Capitulo I - O começo e o fim

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Fogo, sangue, dor, caos, eu corro contra a massa de pessoas que correm para salvar suas vidas enquanto soldados do Império atiravam sem misericórdia nas famílias assustadas. Eu desvio dos tiros desajeitadamente, deveria estar correndo junto dos outros, mas eu precisava achar minha família, não podia deixa-los.

As ruas de Statera estavam um caos, o chão estava repleto de corpos mortos, minhas botas estavam cobertas de sangue, as casas estavam em chamas, crianças perdidas procuravam por seus pais, e pais perdidos procuravam por seus filhos. Em outro momento, eu poderia ter ajudado, mas naquele instante tudo o que eu conseguia pensar era na minha família, o medo e o pânico me dando combustível para correr mais rápido, meus pés mal tocando o chão.

Depois do que pareceram horas em meio a toda aquela dor que cercava a cidade, finalmente havia chegado no palácio do nosso clã, mas parecia ser tarde demais. As escadas que levavam até a entrada, antes brancas, agora eram vermelho, pintada pelo sangue dos corpos dos guardas que estavam imóveis no chão. As lágrimas vieram antes que eu pudesse impedir.

O mundo pareceu ficar cada vez menor, meu coração batia freneticamente, tão forte que tudo o que eu conseguia ouvir era o seu som, enquanto algo parecia apertá-lo. Minha respiração ficou fraca, como se tivesse uma mão envolta de meu pescoço, me impedindo de respirar. Eu corri desajeitadamente escada á cima, as lágrimas e o desespero me impedido de enxergar os corpos no chão.

Quando entrei no salão principal, fui recebida por um pelotão inteiro de soldados imperiais, todos eles apontando suas armas para mim, todos eles prontos para me matar. Naquele momento, eu não estava com medo, um ódio profundo e puro havia tomado meu corpo, eu queria matar todos eles, vê-los sangrarem até morte, vingar meu povo e minha família, porém eu era uma boa guerreira, e bons guerreiros sabem que existem guerras que não se pode ganhar, e essa era uma delas.

— Não atirem! É a princesa! — Ordenou o que eu supus ser o comandante do esquadrão, seus homens não moveram um músculo, mas o obedeceram. — Renda-se princesa, seu exercito e seu povo foram dizimados, você não tem nenhuma outra chance de viver.

— Eu prefiro morrer do que me render a covardes como vocês.

— Eu preciso pedir para que reconsidere. — Não dei chances para ele terminar, cuspi na cara do soldado com toda e força, ódio e dor dentro de mim. Ele não pareceu se importar. — Não queremos te matar.

— Como você tem coragem de mentir na minha cara? Seu bastardo imundo, eu jamais me ajoelharei ao lixo do Império e ao nojento do imperador, espero que todos vocês morram com a escória que vocês chamam de líder. — Cada palavra estava encoberta de ódio e tudo o que eu queria agora era enfiar uma faca no meio da cabeça de cada um daqueles homens. O comandante pareceu perceber isso.

— Que assim seja então. Atirem!

Eu fechei meus olhos, estava pronta para morte, sempre estive e nunca a temi, até porque, o que é a vida sem a morte? Mas eu não queria morrer, não sem saber o que aconteceu com a minha família, acho que não podemos ter tudo o que desejamos.

— Ayslum, se abaixe! — Essa voz, não podia ser... Eu abri meus olhos, mas antes que eu pudesse me virar para ver quem havia me chamado, algo explodiu atrás dos soldados e tudo ficou escuro.

•.*

— Ayslum! Acorde, temos que ir, Ayslum! — Meu corpo inteiro doía, um ruído alto e estridente escoava em meus ouvidos, abafando a voz da pessoa que tentava desesperadamente me acordar. Meus olhos estavam muito pesados, meu corpo estava fraco, mas mesmo assim fiz força para abrir meus olhos e não acreditei no que vi.

— Yorek? Você está vivo, como... — antes que eu pudesse continuar a gaguejar, meu irmão me impediu.

— Agora não, não temos tempo, venha, temos que fugir, rápido. — Ele me ajudou a me levantar, então, apoiada no meu irmão e cambaleando, nós saímos do palácio e fomos para as ruas, que continuavam um caos.

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