quando eu matei seu rock n' roll

Gostar de Alguém

Ten nunca tinha deixado se levar pelas coisas incertas, sempre tinha tido um rumo e um caminho já previamente traçado. Ter segurança e certeza de tudo deixou de ser realidade. Antes ele poderia listar as coisas que ele era e tinha. Hétero, Taeyong como melhor amigo, Seulgi uma paixão platônica e um amor intenso por música. O seu maior sonho era completar a maioridade e sair de casa. Achava que assim que deixasse seu pai, as coisas melhorariam, mas aos poucos notava as semelhanças que ele absorvia. E então, ao invés de lutar contra a própria natureza, aos poucos Chittaphon escolhia acolhê-la. E isso não agradava ele.

Os últimos meses passaram voando e as mudanças na sua personalidade vieram com o tempo. Tinha começado a beber escondido também e fazia muitas coisas das quais não se orgulhava, como ficar com pessoas que ele não conhecia ou gostava de verdade e dizer coisas que não deveria. O preconceito que tinha consigo mesmo era externalizado, que era a forma que ele encontrava para afastar o pensamento de gostar de verdade de Taeyong de si. Deixou o cabelo crescer, vestia roupas sem cor e vida e passou a pintar os olhos de preto para se apresentar. A insônia e uma dor estranha agora enchiam suas noites e às vezes ele curava aquilo com algumas doses. Aos poucos, tornava-se irreconhecível. Apesar de mais maduro, a maturidade trazia consigo a maior das dores e ao tentar ser frio, Ten era uma casca oca, que queria ser ausente em sentimentos, mas a era que verdade estes eram a síntese do problema. E Taeyong notava cada detalhe e nuance durante mais um mês, sentia-o distante embora não estivesse fisicamente. Mas nada disso era motivo para deixarem de se divertir como "amigos".

Touch too much quase estouravam os ouvidos dos garotos no quarto de Taeyong, enquanto Ten lhe roubava beijos de tirar o fôlego. Aqueles pegas estavam se tornando costumeiros, então Chittaphon não conseguia parar de pensar que estava precisando de alguém diferente. De preferência, do sexo feminino.

Entretanto, Taeyong só fazia criar expectativas. 

— Quer meter entre as minhas pernas? — Chittaphon pareceu confuso durante alguns segundos, mas logo foi substituída por tentação.

— Vamos devagar. — Ele respondeu rapidamente, sentando ao lado de Taeyong depois de um tempo ponderando. A verdade era que não queria mergulhar mais no amigo e depois se afogar — Vamos assistir um filme? Yuta me emprestou um DVD de Ocean Waves. 

— Não parece seu tipo de filme. Você gosta de anime? 

— Ele praticamente me obrigou a assistir alguns episódios de Neon Genesis Evangelion. É legal. Mesmo que aquele filho de uma puta faça questão de assistir em japonês sem legenda e ainda justifica dizendo que não tem legenda 'pra falar comigo e mesmo assim ele é obrigado a falar.

— Ah, ele é mesmo um amor. — Ele concordou e se levantou — Coloque o filme. Preciso fazer algo, mas já volto. — E ele foi para o banheiro. Logo Ten ouviu o som do chuveiro ligado, mas não se importou muito com o fato dele simplesmente estar tomando banho. 

Ele se concentrou em desligar a música alta, colocar o filme e esperar por Taeyong, o que demorou mais que o esperado. Ele tinha morrido dentro do banheiro? Por um segundo ele ficou bem ansioso, com algumas borboletas no estômago? Que merda estava acontecendo agora? 

Passaram mais alguns minutos e a porta do banheiro se abriu, Taeyong sentou na cama enquanto secava os cabelos com uma toalha. Ten piscou várias vezes olhando para ele, como se quisesse notar algo diferente além do cheiro gostoso de xampu e sabonete, mas continuava sem ver nada de extraordinário ali para ele ter que demorar tanto.

— Seu pai é sócio da empresa que fornece água? — Ele já estava há muito tempo encarando o rosto do amigo sem dizer nada.

— Ah, cala a boca.