quando eu matei seu rock n' roll

Bastardos em polaróides

Passava da meia noite, entretanto a noite para os meninos da banda sem nome não parecia querer acabar. O show tinha sido um sucesso. A câmera polaroid de Yuta havia registrado bons momentos entre eles. Entretanto, quando pessoas da plateia perguntaram pelo nome da banda ficaram sem saber o que dizer.

— A primeira coisa que se faz em uma banda é escolher um nome. Como não pensaram nisso logo de primeira? — Ten era o único que não tinha algum tipo de bebida na mão, não planejava experimentar beber ou fumar antes dos 18 e o resto do grupo o achava extremamente careta. Com exceção de Taeyong, que entendia seu posicionamento.

— A gente só queria tocar, Ten. Termos conseguido um show bem sucedido já foi um milagre, ser reconhecido por um nome então… — Tae respondeu.

— Eu achava que vocês sonhavam mais alto.

— Não. Eu só queria sair por aí tocando baixo e dizer que tinha uma banda. — Yuta tomava uma cerveja, jogado no canto mais próximo.

— Por quê?!

— Sei lá… 'Tá na moda. Dar uma de Kurt Cobain, deixar o cabelo crescer e tirar umas notas de vez em quando.

— Vocês são bastardos. — Ten disse, não havia palavra melhor para descrevê-los. Tinham entrado de cabeça em algo feito por acaso. E estava dando certo. — Grandes bastardos.

— Bastard in Love. — Taeyong corrigiu, citando a música do Black Flag. 

— Os mesmos bastardos de hoje, os mesmos de ontem e provavelmente os mesmos de amanhã. — Jaehyun balançou a garrafa de bebida dele enquanto falava, jogado em um canto perto de Yuta.

— Ótimo nome. Deixe todo mundo nos chamar de "bastardos" e então o Ten fica feliz. — Yuta retrucou.

— O Ten tem uma ideia melhor. — Disse o próprio Ten, com um sorriso no rosto. Na verdade sua ideia era péssima, mas era melhor que nenhuma ou simplesmente só "Bastardos".

— Vai. Diz qual é. — Encorajou Taeyong.

— The SBOYs. The Same bastards of Yesterday.

— Que nome merda! — Yuta riu, mas logo completou — Tem que ser esse.

— Eu gostei. — Jaehyun. Era mentira, mas ele também achava que era melhor que ficar sem nome.

Taeyong só concordou balançando a cabeça, não tinha nada a declarar ou críticas a fazer. Nenhum deles e claramente nem esta autora tinha criatividade o suficiente para escolher um nome que fosse decente para a banda. Por fim, assim como tudo que os envolvia, decidiram pela mediocridade. E naquele momento deixaram de ser quatro garotos sem nome, para se tornarem os SBOYs. A banda mais famosa da pequena e pacata cidade onde moravam.

(...)

Taeyong largou os All Stars vermelhos em qualquer canto do quarto assim que chegou. Ten logo atrás dele, já quase se arrependendo de ter aceitado dormir na casa do amigo quando recebeu o convite mais cedo. A euforia do show permanecia um pouco e ambos concordavam que precisavam tomar um banho quente antes de se amontoarem juntos na cama de Taeyong.  E foi exatamente o que fizeram, primeiro Taeyong e depois Ten, que teve que pegar roupas emprestadas do amigo, mas permaneceu com uma camisa sua que já estava por lá. 

A velha camisa do AC/DC ainda servia perfeitamente e provavelmente só estava ali porque eles tinham confundido as camisas. Vestiam o mesmo tamanho. O que era curioso, porque Ten sempre tinha sido mais cheinho e musculoso graças aos esportes que seu pai o obrigava a praticar. 

A luz já estava apagada, mas nenhum dos dois tinha sono para ir logo dormir. Então encaravam o teto do quarto no escuro, mas sem conversar até então.