Indie movies and presentiments

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Maio de 1992

Jimin's POV

O segundo rapaz por quem me interessei romanticamente na vida se chamava Sungchan, ele era um entregador de jornal lá no bairro em que meus avós moravam, e eu somente sabia o seu nome e que nós dois tínhamos a mesma idade pois perguntei ao meu avô, após mais uma das manhãs em que Sungchan foi até o sítio entregar o jornal do dia.

Como a distância entre uma casa e outra eram longas, por ser um bairro de sítios e chácaras, Sungchan sempre vinha de bicicleta fazer as entregas, então todos os dias, ele passava bem cedinho pela rua dos meus avós e arremessava o jornal por cima do cerca que rodeava todo o nosso terreno, mas eu só o conheci quando estava completando o meu segundo mês morando ali, pois minhas aulas tinham começado, e eu saia de manhãzinha para ir a escola.

Ele não parava nas casas quando jogava o jornal, fazia tudo ainda em movimento sobre sua bike, porém daquela vez ele teve que parar, pois não percebeu que eu estava saindo pelo portão alto da cerca bem no momento em que arremessou o jornal, fazendo o mesmo acertar bem na minha cabeça. Sungchan freou a bicicleta e desceu para me pedir desculpas, e foi assim que eu o vi pela primeira vez e fiquei todo encantado.

Comecei a esperar todas as manhãs para recebê-lo quando entregasse o jornal na casa dos meus avós, trocávamos alguns cumprimentos e logo ele ia embora, assim como eu também, pois precisava ir para a aula naquele horário. Nunca passou disso, mesmo querendo muito falar mais do que apenas um "bom dia", eu possuía muitos receios.

Depois de tudo que eu tinha passado na minha cidade natal, ficava com medo de acabar deixando claro o meu interesse por ele e toda aquela hostilidade contra mim se repetir, por isso me contentei com os cumprimentos diários de Sungchan e seus sorrisos simpáticos, nada mais.

Durante todos aqueles anos que morei com meus avós, ele acabou sendo o meu único crush mais memorável, pois continuou entregando jornais lá na porta por bastante tempo, os demais rapazes por quem tive uma quedinha já nem lembro mais, provavelmente clientes da loja em que eu trabalhava ou colegas de classe, e nunca foi além de uma atração à distância, sem qualquer aproximação de minha parte.

— Nós vamos mudar isso! — Namjoon exclamou, após eu contar sobre a minha inexistente vida amorosa. Somente não havia falado de Jungkook para ele ainda. — Vamos tirar essas teias de aranha da sua boca, Park.

— É mesmo? — Questionei descrente, rindo soprado. — E como pretende fazer isso? Me beijando?

— Eu sei que você provavelmente tem uma quedinha por mim, mas não... — Disse se fazendo de convencido, me fazendo rir soprado. — Vou te levar num lugar em que sei que vai ter muitos caras solteiros e interessados.

— Onde? — Perguntei, franzindo a testa.

— Numa balada! — Exclamou, levantando-se de sua cama e indo até sua mochila, tirando um folheto de dentro de um dos bolsos dela, para entregar em minhas mãos em seguida: — Essa daqui para ser mais específico.

No folheto que Namjoon me entregou, estava no nome de uma boate LGBT+ em nossa cidade, na época eu nem sabia sobre a existência dela, mas pelo visto, ela já era bem conhecida pela galera jovem da região. E eu automaticamente fiquei animado com aquilo, pois mesmo que não fosse alguém festeiro, saber que era uma balada LGBT+ me deixava muito curioso para conhecer.

— Nem sabia que tinha uma dessas aqui na cidade. — Expressei, ficando automaticamente animado.

— Ela ficou fechada por um tempo, mas vai ter a grande reinauguração, seria legal se a gente fosse. — Namjoon explicou, enquanto voltava a se sentar em sua cama. — O que você acha?

The 90s and My Soul ||ji•kook||Onde histórias criam vida. Descubra agora