Capítulo IV

19 2 0
                                    

Alessia sente as mãos firmes de Celio segurando a sua cintura enquanto a abraçava, as gotas de chuva batiam com força nos seus corpos, mas eles não se importavam.

Haviam apenas eles, não passavam carros, a rua mal iluminada não permitia que ela visse o rosto dele, mas ela não ousava abrir os olhos tinha medo de estar sonhando. Celio afasta sua cabeça e com a mão em sua bochecha ele levanta o rosto dela a fazendo olhar para ele, gentilmente acaricia os lábios molhados dela com o seu polegar, mesmo que ele não possa ver, Alessia sente que aqueles olhos opacos podem enxergar no fundo de sua almae saciar todas as vontades e então ele a beija. Desta vez ela não sente o sabor do vinho, na verdade não sente o sabor de nada, apenas o toque de Celio em seu corpo, seus olhos, involuntariamente, voltam a se fechar e ela consegue apenas pensar na intensa dança que seus corpos em sincronia, criavam naquele momento. Lentamente Celio afasta os seus lábios dos lábios de sua amada, com a certeza de que ela sentia o mesmo que ele.

Alessia, em silencio, segura Celio pela mão e o guia para dentro do templo, ele caminha pelas pedras irregulares com uma certa dificuldade, por causa de seus sapatos encharcados pela agua, ele pensava em como valeu a pena tomar aquele banho de chuva, que valeu a pena ter esperado tanto tempo, que aquilo era como uma imensa catarse para todos os seus sentimentos e sem ao menos perceber sente a chuva parar e um calor circular o seu corpo, enquanto a chuva caía forte lá fora.

Ele finalmente estava na casa dela, e tinha uma lembrança nítida daquele local, uma memória tão vivida que só tinha em sua própria casa então não se preocupava em esbarrar em nada ou se perder, podia se concentrar apenas em Alessia.

- Você precisa tirar essa roupa molhada, Celio, pode pegar um resfriado - diz ela desabotoando a camisa dele, revelando seu peito um tanto musculoso e com poucos pelos - eu vou pegar uma toalha e algo para você vestir – sua voz é tão suave, tão calma, mas há preocupação na voz dela, não mais a melancolia de outrora.

Enquanto espera, ele descalça os sapatos e tira as meias ensopadas. Celio larga aquilo na porta, junto com uma pequena mochila, ele tira a camisa e larga junto daquela pequena pilha de trouxas amontoadas. Num instante Alessia volta, vestia outro conjunto parecido com o que acabara de tirar, ela vê ele sem camisa, apesar da barriga saliente seus braços eram fortes, seus antebraços torneados e largos, ela caminha até ele, segurando a toalha com uma das mãos ela acaricia o rosto dele e coloca a toalha sobre o cabelo dele.

- Eu posso me secar sozinho, Alessia - diz ele com um riso envergonhado enquanto ela descia a toalha por seus ombros absorvendo toda a agua, ignorando o que lhe foi dito, Celio segura sua mão suavemente e é como se ela saísse de um transe.

- É claro, me dê a sua camisa, eu vou coloca-la perto da lareira para secar e trazer uma calça para você - ela dá um tímido sorriso ao ver Celio seguir o som dos passos dela - eu provavelmente não tenho nenhuma roupa intima mas se não se importar em vestir calças de moletom, eu tenho muitas, é a única coisa que dá pra comprar em grande quantidade - diz ela suavemente entrando em outro cômodo. Ele entra numa pequena sala ainda seguindo os sons dela - eu vou deixar as roupas aqui para você - diz ela batendo em uma superfície de madeira - e esperar na cozinha - ela passa por ele rapidamente e o beija no rosto.

- Eu não saberia se ficasse me espiando de qualquer forma - diz ele sendo irônico - mas suponho que não seja esse tipo de pervertida - ele ouve uma risada se distanciando.

Ele tira sua calça, ele veste uma cueca boxer que trouxe na mochila e procura na superfície onde ela indicou, há uma calça larga de moletom, ele veste aquilo e apesar de ficar um tanto justa é mais confortável do que esperava. Ele suas roupas encharcadas e leva com ele até a cozinha, onde Alessia está, ela rapidamente toma da mão dele as roupas e estende na frente da lareira que ficava na frente da cama dela, quando ela volta o encontra sentado à mesa.

O Cego e a SerpenteOnde histórias criam vida. Descubra agora