seja com um alvo.

"Sebastián Dávalos" filho de uma presidente chilena acusado de ilegalidade bancaria. Foi solto com apenas um terço da pena comprida.

"Eduardo Cunha" ex-presidente da Câmara brasileira. Tentei colocar alguns políticos estrangeiros para que a investigação chegasse em outros países antes do Brasil.

Esses três nomes foram para começar.

O primeiro morreu ao ser atropelado em frente sua propria casa.

O segundo cometeu suicídio na casa da amante – o que surpreendeu até a mim.

O terceiro teve um ataque cardiaco em uma festa em que ele não deveria estar.
Não faz nem uma semana que comecei a usar o death note antes de ser divulgado a investigação de Near sobre as estranhas mortes.

"ja disse que te amo?" disse Henry na video chamada. Minha resposta foi apenas uma risadinha pela tentativa de falar português.

Henry e eu nós conhecemos em um jogo online e mantemos contato até hoje. Por conta dos meus esforços em aprender francês pelo YouTube, nunca tivemos problemas para nós entendermos.

Ele estava jogando enquanto eu escrevi os nomes e causas no death note, como escrevia minhas histórias normalmente.

— as terças são os únicos dias da semana em que você pode falar comigo diretamente — reclamou Tamaki embaixo da minha cama — mas esse garoto parece ser mais interessante?

— Um instante Henry eu vou sair um minuto —disse em francês e desliguei a câmera e o áudio.

Coloquei o rosto para baixo da cama com raiva.

— Henry e francês, do país onde queremos que Near ache que é onde nós nos escondemos — expliquei pela milésima vez — mas eu não posso fazer isso sem saber o que está acontecendo naquele momento!

"Bia!" chamou Henry animado.

Quando voltei para o computar lá estava um homem adulto com uma placa com seu nome se dizendo ser Near.

Realmente criativo Near.

A nova Kira ( adaptação Death note )Onde histórias criam vida. Descubra agora