MARIA JULIA #7 - DOIDAS POR UM TERNO NOVA ERA

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🥋 MATHEUS SCARPA 🥋

Tá legal, eu menti para uma advogada que sabe exatamente quando alguém está mentindo. Eu só posso ter ficado maluco mesmo.

Volto para minha casa e vejo a Maitê na cama do quarto dela encolhida no cantinho, quase na parede chorando. Aquela foi a pior cena que eu já vi na vida.

Com o coração apertado, vou até ela me sentando na cama calmamente e passando a mão em seus cabelos cheios dos elásticos. Sorrio por dentro ao lembrar dos momentos em que retiramos eles de seus cachos.

- Porque você está chorando, amor da minha vida?- pergunto baixo perto de seu ouvido.

- Papai, eu nunca vou ter uma mãe? - essa foi a frase que mais doeu ouvir porque eu imaginava o que vinha depois dela e iria resultar com nós dois deitados nessa cama chorando.

Depois que eu assumi o papel de pai solteiro da minha filha, eu tive alguns casos, mas como eu disse, não passaram disso. Eu pensei nisso durante anos e toda vez que eu estava prestes de encarar um relacionamento sério, pensava somente em como aquela pessoa trataria minha filha, se trataria como sua filha também ou se iria excluir a mesma de tudo e, meu cérebro sempre me levava para a última opção automaticamente.

- O papai só não encontrou a pessoa certa ainda, meu amor. - encosto na parede da cama ficando mais próximo dela.

- Se eu pudesse escolher esse tipo de coisa, eu escolheria alguém como a tia Maju sabe? Ela me trata como se eu fosse a filha dela e eu sinto que ela jamais me abandonaria não importando o que acontecer. - ela deita a cabeça no meu ombro.

- Mas infelizmente, a tia Maju tá fora disso.

- Por quê, papai? - ela me encara.

- Porque nem tudo é como nós queremos. As vezes nós queremos muito algo, mas não podemos ter.

- Como querer ficar com a tia Maju?

Meu coração ficava:

" conta!
   Conta!
   Conta!"

Mas meu cérebro falava:

" agora não
   N inventa
  N ilude ela!"

Eu sou sempre do lado da razão, mas esse não era o momento para seguir o cérebro.

- exatamente. Mas isso foi no passado. Não existe mais nada.

- Tem certeza?

- absoluta, psicóloga. - brinco vendo um sorrisinho aparecendo no canto de sua boca.

- Então, você já gostou da tia Maju?

- como eu disse: " É passado."

- Isso é um " já " né?- ela sorri por inteiro.

- Sim, amor... isso foi um " já ". - suspiro.

- O que você tava fazendo no quarto quando eu cheguei?- ela pergunta o que eu menos queria inventar mentira agora. - A tia Maju pensa que eu não ouvi, mas eu ouvi sim.